Um marido, uma nora e uma sogra = sarilhos a dobrar

Há algo de reconfortante quando a ciência confirma o que já sabíamos. Quem tem uma relação difícil com a nora ou com a sogra não se sente sozinha neste ressentimento que, de tão ancestral, poderá ser causa para a menopausa. Hoje, como no passado, a convivência conturbada entre uma e outra é uma das principais causas a longo prazo para o distanciamento familiar. E todos sabemos quais as queixas de ambas as partes. Se uma teme perder o lugar de mãe, a outra precisa de conquistar o seu espaço no casamento. Mas, nesta disputa entre duas mulheres, o homem tem o principal papel. É ele que precisa de ser mais proativo e mostrar que o casamento é a sua prioridade, mas isso não o impede de continuar sempre ligado à mãe.

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Noras e sogras dão mais trabalho do que genros e sogros

De Scott Evans, «Garfield Family» (1881-1887)
[label type=”success”]Data [/label]2008
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade de Cambridge, Reino Unido.
[label type=”success”]Conclusão[/label]Relações entre noras e sogras são mais desgastantes do que entre sogros e genros.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Quando as sogras são o assunto, as mulheres têm mais queixas do que os maridos. Não é apenas senso comum, é a própria ciência a chegar a esse veredito. No livro «O que quer de mim?», Terri Apter, psicóloga da Universidade de Cambridge, esmiúça investigações realizadas nos últimos 20 anos para mostrar que a convivência entre sogras e noras pode ser muito mais tensa do que a relação entre o marido e a mãe da sua mulher.

O estudo, também suportado por um inquérito a 163 britânicos, mostrou que mais de 60% das mulheres sentiram que a tensão com a mãe do marido é motivo de stress a longo prazo. Entre os maridos, a percentagem não ultrapassa os 15%. Para as mulheres, os pontos de conflito mais comuns são as questões tradicionalmente consideradas maternais: cuidados infantis e tarefas domésticas.

A crispação surge principalmente quando ambas tentam defender as suas posições sobre questões familiares. As preocupações das sogras são tão vastas como os temores de que os valores nos quais educaram os filhos possam vir a ser adulterados, sobretudo se a nora vem de uma cultura, religião ou etnia distinta. Ou tão comezinhas como saber a quem cabe a função de engomar a roupa ou substituir uma lâmpada.

Enquanto as sogras temem ficarem excluídas da vida familiar do filho, as noras vivem numa sensação quase permanente de desaprovação e de intrusão por parte da mãe do marido. Dois terços das mulheres inquiridas estão convencidas de que as sogras têm ciúmes dos seus relacionamentos com os maridos. Em contrapartida, outros dois terços das sogras disseram que as noras as afastaram dos filhos.

E as crianças, qualquer que seja a cultura ou condição social, representam o ponto de maior fricção. Ou é porque a avó gostava de ver mais vezes os netos, ou porque não são educados de acordo com os valores em que acredita ou então porque os pais são muito permissivos ou intransigentes, tudo isso é uma potencial fonte de divergência.

Uma das queixas frequentes entre as noras é que as sogras exigem demasiada atenção dos seus maridos. No fundo desta tensão reside o medo de que a relação entre mãe e filho se venha a deteriorar. Esse é o motor de boa parte dos conflitos, mas o receio de os seus contributos não serem valorizados como antes também não é menos importante.

Mudar esse sentimento exige compreensão de todas as partes, mas é sobretudo uma tarefa do filho, defende a psicóloga da Universidade de Cambridge. Tarefa que os homens parecem ter dificuldade em saber fazer. Neste capítulo, conclui o estudo, as filhas são muito mais eficazes a tranquilizar as mães, mostrando que continuarão sempre ligadas elas. [/note]

Filhos distanciam-se dos pais mais facilmente do que as filhas

Grant Wood, «American Gothic» (1930)
[label type=”success”]Data [/label]2015
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade de Cambridge, Reino Unido
[label type=”success”]Conclusão[/label]Tensão entre noras e sogras é a principal causa do distanciamento familiar.

