Não há decretos, nem ministros a decidir quais as palavras que morrem e quais as que podem ficar. As línguas, em qualquer país, estão sempre a mexer. Ora é uma palavra que cai, ora é outra que, aos poucos, vai entrando nas nossas conversas. A língua é como um ser vivo, rica em expressões que enriquecem o nosso vocabulário, mas também com palavras caídas em desuso.
Querem ouvir uma história levada da breca? Ora prestem lá atenção ao que o Bicho-que-Morde tem para dizer.
No cimo do monte, viviam dois irmãos. Um mais velho e lingrinhas e outro mais novo e lanfranhudo. Juntos saíram, como de costume, para mais uma jorna no campo. A meio da manhã deu-lhes a larica e o farnel quiseram comer. O lingrinhas tinha o presigo e o lanfranhudo o conduto. Logo desataram a porfiar porque o que um queria o outro tinha. Embrulharam-se num sarapatel, nem repararam na cagalhota que do nada apareceu e lhes comeu a merenda. Quando os manos deram conta, só sobrou uma bucha. Não tiveram outro remédio senão reparti-la irmãmente. Doravante, não merece a pena bulhar. Ninguém sai a ganhar, pensaram os dois. A cagalhota, que se pôs na alheta, não pensará o mesmo, certamente.
Lindas cachopas e gaiatos janotas que nos vossos aposentos estais a matutar. Não fiqueis apoquentados se muitas destas palavras não conheceis. Não são trenguices, nem chalaças, são antes modos de falar antigos que já quase ninguém usa.
Bicho-que-Morde quis dar vida às palavras caídas em desuso. Perguntou aos mais velhos e foi assim que colecionou umas tantas. Perguntem agora aos papás e aos avós se conhecem outras mais.
E, entretanto, dão-se alvíssaras a quem adivinhar o significado destas palavras caídas em desuso.
✅Lingrinhas
✅Lanfranhudo
✅Presigo
✅Conduto
✅Porfiar
✅Sarapatel
✅Cagalhota
✅Bucha
✅Açougue
✅Capitoso
✅Entanguido
✅Empáfia
✅Garganeiro
✅Sacripanta
✅Para-águas
Por obséquio, importa-se de repetir?
Xiça penico, pintar a manta e muita baril já estiveram na crista da onda, como expressões e interjeições usadas a torto e a direito e, muitas delas, não há tanto tempo assim. Depois das palavras esquecidas, espreitem agora as expressões que também caíram em desuso. E não se esqueçam de perguntar aos mais velhos se conhecem outros exemplos.
✅Andar sobre brasas
✅Borra-botas
✅Ir ao baeta
✅Ir / vir de escantilhão
✅Não entender patavina
✅Suar as estopinhas
✅Rachar canhotas
✅Senhora ou senhorita?
✅Unhas-de-fome
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