Se todos os dias usamos as palavras para conversar, ler e escrever, então, porque raros são os dias em que não há atropelos na gramática? Os erros são tão antigos como as próprias línguas e ninguém – nem mesmo os revisores e os linguistas – está livre de os cometer.

Em muitos casos, o grande culpado nem somos nós. É o cérebro que armazena as palavras em famílias em vez de as convocar uma a uma na hora de redigir um texto ou um email. É um método que ele usa para poupar energia, mas acaba por criar hábitos e padrões que depois levam aos enganos. Os erros gramaticais ou ortográficos, por regra, não acontecem por ignorância ou estupidez, avisam os cientistas.

Escrever é uma tarefa altamente qualificada. E, como todas as grandes empreitadas, o cérebro automatiza as partes simples – como transformar letras em palavras e palavras em frases – para se concentrar em tarefas difíceis – como combinar frases e encadear ideias. Ao sermos também propensos a prestar mais atenção à pronúncia das palavras – afinal, é o que que dá as melhores pistas sobre como escrevê-las –, deixamos escapar a grafia, que nem sempre corresponde ao som.

Nada disso é motivo para desculpar os nossos erros. Muito pelo contrário.

Sabendo que o nosso cérebro é tão traiçoeiro como a nossa língua, teremos sempre de redobrar a atenção para não sermos enganados ou enganadas. Ler e reler o que se escreve é uma das principais formas de corrigir as falhas. A outra é ler muito e treinar bastante a escrita. Os Bichos no sótão, atrevidos como são, revisitaram algumas das calinadas, que apesar de antigas, estão sempre a acontecer. Entra neste jogo para começares já a praticar.

 

Ovelha ranhosa ou ovelha ronhosa?

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Ovelha ronhosa. O adjetivo ronhoso vem de ronha, doença parecida com sarna que ataca alguns animais. Uma ovelha com esta doença tem de ser afastada do rebanho para evitar o contágio. A expressão ovelha ronhosa, em sentido figurado, significa que alguém não é bem-vindo num grupo de colegas, amigos ou família.

 

Copo de água ou copo com água?

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Copo de água, por favor! Tal como não se diz lata com tinta ou colher com açúcar, também não se diz copo com água. Aqui a preposição «de» liga um recipiente ao seu conteúdo.

Quero ou queria?

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Ambos! Os tempos verbais têm muitos usos e até podem ser empregados no presente para dizer «queria um copo de água, por favor». O uso do pretérito imperfeito demonstra nestes casos a intenção de se ser cordial para com o outro.

Fazer a barba ou cortar a barba?

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Fazer a barba. A lógica do pensamento nem sempre está na mesma sintonia da língua. Lá porque se está a tirar alguma coisa não quer dizer que não possamos usar o verbo fazer. Este é um dos muitos casos em que a lógica não é para aqui chamada, tal como lugares sentados (nos transportes públicos), apanhar uma constipação (a constipação é que nos apanha) ou tirar um mestrado.

Com certeza ou concerteza?

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Com certeza, pois com certeza! Estamos perante duas palavras que, apesar de surgirem sempre juntas, devem estar separadas. Também não escrevemos «semdúvida», pois não?

Quaisqueres ou quaisquer?

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O plural de qualquer é quaisquer. Qualquer é formado a partir do pronome qual e do elemento invariável quer.

Havia ou haviam?

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Havia. Este verbo não gosta, nunca gostou, nem nunca irá gostar do plural.

 

Há muito tempo atrás ou há muito tempo?

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Há muito tempo. Se aconteceu há muito tempo, escusado será dizer «há muito tempo atrás». Tem que ver com o significado de “haver” decorrido “tempo”, o que, necessariamente, implica uma acção já decorrida. Logo, implicitamente a mesma ficou “atrás”. «Não estou com o Miguel há duas semanas». «Há duas semanas que não vejo o Miguel».

Destrocar ou trocar?

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Trocar. Aqui nem é preciso pensar muito. Se queremos trocar algo, então «destrocar» é desfazer a troca que queríamos fazer inicialmente. Mas o português tem destas delícias inofensivas. Se implicarmos com o destrocar, também teremos de implicar com o «desandar».

Bébé ou bebé?

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Bebé é adaptação do francês «bébé». Mas, durante a viagem, perdeu um acento, visto tratar-se de uma palavra aguda (com acento tónico na última sílaba). De resto, a língua portuguesa não aceita dois acentos gráficos na mesma palavra. O til não é considerado um acento, mas uma marca para indicar as vogais nasais (órfão, acórdão, bênção, sótão, entre outros).

CD ou CDs?

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CD é uma sigla que resulta das iniciais compact disc. E as siglas não têm plural. Tal como dizemos muitos CD, também devemos dizer, por exemplo, «várias ONG», «os PALOP» ou «as PME».

Peru ou Perú?

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Peru. As palavras agudas terminadas em u – menu, cru ou tabu – não têm acentos.

