Não é propriamente um segredo, mas não deixa de ter piada imaginar os nossos pais a pedinchar aos pais deles pelos brinquedos que fizeram sucesso há 20 ou 30 anos. Bonequinhos em miniatura, pistolas de água ou o primeiro videojogo, qualquer um destes objetos tem histórias intermináveis. As as melhores, no entanto, nem sequer estão aqui. Só quem brincou com estes tesourinhos pode contar as aventuras vividas na infância. Perguntem-lhes como era e vão ver como eles nunca mais se calam.

1970-1990

Carrinho de rolamentos

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Tudo o que um carrinho de rolamento precisa é uma mão cheia de pregos, tábuas e, claro, rolamentos de transmissão, peças dos carros antigos que sobravam nas oficinas. Depois é só serrar aqui, martelar acolá e já está: prontinho para mais uma corrida pela ribanceira abaixo. Sem capacete, joalheiras ou cotoveleiras. Que se lixe! Arranhões, joelhos esfolados, cotovelos em ferida eram o preço da adrenalina. As corridas de carrinhos de rolamentos ainda hoje acontecem nas cidades ou nas terrinhas, mas o progresso acabou com boa parte do sofrimento. A brincadeira dos miúdos pobres é agora um desporto radical com pista de alcatrão e com equipamento e acessórios de segurança obrigatórios.

Playmobil (para rapazes) …

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Hans Beck era um marceneiro alemão que nas horas vagas fazia bonequinhos de madeira. Tão talentoso era que acabou contratado pela fábrica de brinquedos Geobra Brandstätter para trabalhar como desenhista nos anos 60 do século passado. Os bonecos Playmobil surgiram em 1971, mas foi só com a crise do petróleo, dois anos mais tarde, que a ideia de Hans saiu da oficina e chegou às lojas alemãs. Os brinquedos, por terem somente 7,5 centímetros precisavam de pouca matéria-prima (plástico, derivado do petróleo). Mas esta não é a única característica deles.

As mãos em forma de u – que mais tarde passaram a girar – os braços e as pernas articulados, olhinhos redondos e um rosto sorridente são as marcas deste boneco que tão depressa se transforma num polícia, como num astronauta, num índio, num cowboy ou num pirata. Transformações que só têm piada porque trazem acessórios a condizer com o tema: tenda apache, nave espacial, espingarda, arco e flechas, entre outros.

Em 1975, o boneco playmobil é lançado internacionalmente, chegando a vários países, entre os quais Espanha e Portugal. No início da década de 2000, chegou também aos Happy Meals da McDonald’s, o que para boa parte das crianças foi como ter Natal em qualquer altura do ano, já que os brinquedos não são para os bolsos de todos os papás.

… e PinyPon (para raparigas)

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Começou por ser um programa infantil chileno emitido a partir de 1965, mas a bonecada ficou famosa nos anos 1970 e 1980 depois de a marca espanhola Feber comercializar os brinquedos de plástico por toda a Europa e Américas. Medem 6 centímetros, têm várias roupas e cabeleiras para trocar, originalmente não tinham boca e surgiam quase sempre aos pares.

E como eram trabalhadores os primeiros Pinypons! Sabiam fazer de tudo um pouco, fosse numa quinta com vaquinhas e porquinhos, num circo com palhaços e malabaristas, a vender cachorros quentes à entrada de uma feira, a preparar refeições numa cozinha portátil, a plantar flores numa casa com jardim ou a conduzir um trator vermelho ou um carocha colorido.

View-Master

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A primeira vez que o famoso aparelho vermelho da Sawyer’s Photographic Services apareceu foi em 1939 na Feira Mundial de Nova Iorque. Era uma espécie de binóculos com dois visores e uma ranhura no topo para colocar uns discos de cartão com uma dúzia de imagens em 3D. Havia versões para adultos com slides coloridos de cidades ou de monumentos aproveitados para fins turísticos. E ainda uma versão infantil, essa sim, é que era o delírio entre os mais novos. Ao clicar numa alavanca era possível ver histórias curtas a desenrolarem-se com a bonecada da Disney. A moda chegou a Portugal sobretudo nos anos 70 e 80 do século passado pois até aí, ter um brinquedo destes só se um familiar fosse ao estrangeiro e o trouxesse de presente.

G.I. Joe

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Destemidos, armados até aos dentes e sempre prontos a defender a humanidade contra a Cobra, terrível organização criminosa determinada a dominar o mundo. Apesar de lançados no mercado em 1964 pela Hasbro, uma multinacional americana de jogos e brinquedos, só nas décadas de 1980 e 1990 é que os soldados G.I. Joe se tornaram uma febre entre a rapaziada rendida aos personagens como o ninja Snake Eyes, o sargento Slaughter ou o Cobra Commander, vilão implacável, que na série de TV (transmitida pela SIC nos anos 90), nunca venceu uma única batalha.

