Em Portugal e, por todo o mundo, costureiras, cozinheiros, médicos, taxistas, estudantes, engenheiros, físicos, artistas, padeiros ou bombeiros juntaram-se durante esta quarentena para ajudar quem mais precisa. Eles são só parte desta energia gigante que atravessa o planeta e que nos faz acreditar que vamos todos ficar bem. E quando tudo isto passar – sim, porque vai passar – continuemos a alimentar esta corrente para sairmos do nosso isolamento mais unidos, fortes e generosos.

Iraque

Haitham e Mumin são dois irmãos proprietários do restaurante Grand House, na cidade de Mossul, no Iraque. Ambos continuam a trabalhar todos dias para fornecer refeições gratuitas aos funcionários, médicos e enfermeiros do Hospital al-Batool.

Rússia

Aleksandra Krylenkova, ativista dos direitos humanos a viver na cidade russa de São Petersburgo, criou o #covidarnost. O movimento juntou inicialmente advogados, médicos, psicólogos, programadores, ambientalistas, entre outros, que construíram uma base de dados com centenas de grupos de ajuda comunitária espalhados pela Rússia.

Para todos foram enviados folhetos com informação sobre as melhores práticas para ajudar em segurança idosos e população vulnerável. Hoje, o #covidarnost envolve largos milhares de voluntários ligados pelas plataformas do Telegram e do VKontakte – redes sociais semelhantes ao WhatsApp e ao Facebook –, que fornecem durante a quarentena serviços como compras de supermercado e de farmácia, mas também aconselhamento psicológico.

Estados Unidos

Jenn Yates é advogada e presidente da associação Real Food for Kids e David Guas é um chef de cozinha que nasceu em Nova Orleães. Ambos são amigos e agora estão todos os dias juntos, fornecendo refeições gratuitas a crianças e famílias carenciadas em Arlington, Virgínia, Estados Unidos, enquanto as escolas estão fechadas.

Portugal

Jovens, bombeiros, associações e juntas de freguesia da cidade de Vila Real juntaram-se para criar um serviço diário de entrega de alimentos e medicamentos à população idosa.

Palestina

Na cidade palestina de Beit Jala, perto de Belém, os residentes organizaram-se para distribuir refeições aos turistas, a maioria americanos, que ficaram em quarentena no Angel Hotel. A hospitalidade dos palestinianos assumiu a forma de fotos de doces, sumos de frutas e pratos tradicionais, que foram partilhados pelos hóspedes nas redes sociais.

Polónia

Robert Wagner é um ativista dos direitos dos animais que, nestas semanas de quarentena, percorre as ruas de Wroclaw para distribuir café, refeições embaladas e bebidas energéticas aos médicos e enfermeiros espalhados pelos hospitais desta cidade polaca.

Portugal

Os motoristas da cooperativa Táxis da Albufeira, no Algarve, voluntariaram-se para visitar as casas dos idosos e doentes crónicos sinalizados pela ação social da autarquia, levando compras e medicamentos.

Canadá

“Caremongering” é uma palavra inventada à pressa em Toronto para estes tempos de quarentena. O movimento espalhou-se por todo o Canadá, juntando, em menos de 72 horas, 35 grupos do Facebook com mais de 30 mil membros para apoiar os bairros residenciais em várias cidades como Otava, Halifax ou Annapolis Royal. O primeiro grupo foi criado por Mita Hans com a ajuda de Valentina Harper, entre outros.

Índia

O Goonj é uma organização sem fins lucrativos, com sede em Deli, Índia, que arrancou com o programa Rahat Covid-19 para distribuir cabazes familiares de bens essenciais, incluindo ração seca para gado e produtos de higiene, às populações que estão a abandonar os centros urbanos e a dirigirem-se para as suas aldeias.

Give India é outra organização que também está no terreno com a campanha “India Combat Corona”. A finalidade é angariar fundos para fornecer sabonetes, desinfetantes e máscaras às populações mais pobres.

Guatemala

Emmanuel Chay é o proprietário da padaria Don Francisco, localizada em Retalhuleu, Guatemala. Enquanto a quarentena durar, ele promete entregar todos os dias aos vizinhos um saco com pão, ovos e açúcar.

As encomendas são colocadas numa mesa à entrada da padaria com um bilhete onde escreveu a seguinte mensagem: «Juntos, chegaremos longe. Se não tem o que comer, leve, por favor, o que precisa».

Itália

Sparwasser é uma associação cultural com sede em Roma, Itália, que em meados de março desafiou os residentes mais jovens – entre os 25 e 30 anos – a apoiar à população idosa. Em apenas três dias, surgiram 200 voluntários e, logo depois, muitos outras cidades seguiram o exemplo. Cada voluntário cuida de um idoso a viver o mais próximo possível da sua área de residência.

