Ian é a curta-metragem de animação que conta a história de um rapaz com paralisia cerebral. Nenhum aluno brincava com ele, mas Ian não desistiu até mostrar que, apesar da cadeira de rodas, não era diferente de todas as crianças. Todas gostam de brincar e todas já se sentiram, em algum momento, tristes e sozinhas. Vale mesmo a pena ver o filme. Como vale também a pena conhecer a história por detrás do filme.
Ian sempre gostou de brincar. Nada de extraordinário para uma criança de 7 anos, certo? Só que ninguém brincava com ele. Ainda assim, insistia para a mãe o levar todos os dias ao parque infantil. E, todos os dias, vinha embora triste e sem nenhum amigo. Os miúdos quando o viam atrás da vedação ou ignoravam-no ou faziam troça dele.
Será que vocês aí em casa já ouviram falar deste rapaz que hoje tem 10 anos e vive em Buenos Aires, na Argentina? A história dele anda a correr o mundo no YouTube, nos festivais internacionais de cinema e nos canais infantis de televisão. Se ainda não o conhecem, podem ver a curta-metragem no final deste texto.
Um nó na garganta
Os alunos do colégio junto ao centro onde Ian fazia a reabilitação nunca lhe deram uma hipótese.
Mas antes de desatarem a correr até ao fundo da página, os Bichos-Carpinteiros aconselham alguns procedimentos prévios: tenham por perto uma boa dose de lenços de assoar. Este filme até acaba bem, mas poucos chegarão ao fim sem um nó na garganta.
Quem já começa a sentir uma certa vontade de ficar por aqui, os Bichos-Carpinteiros deixam outro aviso. Vale mesmo a pena aguentar os cerca de 9 minutos que esta animação dura para ficar a conhecer Ian. E vale também a pena conhecer a história por detrás deste filme. Ian nasceu com uma paralisia cerebral. Só consegue movimentar-se numa cadeira de rodas e só comunica com os outros através de um computador que lê o movimento dos seus olhos.
Os alunos do colégio junto ao centro onde ele fazia a reabilitação nunca lhe deram uma hipótese. Certo dia, Sheila, a mãe de Ian, estava tão furiosa que deixou o filho com as terapeutas e saiu disparada para falar com o diretor da escola. Ela sentia-se capaz de gritar com as crianças até ficar sem voz. E era o que planeava fazer não fosse ficar mais de 10 minutos à espera que abrissem a porta.
Foi o tempo que precisou para respirar fundo e pensar que, se calhar, as crianças tinham medo do filho dela. Ninguém naquela escola ou sequer no bairro estava habituado a lidar com uma criança como o Ian. A porta abriu-se finalmente, mas quando o diretor a recebeu no seu gabinete, já ela sabia o que diria a Ian.
_ Sabes filho, nenhuma criança faz ideia do esforço que tu fazes todos os dias para ir ao parque e nem sabem sequer que queres brincar com eles.
Um livro para acabar com a solidão
As crianças do parque leram a história de Sheila e, quase do dia para noite, começaram a brincar com Ian.
Ian concordou com a mãe e juntos decidiram escrever um livro para entregar a cada um dos alunos do colégio. Mal leram a história, a mudança aconteceu praticamente da noite para o dia. Até os mais rufias amansaram e passaram a brincar com o filho de Sheila.
Assim que viu como as crianças mudaram o comportamento, ela percebeu que podia ir muito mais longe se pudesse fazer um filme a contar a história de Ian e dos alunos que brincam no parque. E foi com essa ideia que bateu à porta do MundoLoco, um dos maiores estúdios de animação da América Latina.
O filme, escrito por Gastón Gorali e realizado por Abel Goldfarb, teve a estreia mundial no YouTube Kids a 30 de novembro de 2018. Antes disso, houve uma antestreia no Festival de Cannes e, depois disso, já passou por quase todos os canais de televisão sul americanos para crianças. Foi um sucesso!
Ian, com a sua história, mostrou não ser diferente das outras crianças. Com paralisia, gordos ou magros, com óculos, borbulhas na cara ou aparelho nos dentes, com a pele escura ou branca ou, então, gagos, cegos, surdos ou simplesmente envergonhados. Todas as crianças já sentiram em algum momento sozinhas e rejeitadas pelos colegas. E, já agora, aproveitando que os adultos não estão por perto: todos, mais velhos ou mais novos já se sentiram também tristes e sós. É por isso que a história de Ian comoveu tanta gente. E continua a comover.
Sem mais demoras, o MundoLoco apresenta:
Se quiseres, lê também a história de Lucy e Luka que vem mesmo a propósito: «De perto, toda a gente é esquisita».
Fontes consultadas: respectability.org | Infobae |