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[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Haverá muitas razões para pais e filhos já não se darem tão bem como quando viviam juntos, mas a clássica tensão entre sogros e noras está entre as principais. O estudo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, concluiu que os pais perdem mais facilmente o contato com os filhos do que com as filhas após o casamento. Além disso, a investigação permitiu constatar que o afastamento entre pais e filhos é 33% mais elevado do que com as filhas.

Os autores do estudo entrevistaram cerca de 800 ingleses sobre as causas que levaram ao distanciamento face as suas famílias e o efeito que esse afastamento teve nas suas vidas. E descobriram que os filhos/as apresentam cinco vezes mais probabilidades de cortar o contato com os pais do que ao contrário.

No caso das filhas, a razão prende-se sobretudo com acontecimentos considerados traumáticos ou suficientemente graves para justificar a rotura. Mas a maior causa de separação entre pais e filhos são as mulheres deles. Um em cada quatro pais atribui a causa do afastamento ao casamento do filho e um quarto culpa diretamente a mulher dele pelo distanciamento. [/note]

O meu rico menino já não quer saber de mim

James Whistler, «Portrait of the Artist’s Mother» (1871)
[label type=”success”]Data [/label]2013
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade de Wisconsin, Steven’s Point, EUA.
[label type=”success”]Conclusão[/label]Mães ficam mais inseguras quando são os filhos a casarem..

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label]O estudo da Universidade de Wisconsin feito a 89 sogras e 133 noras americanas só confirma tudo aquilo que uma e outra já sabiam: as relações entre ambas são stressantes. Dos dois lados da barricada há queixas e preocupações que o inquérito resumiu em duas partes.

Hugues Merle «Maternal Affection» (1867)
Mães
  • A esmagadora maioria das mães admite sentir mais insegurança perante o casamento dos filhos do que das filhas;
  • As preocupações prendem-se não só com o bem-estar dos filhos, mas também com o receio de que eles não os visitem com frequência após o casamento;
  • A influência das noras no comportamento dos filhos também está entre os principais receios.

Noras

  • O receio de as sogras falarem mal delas aos filhos;
  • O medo das intromissões na vida do casal.

Boa parte da tensão é alimentada pelo facto de ambas não saberem muito bem como agir com a outra, advertem os autores do estudo. O marido/filho terá, portanto, de ser uma peça central nesta dinâmica, mostrando não só que a prioridade é o seu casamento, como fazendo ver à mãe que haverá sempre espaço para ela na sua vida. [/note]

Fronteiras emocionais salvam casamentos

Anton Von Maron, « Portrait of Two Gentlemen before the Arch of Constantine in Rome» (1767)
[label type=”success”]Data [/label]2012
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade de Oakland, Michigan, EUA.
[label type=”success”]Conclusão[/label]Maridos próximos dos sogros têm 20% menos probabilidade de se divorciarem.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] O estudo conduzido pela Universidade de Oakland, nos Estados Unidos, concluiu que a proximidade emocional com os sogros no primeiro ano do casamento tem um efeito surpreendente no risco de divórcio.

A investigação suportada em entrevistas a 373 casais mostrou que os homens com maior proximidade com os sogros têm 20% mais de hipóteses de continuarem casados do que aqueles que não têm esse tipo de relação com os pais da mulher. Mas, para elas, o efeito é justamente o oposto. Ou seja, aquelas que são mais próximas dos sogros apresentam 20% mais de hipóteses de se divorciarem dos maridos ao fim do primeiro ano de casamento.

Uma das razões – admitem os especialistas – poderá estar na hipótese de as mulheres com vínculos afetivos mais fortes com os sogros terem dificuldade em estabelecer limites emocionais, ficando mais propensas ao stress perante situações de divergência.