Game Boy

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Criança com um Game Boy era a mais sortuda do mundo. Era o que toda a gente queria e não era caso para menos. Foi o primeiro jogo de consola do mundo, lançado pela japonesa Nitendo em meados da década de 1980. Depois vieram outros jogos, mais avançados, com mais botões, setinhas ou ecrãs, mas este foi o primeiro e o mais popular, chegando a vender perto de 120 milhões por todo o mundo. Super Mario Bros (1985) ou o Tetris (1989) com as peças do puzzle coloridas estão até hoje entre as melhores memórias da infância dos quarentões e cinquentões.

Transformers

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Primeiro vieram os desenhos animados, que estrearam em 1989 na RTP, aos sábados de manhã. Máquinas alienígenas assumem formas de carros ou de aviões (no caso dos maus) mas, perante qualquer ameaça, transformam-se subitamente em robôs gigantes e disformes a travar épicas batalhas.

A coisa teve tanto sucesso que a rapaziada não tinha outro assunto no recreio da escola. Logo a seguir veio a bonecada, nada, mas mesmo nada barata. Para muitos pais, que não aguentavam a ladainha dos filhos a pedinchar por um Starscream – que se transforma num jato F-22 «Raptor»  -, ou um Optimus Prime com o seu canhão incorporado, a solução era comprar uma imitação barata. Não eram tão sofisticados, mas a criançada lá se conformava com as versões mais modestas e fazia a festa com o mesmo entusiasmo.

Bola Koosh (fluffy)

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Brincar com uma bola parece a coisa mais divertida do mundo, mas para um bebé ou uma criança de 2 ou 3 anos pode ser uma tarefa bem complicada tentar agarrar um objeto redondo e pesado. Deve haver uma maneira mais fácil, pensou Scott Stillinger. E foi assim que, em 1986, o engenheiro americano inventou uma bola com mais de 2 mil elásticos presos no centro para os dois filhos brincarem. Em menos de nada virou uma moda entre as crianças americanas e do mundo inteiro.

Coloridas e macias ao toque podia-se até atirar à cara que não aleijava. Em Portugal, contudo, mais do que um brinquedo, foi um objeto decorativo que as raparigas usavam no porta-chaves ou como penduricalhos nas mochilas. E desta invenção tão simples nasceu uma indústria que tornou Scott num milionário. Em 1997, o inventor vendeu a patente à empresa Hasbro, ganhando mais de 100 milhões de dólares com o negócio.

Pega monstros

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Qual tazos, caveiras luminosas, brincos de plástico ou qualquer outro brinde que a marca Matutano oferecia nos pacotes de batatas fritas. Os pega monstros é que eram! Foram um sucesso como não houve outro nos primeiros anos da década de 1990. A miudagem ia direto ao fundo do pacote. As batatas ficavam para depois. Primeiro a brincadeira.

Coisa pegajosa, feita de cola transparente, borato de sódio, água e corantes, colava-se nos cabelos, na cara ou atirava-se contra as paredes, ardósia da sala de aula e mobília lá de casa na esperança de agarrar e trazer algo de volta. Às vezes era uma folha de papel, um clip ou lápis de cor, mas muitas outras vezes era só lixo como cabelos, poeira ou pelos de gato.

Pistola de água super soaker

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Lonnie G. Johnson pode até ter inventado uma catrefada de aparelhos complicados como engenheiro da NASA. Ninguém lhe tira o mérito mas, verdade seja dita, nada bate a sua pistola de água super soaker. O brinquedo chegou em 1993 e rapidamente espalhou-se pelo mundo, revolucionando as batalhas travadas no fundo do quintal, nos arbustos dos jardins ou por entre os carros estacionados nas pracetas ao pé de casa.

Com um alcance de quase 20 metros e um reservatório até 2 litros foi o brinquedo mais mortífero que qualquer criança podia pedir. Melhor do que isso, só mesmo uma tarde tórrida de verão para enfrentar o inimigo e regressar triunfante a casa mais ensopado do que um pintainho em dia de chuva.

Cozy coupe

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Carro com tejadilho amarelo e carroçaria de plástico vermelha é um clássico da multinacional americana de brinquedos Little Tikes. Lançado em 1979, foi contudo na década de 1990 – com mais de 500 mil exemplares vendidos ao ano –, que conduziu milhões de bebés e crianças pelas autoestradas da fantasia. Inspirado no carocha da Wolksvagen e no carro dos Flinstones era movido a pés e tinha quase tudo como um carro a sério – buzina, chaves, ignição e até tampa de gasolina.

Toy Story (parte 2): a verdadeira história dos brinquedos dos nossos avós

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Sabes quantos anos tem a Barbie ou em que ano apareceram os legos? E quando achas que surgiu o Sr. Cabeça de Batata? Não foi só nos filmes de animação Toy Story, isso é mais que certo. Estes são apenas alguns dos brinquedos que surgiram durante a infância dos nossos avós. Tiveram tanto sucesso, que os seus inventores ficaram milionários.