À última da hora ou à última hora?

Não percas tempo e descobre já a resposta.
À última hora. Se não dizemos «no último do instante» ou no «último do minuto» porquê dizer então à «ultima da hora»?

 

Táxi ou taxi?

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Táxi. Tratando-se de uma palavra grave (com acento tónico na penúltima sílaba) terminada em «i», leva um acento sobre a vogal «a».

Alugar uma casa ou arrendar uma casa?

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Arrendar uma casa. Arrendar é um verbo que se emprega para bens imóveis (casas, apartamentos ou garagens). Alugar destina-se aos bens móveis (carros, barcos, fato de carnaval, entre outros).

Beje ou Bege?

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Bege. Esta é mais uma palavra vinda do francês «beige», que perdeu o i, mas manteve o g.

Coco ou Côco?

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Coco. O fruto do coqueiro não leva nenhum acento.

Penalti ou penálti?

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Penálti. Todas as palavras graves terminadas em «i», «is» e «us» levam um acento agudo: júri, lápis ou vírus.

Quadriplicar ou quadruplicar?

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Quadruplicar. Escreve-se com «u» na segunda sílaba de forma a respeitar a sua raiz latina (quadruplicare)

De mais ou demais?

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Depende… De mais significa «a mais», exprime quantidade e opõe-se a «de menos». Demais é usado com o sentido de excessivamente, demasiadamente. Exemplos: «O bolo de chocolate tem açúcar de mais para o meu paladar». «Sebastião é gordo porque come demais».

Duzentas gramas ou duzentos gramas?

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Duzentos gramas. Lá porque a palavra grama acaba em «a», não quer dizer que seja do género feminino.

Fans ou fãs?

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Fãs. A origem da palavra é inglesa: fan é uma abreviatura do adjetivo fanatic, que na transição para o português alterou o «an» para «ã».

Impor regras ou impôr regras?

Carrega na seta, por favor, e descobre a resposta.
Impor regras. Os verbos derivados do pôr não têm acentos: impor, compor, supor, entre outros.

Interviu ou interveio?

Descobre aqui como o verbo intervir é dos mais tramados.
Interveio. O verbo «intervir» deriva do verbo «vir» e, como tal, deve seguir a conjugação deste verbo e não a do verbo ver. «Eu intervim», «tu intervieste», «ele  interveio» e por aí fora. Já agora, o particípio passado do verbo intervir é intervindo: «Depois de eu ter intervindo, ele interveio».

Pais natal ou Pais natais?

Muitas vezes, é preciso errar para aprender.
Pais natais. Pai Natal há só um. Os restantes são cópias que, no plural, devem ser tratados como pais natais, tal como o plural de terra natal é terras natais e de decreto-lei é decretos-leis.

Koala ou Coala?

Se calhar, já sabes esta resposta, mas carrega aqui para confirmar.
Coala. A palavra é originalmente inglesa, mas na adaptação para o português, o «k» foi substituído pelo «c».

Magestade ou Majestade?

A resposta está aqui.
Seguindo a tradição latina desta palavra, escreve-se majestade.

Melhor preparado ou mais bem preparado?

Quem nesta setinha carregar, a resposta vai encontrar.
«Melhor» é comparativo de «bom» e «mais bem» é comparativo de «bem». Recomenda-se, portanto, dizer «mais bem preparado», «mais bem-fadado», «mais bem-feito» ou «mais bem-parecido» ou então «Está melhor?», «Ela fica melhor de cabelo curto» ou «É melhor parar por aqui».

Obrigado ou obrigada?

Carrega! É mesmo aqui que está a resposta.
Obrigado para ele e obrigada para ela. Usar obrigado ou obrigada depende se é um homem/rapaz ou uma mulher/rapariga a agradecer, tal como grato ou grata.

A mascote ou o mascote?

Adivinha onde tens de carregar para confirmar a resposta?
A mascote. A palavra é do género feminino.

 

O téni ou o ténis?

Sim, é mesmo aqui que se carrega.
O ténis. Seja para designar a modalidade desportiva ou para o calçado é sempre ténis – no plural ou no singular.

Mídia, média ou media?

Se ainda não sabes o que fazer para saber a resposta, andas muito distraído.
Media. Apesar da vogal «e» aberta, a palavra não é acentuada para respeitar a grafia e a fonia originais do latim.

Pionés, pioné ou pioneses?

Nesta fase, já saberás o que fazer para descobrir a resposta…
O plural de pionés é pioneses.

Pólo Norte ou Polo Norte?

E, pronto, carrega aqui pela última vez.
Polo Norte. Em Portugal, as expressões para designar as extremidades do eixo imaginário em torno do qual a terra faz o movimento de rotação, escrevem-se com as iniciais maiúsculas e sem acentos: Polo Norte e Polo Sul, conforme o Acordo Ortográfico.

Há mais portuguesices para quem gosta: Por que gostam tanto os portugueses de diminutivos?