Entre o cume Argus e o cume Fuji, nos planaltos do leste da Antárctida, a temperatura arrefeceu tanto que atingiu os 93,2 graus Celsius negativos. O recorde aconteceu a 10 de Agosto de 2010 e foi registado pelos satélites da NASA porque nenhum humano poderia sobreviver nestas condições.
A 4000 metros de altitude, onde se levanta o pico do Argus ou a 3800 metros de altitude, onde está a cúpula do Fuji, a temperatura é tão baixa que bastariam poucos segundos para congelar os olhos, o nariz e os pulmões.
A cordilheira com mais de 1000 quilómetros, na Antárctica, é muito mais gélida do que aldeia russa de Oymyakon. Ainda assim, a povoação localizada no leste da Sibéria detém o recorde do sítio mais frio do mundo, mas na categoria de lugar permanentemente habitado. A 6 de Fevereiro de 1933, os termómetros da estação meteorológica desta aldeia desceram até -67,7 ° Celsius.
Com pouco mais de 500 habitantes, na sua maioria criadores de renas, caçadores e pescadores, os invernos são tão rigorosos que por vezes até a saliva congela e pica os lábios. Entre os anos 20 e 30 do século passado, a aldeia foi o ponto de passagem de pastores que usavam as águas termais da região para aquecer os rebanhos.
E em Portugal?
Na Serra da Estrela e em Miranda do Douro, o termómetro desceu aos 16 graus celsius negativos. São as temperaturas mais baixas registadas em Portugal.
Nas Penhas da Saúde, no coração da Serra da Estrela, o termómetro desceu aos 16 graus celsius negativos no dia 16 de janeiro de 1945. Nove anos mais tarde, foi a vez de a estação meteorológica da freguesia Miranda do Douro, em Miranda do Douro, registar a mesma temperatura a 5 de Fevereiro de 1954. Estes são os recordes oficiais registados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
São terras frias e ventosas, mas no caso das Penhas da Saúde, no concelho da Covilhã, as temperaturas baixas transformaram este lugar numa das principais estâncias de inverno do país. Construída a cerca de 1500 metros de altitude, é apenas na estação mais fria do ano que a aldeia se enche de gente à procura da neve para brincar e passar uns dias no quentinho dos chalés, dos hotéis ou das estalagens escondidos nas montanhas.
Miranda do Douro, no distrito de Bragança, tem gente todo o ano ao contrário das estâncias da Serra da Estrela. Na cidade vivem mais de 7 mil habitantes e na freguesia são pouco mais de 2200. O frio, mas também o calor fazem parte da vida de todos. Tanto assim é que os mirandeses inventaram um ditado popular que só se aplica ao caso deles: «Em Miranda há nove meses de inverno e três de inferno». A temperatura mínima média entre janeiro e fevereiro é de 2º, mas é frequente atingirem os zero graus e por vezes até temperaturas negativas. Em contrapartida, o verão é quente e seco, contrastes aproveitados para o cultivo da vinha e da oliveira.
E no Universo?
O ponto mais frio do Universo está localizado na Nebulosa Bumerangue, uma nuvem de gás expelida por uma estrela que está a morrer.
O espaço é um lugar muito frio. A temperatura certa no vácuo e longe de qualquer astro é de cerca de -270ºC – suficiente para congelar o hidrogénio na Terra, mas ainda alguns graus acima do que é considerado o «zero absoluto», o ponto mais frio possível. O motivo pelo qual a temperatura espacial ainda se mantém acima do zero absoluto é a constante presença de algo chamado de radiação cósmica de fundo em microondas, uma energia originada no Big Bang, que preenche todo o cosmo. Por isso, em quase todo o Universo, 270 graus célsius negativos é a temperatura mais baixa que se poderá sentir.
Mas há excepções como a Nebulosa Bumerangue, uma nuvem de gás expelida por uma estrela que está a morrer. Localizada a 5 mil anos-luz da constelação de Centaurus, é um dos corpos mais estranhos do Universo onde a temperatura estará meio grau acima do zero absoluto (-272 ºC). Até novas descobertas, este é o ponto mais frio do Universo.
Truques dos bons para estes dias de frio
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