As lições da ciência para as crianças comerem fruta e legumes

Pela saúde das crianças fazemos tudo. Escondemos os legumes no puré de batata, insistimos horas a fio para comerem só mais uma colher de sopa, enfeitamos os alimentos com olhos e bocas sorridentes e tudo mais o que for preciso. Ainda assim, os miúdos resistem. Felizmente, os investigadores aliaram-se aos pais e educadores e procuraram os truques cientificamente comprovados para pôr os mais novos a comer alimentos saudáveis. Resta ver se resultam com toda e qualquer criança. Não custa tentar.

 

 

A brincar se aprende a comer

[label type=”success”]Data [/label]2009
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade de Reading, Inglaterra, Reino Unido.
[label type=”success”]Conclusão[/label]Jogos e desenhos com vegetais e frutas incentivam crianças a experimentar alimentos saudáveis.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label]Munidos de cestas de frutas e legumes, os investigadores entraram numa creche de Berkshire, em Inglaterra, e desataram a fazer testes com crianças entre os 21 e 24 meses. Durante todo o dia, os mais novos desenharam, fotografaram, espetaram os dedos, abriram e cheiraram uma série alimentos esquisitos como batata-doce, romãs ou kiwis. Os resultados mostraram uma probabilidade superior em 32% de virem mais tarde a experimentar esses mesmos frutos e legumes. Incentivar crianças pequenas a provarem alimentos saudáveis é um dos desafios que deixa muitos educadores frustrados, mas os investigadores acreditam que os jogos e outras formas de entretenimento são estratégias que podem vir a ter bons resultados. [/note]

 

Só água à mesa, por favor

[label type=”success”]Data [/label]2012
[label type=”success”]Instituição[/label] Universidade de Oregon, EUA
[label type=”success”]Conclusão[/label] Crianças comem legumes com mais gosto quando bebem água às refeições

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Bettina Cornwell, da Universidade de Oregon, pôs uma mesa para 75 crianças. Em cada prato havia tiras de cenouras e de pimentão vermelho. Metade das crianças comeu a refeição acompanhada com água e a outra metade bebeu refrigerante ou sumos sem gás. Adivinhem qual foi o grupo de comeu tudo até ao fim? Quando servidos com água, os miúdos comeram 35% mais vegetais. A explicação estará no facto de as bebidas açucaradas impedirem as crianças de sentirem o doce dos vegetais.[/note]

 

15 x não quero!

[label type=”success”]Data [/label] 2012
[label type=”success”]Instituição[/label] Universidade de Loughborough, Inglaterra, Reino Unido.
[label type=”success”]Conclusão[/label] Uma criança é capaz de rejeitar um alimento 15 vezes antes de o experimentar

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] É comum as crianças pequenas demorarem tempo até experimentar alimentos, mas quantas vezes é preciso insistir até quebrar a resistência delas? Varia de caso para caso, mas em média atinge 15 recusas. A razão tem a vez com aquilo a que os especialistas chamam neofobia alimentar típica da infância, ou seja, desconfiar do que não conhece.  O desafio é não desistir. E a criança nem precisa comer o que lhe é posto à frente, basta estar repetidamente exposta aos alimentos. À luz da ciência, não vem mal ao mundo a criança passar a refeição inteira a brincar com os brócolos ou com as ervilhas no prato. Ao tocar, cheirar e brincar com os alimentos, vão perdendo a desconfiança, até que um dia, quando menos se espera, os legumes desparecem do prato.[/note]

Só mais esta colher

[label type=”success”]Data [/label] 2006
[label type=”success”]Instituições[/label] Universidade Estadual da Pensilvânia e Universidade Estadual dos Apalaches, EUA.
[label type=”success”]Conclusão[/label] Pressionar as crianças para comer vegetais desenvolve sentimentos negativos face aos alimentos.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label]Às vezes, basta dizer “só mais uma colher” e está o caldo entornado. Cientistas de duas universidades americanas concluíram após um estudo com crianças entre os 5 e os 6 anos, que pressionar é a pior estratégia para incentivar os mais novos a comer. Faz sentido, tendo em conta que estimula emoções negativas que serão mais tarde associadas ao vegetal.[/note]

