O corpo humano é uma máquina sempre a trabalhar. Cada órgão, célula, fio de cabelo ou reação têm funções específicas: eliminar toxinas, combater vírus, transportar sangue ou proteger-nos das ameaças vindas do meio ambiente. Das unhas às pestanas, dos pulmões à bexiga, das palmas das mãos às plantas dos pés, dos pelos do nariz à cera dos ouvidos, quase tudo tem utilidade.
Quase tudo não é tudo. Há órgãos que não servem para nada. Mas já foram muito importantes para ajudar os nossos antepassados a recolher alimentos, a mastigar raízes ou a escutar sons e ruídos ameaçadores. A vida, entretanto, evoluiu e o corpo humano transformou-se para responder a novas necessidades. Mas há resquícios que ficaram para nos lembrar que a evolução é um caminho lento. Alguns evolucionistas acreditam que essas partes podem vir a ganhar outras funções.
Descobre, a seguir, 10 bizarrias do corpo humano. São exemplos daquilo que os cientistas chamam de órgãos ou respostas vestigiais. Ou seja, partes do corpo com funções que já não fazem sentido.
DEDOS ENRUGADOS
Cinco minutos na água bastam para os dedos enrugarem. Durante muito tempo, pensou-se que essa reação não tinha qualquer função. Os investigadores da Universidade de Newcastle, Inglaterra, tiraram a limpo essa dúvida. Pediram a dois grupos de voluntários para retirar um a um os berlindes de dentro de um balde com água e transferi-los através de uma pequena abertura para outra mão. O primeiro grupo tinha as mãos previamente molhadas e os dedos encarquilhados e foi esse que completou a tarefa mais depressa. As rugas dos dedos tornam mais fácil manusear objetos submersos em água e terão ajudado os nossos antepassados a procurar alimentos à borda dos rios ou dentro de lagos.
PELE DE GALINHA
Quando os humanos estavam cobertos de pelos, os arrepios e calafrios serviram para reagir ao medo e ao frio. Os pelos espetados ajudavam os humanos a parecerem maiores e mais medonhos quando pressentiam que iam ser atacados. É mais ou menos o que acontece com os gatos quando apanham um susto e ficam com o pelo eriçado. Essa mesma reação, ao criar uma camada isolante no corpo, era também útil para os nossos antepassados se protegerem do frio.
CÓCEGAS
Dormir no mato era uma aventura perigosa para os nossos antepassados. Havia sempre bicharocos a rondar. O corpo humano aprendeu a lidar com esses perigos, desenvolvendo a capacidade para sentir cócegas. As patinhas de uma aranha ou de um escorpião a andar sobre a pele ativam o córtex sensorial primário, provocando uma reação em cadeia – primeiro o medo e depois risadas nervosas e descontroladas capazes de tirar qualquer dorminhoco do sono mais profundo.
DENTES DO SISO
São o terceiro molar e os últimos dentes a nascer, geralmente entre os 16 e os 20 anos. Hoje, com o tipo de alimentação que temos, tornaram-se desnecessários. O cérebro cresceu e a mandíbula diminuiu, deixando menos espaço para os dentes do siso – há cerca de 100 mil anos, contudo, foram muito úteis para mastigar plantas e raízes.
TUBÉRCULO DE DARWIN
O tubérculo de Darwin é uma cartilagem que faz mexer as extremidades das orelhas. A esmagadora maioria da população perdeu a capacidade de controlar esses músculos, que já ajudaram os nossos antepassados a detetar barulhos e sons no meio da Natureza. No reino animal ainda é bastante útil, sendo uma característica comum entre cães, linces ou coelhos, por exemplo.
APÊNDICE
O apêndice desempenhou um papel essencial quando a alimentação dos humanos era mais baseada em proteínas vegetais do que animais, facilitando a digestão da celulose das plantas e das raízes. Outra função deste tubinho ligado ao intestino grosso era produzir anticorpos que ajudavam na defesa do organismo. Agora, o apêndice é dispensável no corpo humano, embora se tenha descoberto recentemente que serve de depósito de bactérias que auxiliam na digestão. Mas podemos passar sem ele, já que as suas funções são compensadas por outros órgãos.
CÓCCIX
Muito antes de começarem a andar, os nossos antepassados perderam a cauda e o cóccix é o que resta desses tempos. São três a cinco vértebras no fim da coluna e servem hoje como uma estrutura de apoio muscular, sobretudo quando nos inclinamos ou nos sentamos. Para os ancestrais do Homo sapiens, essa parte era determinante para se equilibrarem em cima das árvores.
MÚSCULO PLANTAR
Localizado próximo do joelho, o músculo plantar serviu aos nossos antepassados para segurar objetos com os pés, habilidade ainda hoje bastante desenvolvida nos primatas. Nos humanos, o seu desuso acabou por atrofiá-lo. Não tem qualquer utilidade, a não ser quando utilizado para reconstruir os tecidos musculares de outras partes do corpo humano, opção bastante frequente na medicina.
ENJOO NO CARRO
O automóvel tem pouco mais de um século, o que faz com que a humanidade ainda não se tenha habituado a viajar sobre rodas. O corpo está parado, mas o cérebro recebe sinais de que se está a mexer. Ao pressentir que alguma coisa está errada, o cérebro julga que o organismo está a ser envenenado e tenta provocar o vómito para expulsar o veneno.
MAMILOS MASCULINOS
Os mamilos, nos homens, nem mesmo nos primórdios da existência humana tiveram utilidade. O que acontece é que eles surgem ainda antes de se determinar o sexo do feto. É só a partir da sexta semana que as hormonas masculinas, como a testosterona, começam a surgir, travando o desenvolvimento dos mamilos. Os ratinhos passam pelo mesmo processo embrionário, mas, assim que o sexo é definido, o organismo liberta uma proteína que destrói o tecido mamário dos machos.
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Fontes consultadas: Megacurioso | BBC Brasil | Super Interessante | EM
Ilustrações: Pixabay