A visão dos animais adaptou-se de muitas maneiras para assegurar a sobrevivência. E, como tal, os olhos de diferentes espécies têm também características diferentes. Gatos e cães veem o mundo em tons de azul e amarelo, peixes e moscas até conseguem detetar a luz ultravioleta, as vacas distinguem sobretudo as cores quentes e os tubarões só se orientam por luz e sombra. Mas, para entender melhor a visão tanto de bichos como de humanos, será preciso ver como é que ela funciona por dentro. Vamos a isso?
Na visão dos animais ou de humanos, o olho tem sempre dois tipos de células sensíveis à luz: os cones e os bastonetes, cada um especializado em captar um aspeto distinto da luz. Os bastonetes reagem à intensidade luminosa, baixa ou alta, que ajuda a ver de noite ou em condições com pouca visibilidade. Os cones fazem a leitura das cores, isto é, das frequências da luz.
Os humanos, por exemplo, possuem três tipos diferentes de cones na retina, correspondendo a três frequências diferentes, a luz azul, a luz verde e a luz vermelha. Os cães e os gatos, por outro lado, têm apenas dois tipos de cones, conseguindo ver unicamente o azul e o amarelo ou os resultados da mistura destas duas cores. Em contrapartida, a quantidade de bastonetes é superior, o que faz com que tenham uma visão noturna superior, vendo 4 a 5 vezes melhor do que nós na escuridão.
Há outros animais que distinguem muito mais cores do que os humanos. Exemplos há muitos, como a tartaruga que, dependendo da espécie, chega a ter até seis tipos de cones, aumentado a capacidade para discernir e comparar tonalidades de cores de uma forma muita mais nítida e aumentada.
No extremo oposto, existem animais, que além de bastonetes, só têm um tipo de cone, como algumas espécies de tubarões, focas, baleias ou polvos. E para distinguir cores são precisos, no mínimo, dois cones. É por isso que estas criaturas aquáticas vivem num mundo de sombras, umas mais claras (com mais luz) e outras mais escuras (com menos luz).
E ainda há animais com células sensíveis a frequências que escapam ao espectro eletromagnético dos humanos. É essa particularidade que, por exemplo, permite às abelhas ver a luz ultravioleta, detetando padrões de pétalas de flores que mostram onde se esconde o néctar.
Agora que já sabemos algumas coisas importantes sobre a visão dos animais e dos humanos, o Bichinho das Contas tem o prazer de apresentar algumas das cores no reino dos animais.
🐶🐱Cães e gatos
O mundo para cães e gatos é dominado por tons azuis e amarelos, podendo ainda ver tonalidades de azul e de vermelho. O verde é que não existe. Em contrapartida, conseguem distinguir vários matizes de cinzentos, tendo ainda visão noturna que os torna bons caçadores em ambientes mal iluminados.
Os cães e os gatos escondem, por baixo da retina, uma camada refletora (Tapete lucidum) que intensifica a visão em condições de pouca luz. Essa é aliás a explicação para os seus olhos brilharem quando, durante a noite, alguém aponta uma lanterna, um farol do carro ou um flash de uma máquina fotográfica.
🐠Peixes
Além das cores, os peixes veem a luz ultravioleta. Essas cores, contudo, vão desbotando quanto mais fundo estiverem no mar. As cores quentes, como o vermelho e o laranja, são as primeiras a desaparecer e logo a seguir é o amarelo. À medida que a profundidade aumenta e a luz diminui, mais reduzida é a palete de cores, o azul e o verde são as últimas cores a desaparecer.
Moscas
Têm olhos compostos, como se tivessem milhares de olhinhos a formar uma imagem e são até capazes de ver os objetos que surgem pelas costas. Detetam também a luz ultravioleta e, para elas, o tempo é muito mais lento, parecendo que tudo se move em câmara lenta. Por isso, quando achamos que somos ultrarrápidos a apanhá-las, aos olhos das moscas, somos tão lentos como os caracóis.
🐍Cobras
As cobras têm muita dificuldade em ver durante o dia, reagindo sobretudo aos movimentos das presas. É à noite que a visão dela se torna mais apurada, podendo ver a radiação térmica dos animais e humanos 10 vezes melhor do que os dispositivos infravermelhos mais sofisticados.
🐭Ratos
Cada olho mexe separadamente, permitindo ao rato ver duas imagens ao mesmo tempo. Ele apena distingue duas cores básicas: verde a azul-ultravioleta. Para o rato, o mundo é desfocado, vagaroso e em tons de azul.
🐄🐄Vacas
Tal como os cães e gatos, as vacas também têm no fundo dos olhos a tal camada refletora (Tapetum lucidum), que lhes permite ver bem quando a luz escasseia. Elas distinguem sobretudo as cores de comprimento de onda longa ou intermédia (laranja, vermelho, amarelo-verde e amarelo), mas têm muita dificuldade em ver as cores de comprimento de onda curta, como o azul, o cinzento, alguns verdes e, principalmente, o violeta.
Abelhas 🐝
Detetam as cores três vezes mais rápido que um humano, conseguindo ver ainda os raios ultravioleta. São essas habilidades que permitem às abelhas desviar-se de objetos, identificar orifícios e entradas minúsculos, como os favos das colmeias, e encontrarem ainda o néctar das flores.
🦜Aves
Têm quatro tipos de cones nos olhos, podendo distinguir as cores muito melhor do que os humanos. Essa capacidade é-lhes bastante útil para distinguir os seus ovos das outras espécies bem como para os proteger dos predadores.
🦎Camaleões
Conseguem mover cada olho separadamente, captar as cores, a luz ultravioleta e ainda ver tudo em 360 graus. Contudo, é a capacidade para mudar de cor de pele que torna estes repteis tão fascinantes. Além de ser uma camuflagem para se protegerem ou atacarem as presas, estudos recentes mostraram também que a mudança de cores é uma forma de comunicarem uns com os outros.
🦈Tubarões
A maioria das espécies tem apenas um tipo de cone na retina, não podendo, por isso, distinguir as cores. Para compensar, têm uma forte sensibilidade debaixo de água, distinguindo vários tipos de sombras e captando o mínimo movimento.
Este tema só fica completo com a leitura de: Quantas cores tem o mundo?
Fontes consultadas: Terra | Visão Vet | Live Out Doors | Rato de casa | Entra na Ciência | Incrível.club