 

A estratégia do estômago vazio

[label type=”success”]Data [/label] 2010
[label type=”success”]Instituição [/label] Universidade Estadual da Pensilvânia, EUA.
[label type=”success”]Conlusão[/label] Grandes porções de legumes no início da refeição ajudam as crianças a comer mais.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] O trunfo é tirar partido do ponto fraco das crianças: no início da refeição, quando elas têm fome, aproveite para por no prato grandes porções de vegetais. Foi isso que os investigadores fizeram, dando aos miúdos dos 3 aos 5 anos mais cenouras e sopa de tomate e menos carne, massas ou arroz. A estratégia provocou um aumento do consumo de vegetais em 45%.[/note]

 

Um pepino com superpoderes

[label type=”success”]Data [/label] 2012
[label type=”success”]Instituição[/label] Universidade Cornell, Nova Iorque, Estados Unidos.
[label type=”success”]Conclusão[/label] Dar nomes e formas divertidas aos alimentos incentiva o consumo de frutas e vegetais.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Grandes doses de fantasia no prato é meio caminho para uma criança comer frutas e vegetais. Cortar os legumes em formas divertidas, misturar cores, dar nomes criativos aos alimentos ou deixar a criança sujar-se à mesa pode dar bons resultados como aconteceu durante uma experiência com 147 crianças americanas entre os 8 e os 11 anos. Todos os miúdos tinham cenouras no prato, mas enquanto para uma parte delas eram simples cenouras, para outra metade, as mesmas cenouras tinham visão raio-x (resulta melhor em inglês, convenhamos: X-ray Vision Carrots). Embora as cenouras fossem iguais, os que tiveram a sorte de ganhar as X-ray Vision Carrots comeram mais 66% .[/note]

 

Comida saudável… que chatice

[label type=”success”]Data [/label] 2014
[label type=”success”]Instituições[/label] universidades de Chicago e de Northwestern, EUA.
[label type=”success”]Cinclusão[/label] Crianças associam comida saudável à comida sensaborona.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Dizer às crianças que comer fruta ou legumes ajuda-as a crescer mais fortes pode ter o efeito contrário. A experiência passou por contar às crianças, entre os 3 e 5 anos, histórias sobre como uma menina comia variadíssimos alimentos ao almoço. Duas versões relatavam os benefícios das refeições – a comida sabia bem e ela ficava contente ou a comida era saudável e ela ficava cheia de energia. Na terceira versão a personagem comia aqueles alimentos e prosseguia com a sua vida. Foi ainda acrescentada uma quarta versão, contendo detalhes específicos: as refeições ajudaram a personagem a ler e a contar mais depressa. Os investigadores ofereceram às crianças o mesmo tipo de almoço descrito na história e pediram-lhes para relatar quão boa ou desagradável foi a refeição. Quando o almoço foi apresentado como saudável, os miúdos disseram que a comida era menos saborosa, associando o saudável à comida insípida. Quando o almoço foi sugerido como um trunfo para aprender a ler e a contar, as crianças comeram ainda menos.[/note]

Sobremesa longe da vista

[label type=”success”]Data [/label] 2016
[label type=”success”]Instituições[/label] Universidades de Pensilvânia e Montclair State, EUA.
[label type=”success”]Conclusão[/label]Tabuleiros de refeitórios com prato e sobremesa ao mesmo tempo desincentivam consumo de legumes.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Os refeitórios escolares que servem a sobremesa e prato principal no mesmo tabuleiro têm menores hipóteses de os alunos virem a comerem mais legumes. A conclusão surgiu após observarem o comportamento de crianças entre os 10 e os 12 anos de uma escola de Filadélfia, nos Estados Unidos. Os alunos foram divididos em dois grupos – o primeiro comeu a refeição com sobremesa e o segundo almoçou primeiro o prato principal e só depois é que foi buscar a sobremesa. Quando o prato principal foi servido ao lado da fruta, 40% dos alunos ignoraram ou comeram menos quantidade de salada. Quando a fruta foi servida no final da refeição, todos os alunos comeram toda ou boa parte da salada .[/note]

 

Se o pai come, eu também como!