Portugal

São 40 artistas portugueses de várias áreas – ilustradores, arquitetos, escritores ou street artists – que se juntaram e criaram a Sebenta da Quarentena. Trata-se de uma plataforma online onde é possível descarregar e imprimir dezenas de passatempos como palavras cruzadas, sopas de letras, ilustrações para colorir ou pontos para unir, labirintos, histórias ou quebra-cabeças.

A ideia é que, agora, outras instituições, associações e juntas de freguesia se juntem para que possam imprimir e distribuir gratuitamente os passatempos pela população mais velha.

Zimbabué e Nigéria

No Zimbabué ou na Nigéria, o inglês é a língua oficial, mas a maioria da população só se comunica através de dezenas de outros idiomas. Foi por isso que jornalistas, cineastas ou designers gráficos estão a desenhar cartazes, a traduzir panfletos ou a produzir vídeos em várias línguas e dialetos com informação sobre o coronavírus, focando-se nas medidas de higiene e distanciamento social.

Reino Unido

Cariy Asiyah e Jawad Javed, proprietários de uma loja de conveniência em Edimburgo, Escócia, retiraram das suas economias cerca de duas mil libras (2200 euros) para comprar 500 kits com máscaras, desinfetantes e toalhetes que distribuíram aos idosos da sua cidade.

Portugal

No dia 11 de março, João Nacimento, estudante de Harvard, publicou no Twitter o seguinte apelo: «Estamos a trabalhar em ventiladores ´open source´ para alcançar uma solução rápida e fácil que possa ser reproduzida e montada no local, em todo o mundo. Se tem competências que possam ajudar, junte-se a nós no projectopenair.org».

Em apenas dois dias, mais de 800 académicos, engenheiros, médicos ou físicos de várias partes do planeta inscreveram-se na plataforma. O protótipo já foi, entretanto, criado e a patente está registada em nome da Humanidade para que nenhuma entidade retire proveitos económicos desta inovação, que pretende servir os doentes com dificuldades respiratórias. Já há também uma empresa em Guimarães, que trabalha em módulos de plástico e impressão 3D, disponível para os produzir.

Itália

Cristian Fracassi e Alessandro Romaioli, da starup Isinnova, usaram sua impressora 3D para criar cópias não oficiais de uma válvula patenteada usada nos ventiladores, em falta nos hospitais italianos, que ajudam os doentes severos de covid19 a respirarem.

Itália

Marco Ranieri é especialista em reanimação no Hospital Sant’Orsola, em Bolonha, Itália, e desenhou um protótipo capaz de fornecer oxigénio a dois doentes em simultâneo a partir de um só ventilador.

Canadá

Alain Gauthier trabalha no Hospital Distrital de Perth e Smiths Falls, uma unidade de saúde em Ontário, no Canadá, e modificou um ventilador de forma a ser possível estender o seu uso por vários doentes ao mesmo tempo. Para construir o aparelho, ele seguiu os tutoriais no Youtube criados por dois médicos de Detroit, nos Estados Unidos.

Irão

Milhares de voluntários transformaram as mesquitas fechadas por todo o Irão em espaços improvisados para costurar máscaras cirúrgicas e preparar cabazes de alimentos e refeições para a população carenciada, mas também para profissionais de saúde e pacientes infetados com o coronavírus.

Portugal

Antónia Nascimento e Cecília Candeias preparavam-se para costurar os trajes e os adereços das marchas populares de Setúbal quando a pandemia obrigou ao isolamento social. Em poucos dias, transformaram o ateliê de costura numa fábrica de máscaras e proteções para botas, que entregam aos profissionais de saúde do Hospital de São Bernardo, em Setúbal.

Estados Unidos

Jessica Johnson vive em Biddeford (Estados Unidos) e recrutou dezenas de costureiras voluntárias para ajudá-la a fazer máscaras impermeáveis, laváveis ​​e reutilizáveis, que são doadas às instituições de saúde do Estado de Maine.

Portugal

O clube de costura solidária My Moyo está a produzir máscaras de proteção para doar a instituições e organizações de Torres Vedras. São cerca de 30 voluntárias a trabalhar a partir de casa, contando com o apoio da associação Oceanos sem Plásticos e ainda com donativos da população do concelho.

Brasil

Clarissa Autler é uma aluna de pós-graduação em moda, a viver em Porto Alegre, que juntou designers e costureiras por todo o Brasil. O objetivo é confecionar máscaras de proteção individual entregues a quem for buscá-las à porta dos prédios onde vivem.

Lê também a história deste polaco que salvou uma cidade inteira na Segunda Guerra Mundial: «O médico Lazowski derrotou os nazis com a ciência».