Na era do touch screen, o toque está cada vez menos presente na família, no trabalho ou na amizade. Talvez por causa de traumas coletivos que têm incutido o receio em investir na proximidade. Mas é isso que faz a diferença para atenuar dores físicas e emocionais, reduzir stress, combater depressões ou enfrentar medos. E até para estimular comportamentos nas salas de aula. Às vezes, basta o toque cego de uma máquina para cair na ilusão e fazer esquecer as inseguranças.
O toque na medida certa
[label type=”success”]Data [/label]2008
[label type=”success”]Instituição[/label]Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Unilever e Universidade de Gotemburgo (Suécia).
[label type=”success”]Conclusão[/label]Reduzir o stress e fortalecer laços com um toque carinhoso.
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Resumo[/label]Um toque carinhoso tem a medida certa. Para começar, deve percorrer uma extensão da pele entre 4 e 5 centímetros. As mãos ou os dedos devem aplicar dois gramas de pressão por cada centímetro. O desafio agora é passar da teoria à prática, mas o objetivo não é esse. A fórmula do neurocientista inglês Francis McGlone serve para mostrar como o toque humano é ativado, desencadeando uma sensação de prazer ou de alívio da dor. McGlone, juntamente com investigadores suecos descobriram, em 2008, a fibra-C, uma fibra nervosa, que reage à sensação de prazer causada por um toque afetuoso. É essa fibra que, quando ativada, transporta essa sensação até ao córtex órbito-frontal (que regula as emoções), libertando hormonas relacionadas com o bem-estar e que fortalecem laços, estimulam a confiança e reduzem o stress.[/note]
Dos povos lamechas aos povos não-me-toque
[label type=”success”]Data [/label]1966
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade da Flórida, EUA (Sidney M. Jourard).
[label type=”success”]Conclusão[/label] O toque social varia de cultura para cultura.
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Resumo[/label]Durante vários anos, o psicólogo canadiano Sidney Jourard infiltrou-se nas conversas de dois amigos que se encontraram para tomar café em várias partes do mundo. Estudou e registou os seus gestos para tentar perceber as diferenças entre as várias culturas face aos toques. Descobriu, por exemplo, que entre os ingleses nem sequer houve um toque durante uma hora. Os americanos tocaram-se duas vezes. No outro extremo surgiram os franceses, com 110 toques por hora, e os porto-riquenhos que detêm o recorde de 180 toques.[/note]
Remédio santo para as dores de alma
[label type=”success”]Data [/label]1982
[label type=”success”]Instituição[/label]: Instituto de Pesquisas do Toque da Universidade de Miami (Tiffany Field).
[label type=”success”]Conclusão[/label]Terapia de toque é o alívio para doenças autoimunes, depressão, autismo e maus momentos entre casais.
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Resumo[/label]A massagem terapêutica reduz o cortisol, hormona ligada ao stress, aumenta a produção da dopamina, que ativa os circuitos cerebrais de recompensa, ou estimula a atividade da serotonina, responsável por regular o humor, o sono ou apetite. Tendo em conta tantos benefícios, não são de estranhar os resultados obtidos nos estudos de Tiffany Field: três sessões diárias de massagens terapêuticas de 15 minutos, durante 5 a 10 dias, foram suficientes para bebés prematuros ganharem 47% de peso a mais do que aqueles que não seguiram este tratamento. A massagem terapêutica atenua problemas autoimunes, ampliando a função pulmonar em casos de asma ou reduzindo os níveis de glicoses em diabéticos. E já demonstrou também aumentar a função imune em várias doenças como por exemplo cancro ou HIV. Os benefícios estendem-se às crianças autistas, que contrariamente ao que se possa pensar, não rejeitam o toque e apreciam uma massagem relaxante. Os estudos sugerem ainda que uma massagem dada pelo nosso companheiro ou companheira é não só salutar para combater a depressão como desanuviar a tensão de uma relação amorosa.[/note]
De mãos dadas para desarmar o medo
[label type=”success”]Data [/label]2006
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade da Virgínia (James Coan, Richard Davidson e Hillary Schaefer).
[label type=”success”]Conclusão[/label]Com alguém ao lado é mais fácil superar traumas.
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Resumo[/label]James Coan, Richard Davidson e Hillary Schaefer, investigadores da Universidade de Virgínia, selecionaram dois grupos de mulheres para testar as suas reações ao medo. Cada uma foi convidada a entrar num aparelho de ressonância magnética e avisada de que iriam ouvir um barulho semelhante ao de uma explosão. Enquanto no primeiro grupo elas enfrentaram o teste sozinhas, no segundo, seguraram a mão do parceiro. O resultado mostrou uma intensa atividade nas áreas cerebrais relacionadas com a ameaça e stress entre as mulheres do grupo 1, o que já não aconteceu com as restantes. O toque parece ter desativado a reação de medo nas voluntárias que seguraram a mão de uma outra pessoa.[/note]
Com açúcar e carinho derrota-se o adversário
[label type=”success”]Data [/label]2010
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade da Califórnia
[label type=”success”]Conclusão[/label]Toque melhora o desempenho no desporto.