[label type=”success”]Data [/label] 2012
[label type=”success”]Instituição[/label] Universidade de Leeds, Reino Unido.
[label type=”success”]Conclusão[/label] Crianças comem mais fruta e legumes quando fazem as refeições com a família 

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Por vezes, é mais prático servir primeiro o jantar ou o almoço dos miúdos e só depois os adultos comerem. Segundo os especialistas britânicos, essa pode ser a razão para os mais novos ingerirem menos fruta e vegetais. Ao analisarem as dietas de 2383 crianças de uma escola do 1.º ciclo, em Londres, descobriram que aquelas que faziam as refeições “sempre” à mesa com os pais consumiam mais 125 gramas de frutas e legumes do que as que nunca comiam juntos. O estudo também constatou que as crianças que comiam com as famílias só duas vezes por semana não apresentavam tantas diferenças (95 gramas) em relação aos coleguinhas que tinham essa rotina todos os dias. Um dos fatores predominantes para comerem os vegetais e as frutas foi o facto de os pais também os comerem à mesa.[/note]

Nabiças com batata frita

[label type=”success”]Data [/label] 2016
[label type=”success”]Instituição[/label] Universidade de Ohio, EUA
[label type=”success”]Conclusão[/label] Crianças que comem fruta e legumes também comem alimentos ricos em açúcar, sal e gordura.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] As crianças que comem mais frutas e vegetais são também propensas a comer doces, salgados e fritos, revela o estudo feito com 350 crianças americanas entre os 2 e os 5 anos, sugerindo que a educação alimentar deve não só focar-se em promover a boa alimentação como também evitar os maus alimentos.[/note]

 

O melhor tomate vem da minha horta

[label type=”success”]Data [/label] 2009
[label type=”success”]Instituição [/label] Universidade de Cornell, Ithaca, Nova Iorque
[label type=”success”]Conclusão[/label] Crianças que cultivam os seus próprios alimentos comem mais frutas e legumes.

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] A participação de crianças no cultivo de frutas e verduras aumenta em quatro vezes as probabilidades de consumirem esses alimentos. Não é o primeiro nem o único estudo a chegar à mesma conclusão. Investigações feitas na Austrália, Reino Unido e Brasil chegaram a resultados semelhantes.[/note]

 

Brincar primeiro e comer depois

[label type=”success”]Data [/label] 2015
[label type=”success”]Instituições[/label] Universidade Brigham Young (Utah) e Universidade de Cornell (Nova Iorque), EUA.
[label type=”success”]Conclusão[/label] Adiar o almoço para depois da hora do recreio aumenta a probabilidade de os alunos comerem mais legumes e frutas

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Esperar que brinquem primeiro ou aguardar pelo fim da hora do recreio na escola para alimentar as crianças aumenta o consumo de frutas e vegetais em 54% e leva a que mais 45% delas optem por comer legumes e frutas. A explicação estará no facto de terem mais fome após a brincadeira e a não comerem à pressa só para irem brincar.[/note]

Popeye, o campeão da motivação

[label type=”success”]Data [/label] 2010
[label type=”success”]Instituição[/label] Universidade de Mahidol, Banguecoque, Tailândia.
[label type=”success”]Conclusão[/label] Popeye incentiva crianças a comer legumes

[note note_color=”#faf9f2″ text_color=”#111111″ radius=”16″][label type=”success”]Resumo[/label] Nos anos de 1930, Popeye, o marinheiro, foi o primeiro desenho animado motivacional da história. Mas, foi preciso esperar até 2010 para a ciência dar a conhecer os efeitos práticos da animação nos hábitos alimentares das crianças. O estudo mostrou que as crianças que viam regularmente os desenhos animados duplicaram o consumo de vegetais. Os miúdos de 4 e 5 anos de 26 jardins-de-infância da capital tailandesa comeram quatro porções de legumes por dia após assistir às aventuras de Popeye, contrastando com as duas porções que consumiam antes do estudo.[/note]

Ilustrações: «Mother Earth’s children; the frolics of the fruits and vegetables» (1910-1914), de Gordon e Ross M. T.

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