As mulheres que não cultivam essa proximidade, por outro lado, estabelecem melhor as fronteiras e criam maiores defesas ao não encararem os reparos dos sogros como ataques pessoais, dizem os autores do estudo. [/note]

Menopausa neutraliza a rivalidade

Luis de la Cruz, «Carlota Joaquina de Borbón» (1825)
[label type=”success”]Data [/label]2012
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidades de Stanford (EUA), de Turku (Finlândia), Exeter e Sheffield (Reino Unido).
[label type=”success”]Conclusão[/label]Menopausa é resposta evolutiva para assegurar a sobrevivência das crianças.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label]A menopausa poderá ser uma resposta evolutiva das mulheres para reduzir a taxa de mortalidade infantil dos filhos e dos netos, conclui o estudo internacional conduzido por três universidades europeias e uma americana. Se noras e sogras pudessem engravidar ao mesmo tempo, a esperança de vida das crianças poderia não ir além da adolescência. E isto porque uma e outra tendem a competir entre si pela sobrevivência dos filhos. Fenómeno aliás que já não se verificaria entre mães e filhas adultas, que apresentam maior tendência para a cooperação.

Essa será uma das razões aliás para a menopausa acontecer tão cedo na vida de uma mulher, ao contrário do que ocorre não só com os homens, como também com as restantes fêmeas e machos do reino animal que mantêm as capacidades reprodutoras intactas durante toda a vida.

Para chegar a essas conclusões, os investigadores analisaram registos de nascimento e de óbito de finlandeses nascidos entre 1700 e 1900, época em que os cuidados médicos e os métodos contracetivos eram rudimentares. Embora estudos anteriores sugerissem a menopausa como uma defesa evolutiva das mulheres contra o risco de morte durante o parto, esta investigação demonstra que, apesar dos deficientes serviços médicos, menos de 2% das grávidas morreram durante o parto.

As conclusões permitiram apontar dois fatores:

Rivalidade: as crianças de sogras e noras com pouca ou nenhuma diferença de idade apresentavam o dobro das hipóteses de morrer antes dos 15 anos, fenómeno que não ocorreu quando mães e filhas engravidaram ao mesmo tempo. A constatação leva os investigadores a sugerir que as mulheres que partilham os mesmos genes são mais propensas a criar os filhos de uma forma solidária, enquanto aquelas sem ligação consanguínea tendiam a criar as crianças num ambiente conflituoso. Ou seja, ao transportarem metade dos mesmos genes, mãe e filha não precisam de competir por comida ou outros recursos, o que já não acontece com sogras e noras que precisam fazer de tudo para garantir a continuidade dos seus genes.

Apoio: o estudo sugere igualmente que, as mulheres ao entrarem na menopausa aos 50 anos, tinham mais netos e ficavam mais propensas a cuidar deles, contribuindo para reduzir o nível de competição com as noras.. [/note]

[label type=”success”]Factos, números, lugares comuns e ideias desfeitas[/label]

Jacques-Louis David , «Portrait d’Antoine-Laurent Lavoisier et de sa femme» (1788)
Quase 60% de todos os casamentos sofrem com a tensão entre sogras e noras.

Universidade de Utah, Salt Lake City, EUA.

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10% das sogras confessam odiar as noras e 5% das noras descrevem as relações com as sogras como «tensas», «desconfortáveis» e «exasperantes».

Universidade de Cambridge, Reino Unido

Nicolas de Largillière, «Portrait de famille; dit autrefois le peintre, sa femme et sa fille» (1710)

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66% das mulheres relataram que gostaram das sogras antes do casamento, mas apenas 34% admitiram que continuaram a gostar delas após o casamento.

Inquérito Daughters-in-law Help Page

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14% das mulheres gosta mais das sogras do que das mães.

Women.com

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15% das sogras consideram as noras como «preciosas amigas» ou tão estimáveis como as filhas.

Universidade de Cambridge, Reino Unido

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