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Resumo[/label]Boston Celtics e o Los Angeles Lakers foram as equipas que, em 2010, lideraram a NBA, a liga americana de basquetebol. Poder-se-ia atribuir o desempenho a muitos fatores: capacidade técnica e tática, empenho, talento individual, trabalho de equipa e por aí fora. Tudo isso conta, é certo, mas é difícil de medir. Os investigadores da Universidade da Califórnia decidiram, então, traduzir para números e gráficos o espírito de equipa. Ou seja, os toques durante os jogos: abraços, peitadas, festas na cara e nos cabelos ou palmadas entre jogadores. O Boston Celtics e o Los Angeles Lakers ganharam também campeonato dos dos afetos. Coincidência ou não, o Sacramento Kings e o Charlotte Bobcats foram os que pior desempenho tiveram tanto nas pontuações da liga como na competição dos carinhos, levando os investigadores a sugerir que os toques têm uma relação direta com as vitórias.[/note]
Uma palmadinha nos resultados escolares
[label type=”success”]Data [/label]2004 e 1997
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade Bretagne-Sud e Universidade de Miami.
[label type=”success”]Conclusão[/label]Toque melhora o desempenho escolar.
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Resumo[/label]Um simples toque faz a diferença na sala de aula, concluiu o estudo conduzido pelo psicólogo francês Nicolas Gueguen. Os alunos tocados no antebraço pelo professor melhoraram o comportamento e a produtividade quando comparados com os que não receberam o mesmo incentivo. O investigador demonstrou ainda que os professores, ao serem mais afetuosos, dando palmadinhas nas costas ou nos ombros, triplicaram a propensão dos alunos para participar ativamente na aula.
Sete anos antes, um outro estudo, conduzido na Universidade de Miami, chegou a conclusões muito semelhantes. Os alunos que receberam dos professores toques de encorajamento nas costas ou no braço quase duplicaram as probabilidades de participarem na aula quando comparados com colegas que não tiveram este estímulo do professor.[/note]
Terapia com e sem dor
[label type=”success”]Data [/label]2017
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade do Colorado, Boulder, nos Estados Unidos.
[label type=”success”]Conclusão[/label]O toque cura a dor.
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Resumo[/label]Os investigadores da Universidade do Colorado selecionaram 22 casais heterossexuais, entre os 23 e 32 anos, e dividiram em três grupos, cada um num cenário específico.
Caso 1: o casal ficou junto, mas os toques foram proibidos;
Caso 2: o casal ficou junto e de mãos dadas;
Caso 3: a mulher ficou numa sala e o companheiro na sala ao lado.
Nos três casos, as mulheres foram submetidas a dores controladas. O objetivo era perceber se o toque de um diminui a dor física do outro. Os resultados mostraram que quando uma pessoa que nos é próxima nos toca, a respiração e os batimentos cardíacos sincronizam e a dor passa. [/note]
O marketing do toque
[label type=”success”]Data [/label]1984
[label type=”success”]Instituição[/label]Universidade do Mississippi e Rhodes College.
[label type=”success”]Conclusão[/label]O toque das empregadas influencia a gorjeta.
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Resumo[/label]Os investigadores da Universidade de Mississípi e Rhodes College conduziram, na década de 1980, um estudo que se veio a revelar muito útil para aperfeiçoar a abordagem entre empregadas e clientes da restauração. Usando a observação em algumas centenas de casos, Christopher Wetzel e April Crusco concluíram que as empregadas que tocavam subtilmente na mão ou no ombro de um cliente tinham maiores probabilidades de ganharem gorjetas mais generosas. A experiência demonstrou que, tanto homens como mulheres foram sensíveis a este tipo de tratamento e que, as diferenças não foram significativas em função de o toque ser no ombro ou na mão ou acontecer durante o almoço ou ao jantar. [/note]
Um abraço e tudo se resolve
[label type=”success”]Data [/label]2017
[label type=”success”]Instituição[/label]University College London
[label type=”success”]Conclusão[/label]Um toque suave reduz a dor causada pela rejeição social.
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Resumo[/label]
A rejeição social está entre as experiências emocionais mais dolorosas, dizem os investigadores, mas essa é uma dor que pode ser amenizada com um toque social afetivo. Foi isso que demonstrou o estudo, conduzido na University College London, que pôs 84 mulheres a jogarem jogos com máquinas, julgado que do outro lado estavam pessoas. À medida que a competição avançou foram sendo ignoradas, levando-as a pensar que o seu desempenho era pouco estimulante. As participantes tiveram depois os olhos vendados e foram organizadas em dois grupos antes de iniciar a segunda fase do jogo. O primeiro grupo foi lentamente tocado no braço por uma escova mecânica, enquanto que entre as mulheres do segundo grupo o toque foi mais rápido e neutro.
No final, as participantes relataram que nenhum tipo de toque foi suficiente para eliminar totalmente os efeitos negativos da rejeição. Contudo, as que foram tocadas a uma velocidade lenta e suave viram reduzidos os seus sentimentos de negatividade e de exclusão social quando comparadas com as que foram sujeitas a toques rápidos e neutros.
Sabendo à partida que o apoio social é fundamental para eliminar inseguranças, os investigadores não esperavam que os resultados fossem tão eficazes perante um simples toque que não precisou – pelo menos no curto espaço -, de uma presença humana nem de linguagem verbal ou de estímulos visuais.[/note]