1950-1960

Lego

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Foi numa pequena oficina no sul da Dinamarca que o mestre carpinteiro Ole Kirk Christiansen construiu em 1932 o primeiro conjunto de blocos. Feitos em madeira, as peças vermelhas e brancas permitiram montar os primeiros carrinhos para os filhos. Dois anos depois, Ole Kirk funda a empresa Lego – o nome é a combinação de duas palavras dinamarquesas leg+godt (= jogar+bem). O sucesso, porém, só viria a acontecer duas décadas mais tarde. Em 1955 é lançado no mercado o Lego System Play com as peças melhoradas, possibilitando mais combinações para os blocos, entretanto, fabricados em plástico.

O sistema, patenteado em Janeiro 1958, consiste em encaixar as peças-tijolo através de pinos à superfície e tubos ocos no interior das peças. A originalidade está na simplicidade com que se pode montar e desmontar as peças que permitem atualmente 102.981.500 combinações diferentes. Mais do que um brinquedo, as peças de lego – com as quais mais de 400 milhões de crianças já brincaram – são usadas não só nos jardins-de-infância para ajudar no desenvolvimento dos bebés, como nas universidades para ensinar princípios de engenharia, de tecnologia, matemática ou ciências.

 Hula Hoop

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Muito antes de o hula-hoop tornar-se uma moda na década de 1950, a brincadeira já era uma arte entre os malabaristas chineses, hábeis a rodopiar múltiplos aros nos braços, nas pernas e à volta da cintura. Foi preciso esperar quase 30 anos para dois americanos, Richard Knerr e Arthur Melin, transformarem simples arcos de plástico coloridos numa moda entre crianças e adultos americanos. Em menos de nada, o brinquedo, lançado pela Wham-O with, vendeu dezenas de milhares, não tardando a contagiar boa parte do mundo.

Senhor Cabeça de Batata

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Esquecido durante décadas, o Sr. Cabeça de Batata voltou às luzes da ribalta nos filmes Toy Story, da Disney, entre 1995 e 2010. Um regresso em grande para o primeiro brinquedo a ser anunciado na televisão, em 1952. O Sr. Cabeça de Batata foi inventado por George Learner para convencer as crianças de que comer legumes é divertido e faz bem à saúde. Tinha várias peças, entre olhos, boca, orelhas, nariz, bigode, chapéu ou sapatos que eram distribuídos nas embalagens de cereais de pequeno-almoço para espetar em cenouras, batatas ou qualquer outro legume.

O boneco teve tanto sucesso entre a miudagem, nos Estados Unidos, que a empresa Hassenfeld Brothers – mais tarde se viria a chamar Hasbro –, agarrou-o logo e começou a vendê-lo, lucrando mais de 4 milhões de dólares nos primeiros anos. Mas, foi só com os filmes Toy Story que o Sr. Cabeça de Batata ganhou finalmente vida e personalidade: rabugento, ciumento e malcriado, mas com um coração grande e capaz de fazer tudo para salvar os amigos.

Barbie

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Foi durante uma viagem à Europa que a americana Ruth Handler conheceu Bild Lilli uma boneca alemã de calções e saltos altos que os adultos punham no painel dos carros. Ruth lembrou-se logo de como a filha, Bárbara, adorava brincar com bonecas de papel, fingindo que elas faziam tudo o que as mulheres faziam – compras, passeios de carros, cabeleireiro, mudar de roupa e tudo o resto. «Por que é que as bonecas para as crianças têm de ser bebés quando as raparigas como a minha filha preferem brincar aos adultos?»- Pensou a mãe. E foi assim que nasceu a ideia de criar uma boneca adulta para as meninas, inspirada na Lilli.

Elliot Handler, marido de Ruth, foi o parceiro ideal para o sucesso da Barbie, já que era um dos fundadores da Mattel, um dos maiores fabricantes de brinquedos do mundo. A boneca foi lançada na Feira Anual de Brinquedos de Nova Iorque, a 9 de Março de 1959 com o nome da filha, Barbara Millicent Roberts.

As primeiras bonecas, que custavam 3 dólares, tinham duas versões – uma loira e outra morena, a loira foi a que ficou. Hoje, Barbie é a boneca mais conhecida no mundo, fabricada na China e vendida em mais de 150 países. Ela é tão famosa que, em 1992, candidatou-se à presidência dos EUA e, em 2002, deixou as marcas das suas mãos no passeio da fama, em Hollywood, ao lado de outras estrelas de carne e osso como Charlie Chaplin e Marlin Monroe.

Ecrã mágico

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Foi nos finais da década de 1950 que o eletricista francês Arthur Cassangnes inventou na sua garagem o Ecrã Mágico (Telecran) e o mostrou na feira de brinquedos de Nuremberga em 1959. O engenho, contudo, só viria a despertar a atenção de um dos maiores manda-chuvas da indústria dos brinquedos no ano seguinte. W. Winzeler, presidente da companhia americana Ohio Art, lançou o ecrã de Cassangnes nos Estados Unidos em 1960 com o nome Etch A Sketch.

O brinquedo original é controlado por dois botões giratórios nos cantos inferiores da moldura vermelha, cada um deles dirige, por sua vez, uma caneta nos sentidos vertical e horizontal. A tela cinzenta está revestida com pó de alumínio e quando a caneta apara o pó desenha uma linha preta. Para apagar o desenho, basta virar o quadro de cabeça para baixo e sacudi-lo.

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