Diz-me que criança és e dir-te-ei como serás

Os sinais que os bebés revelam nos primeiros meses podem ser muito mais do que fases passageiras. Em boa parte dos casos, está-se perante indícios do que se vão tornar mais tarde. A genética dá muitas respostas, mas fatores ambientais e sociais têm um peso cada vez mais valorizado entre os cientistas. A convivência com outras crianças, o apoio e os afetos dos pais ou até o mês em que se nasce explicam, muitas vezes, porque as crianças se tornam adultos autoconfiantes, instáveis, ansiosos, tímidos ou extrovertidos.

 

 

A alegria contagia, a tristeza nem por isso

[label type=”success”]Data[/label] 2017
[label type=”success”]Entidade[/label] Universidade de Michigan, EUA
[label type=”success”]Conclusão[/label]Entusiasmo dos coleguinhas do jardim-de-infância contagia o feitio do seu filho.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Bebés e crianças tendem a assumir os traços de personalidade dos coleguinhas no jardim-de-infância, conclui o estudo da Universidade de Michigan, sugerindo que os traços de personalidade são contagiosos entre as crianças. A investigação acompanhou turmas/salas de crianças de 3 e de 4 anos ao longo de um ano letivo. Aquelas que, durante as atividades lúdicas e pedagógicas, tinham parceiros extrovertidos e participativos acabaram também por ganhar essas características ao longo do tempo. Mas aquelas que conviveram com coleguinhas ansiosos não foram particularmente afetadas. Entender agora como são assimilados cada traço (positivo ou negativo) é o próximo passo.[/note]

 

Aventureiros até ao fim… ou talvez não

 

[label type=”success”]Data[/label] 2003
[label type=”success”]Entidades[/label] Kings College London e Universidade de Wisconsin-Madison
[label type=”success”]Conclusão[/label] Comportamentos na infância preveem a personalidade na vida adulta.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Quem julga que a timidez aos 3 anos é uma fase passageira pode ficar surpreso ao encontrar, mais tarde, um jovem hesitante e cauteloso. E o mesmo se aplicará às crianças extrovertidas que, em adultas, continuam aventureiras. Significa isto que as atitudes problemáticas (agressividade ou irritabilidade) tendem também a permanecer? Felizmente, dizem os investigadores, há formas de aprender a superar comportamentos difíceis. O estudo, que acompanhou crianças de 3 anos ao longo de 23 anos, sugere que o comportamento dos primeiros anos pode manter-se apesar das mudanças que, entretanto, aconteceram nas suas vidas – empregos, filhos ou casamentos. Mas mais do que sugerir essa constância, a equipa de investigadores acredita que o estudo servirá para pais e educadores identificarem pontos críticos em que a criança precisa de ser acompanhada desde cedo.[/note]

 

Procurando a origem da autoestima

[label type=”success”]Data[/label]2015
[label type=”success”]Entidade[/label]Universidade de Washington, EUA.
[label type=”success”]Conclusão[/label]Autoconfiança define-se aos 5 anos.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo [/label]Crianças de 5 anos já têm uma noção de valor sobre si próprias (autoconfiança ou autoestima) tão elaborada quanto a de um adulto. Os autores admitem que essa autoestima possa mudar com as experiências e com a idade, moldando-se aos percursos de cada um, mas mantém-se relativamente estável ao longo da vida. O trabalho contraria as investigações anteriores que defendiam que elas eram muito pequenas para desenvolverem um sentido geral positivo ou negativo a respeito de si próprias. Crianças que se sentem amadas assimilam melhor esse sentimento, daí a importância em alimentar essa correlação nos primeiros cinco anos de vida.[/note]

 

És uma boa menina, mas não chega

[label type=”success”]Data[/label] 2013
[label type=”success”]Entidade[/label]  Universidade Temple, Universidade Stanford, Califórnia e Universidade de Chicago, EUA.
[label type=”success”]Conclusão[/label]Os pais que elogiam o esforço podem reforçar a persistência e a autoconfiança das crianças.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label]As crianças que ouvem elogios direcionados aos seus esforços – “estou muito orgulhoso porque trabalhaste muito” – são as que superam melhor os obstáculos. A este tipo de estratégia, focada no empenho, os psicólogos chamam de «elogio de processo», que envia a mensagem de que o trabalho conduz ao sucesso, levando as crianças a acreditarem que podem melhorar o seu desempenho através da persistência. O «elogio pessoal», por oposição, direciona-se à criança sem qualquer valor associado a não ser as características dela própria – “és um bom menino”. Elogios de processo a partir de 1-3 anos geram crianças tendencialmente mais motivadas aos 5 anos. Testes de laboratório permitiram verificar que as consequências do elogio de processo resultam em maior persistência e melhor desempenho em tarefas desafiadoras, enquanto o elogio pessoal, ao enviar a mensagem de que a capacidade é imutável, originam maiores taxas de desistência. Como qualquer ferramenta, a sua banalização é contraproducente.[/note]

 

Os humores do calendário

 

[label type=”success”]Data [/label]2014 / 2004
[label type=”success”]Entidades [/label]Universidade Semmelweis, Budapeste (Hungria) / Universidade de Bristol (Reino Unido).
[label type=”success”]Conclusão [/label]Data de nascimento interfere na personalidade.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo [/label]Cientistas e astrólogos nunca se deram bem, mas são vários os estudos a reconhecer que a data de nascimento influencia a saúde, o humor ou traços de personalidade. A diferença é que, em vez de conjugações planetárias, as investigações exploraram as interferências das estações do ano nos comportamentos. Xenia Gonda encontrou um efeito entre o mês de nascimento e variações de humor. O trabalho identificou padrões de comportamento num grupo de 366 universitários e depois correlacionou essas características com as datas de nascimento.

 

[dropcap size=”1″][/dropcap]Verão Tendência para mudanças rápidas de humor, variando entre estados de alma tristes e alegres.
[dropcap size=”1″][/dropcap]Primavera/verão Tendência para serem excessivamente otimistas, com alto nível de energia e elevada autoconfiança.
[dropcap size=”1″][/dropcap]Inverno Têm menos probabilidade de se irritarem do que os nascidos em outras estações do ano.
[dropcap size=”1″][/dropcap] Outono Embora apresentem alguma tendência para temperamento depressivo, essa característica não é, contudo, tão vincada como entre os nascidos no inverno.

Outros estudos demonstraram as influências que os meses podem ter na personalidade. Carol Joinson e Daniel Nettle, da Universidade de Bristol, sugerem que os nascidos entre outubro e março e na faixa etária entre os 20 e os 45 anos estão mais recetivos às sensações fortes. Aqueles entre 46 e 69 anos, nascidos entre abril e setembro, mostram tendencialmente um espírito mais aventureiro. A explicação poderá estar na dopamina que varia consoante as estações ou com a exposição solar durante a gestação e após o nascimento e que pode afetar a química do cérebro a longo prazo.  [/note]

 

 

Este tópico só fica completo com a leitura de:

Os nomes moldam a nossa personalidade ou é tudo uma treta?

Fácil, difícil ou resistente às mudanças: tipo de criança tem lá em casa?

 

ilustrações: Charles Kingsley e William Heath, «The water-babies: a fairy tale for a land-baby» (1915), Kingsley, Charles e Robinson, W. Heath (William Heath, Houghton Mifflin (Boston)

 

 

 

 

Sobre o Cantinho

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