Que injustiça! Os porcos, além de muito asseados, são os mais inteligentes entre todos os animais domésticos, sabiam disso? Descubram como eles têm uma linguagem própria, como são divertidos e sociáveis ou como, sem eles, não seria possível desfrutar de inúmeros produtos essenciais à saúde e bem-estar dos humanos. Não, não estamos a falar de salsichas, bacon ou costeletas. Se lerem este artigo até ao fim, acreditem que nunca mais vão olhar para o porco da mesma maneira.

Era uma vez três porquinhos – um muito sujo, outro mais sujo ainda e o terceiro imundo. É assim que os humanos veem os porcos desde que os chineses os domesticaram há 10 mil anos. Basta recordar que o judaísmo foi a primeira grande religião monoteísta a acusá-los de impuros no Livro do Génesis e a bani-los da sua dieta. Mais tarde, o profeta Maomé fez o mesmo.

Não é que os porcos se importem muito com isso. Provavelmente, estão gratos por milhões de judeus e centenas de milhões de muçulmanos não os reduzirem a costeletas, bacon, chouriço, linguiça ou presunto. Mas isso não os livra da má fama nem tão pouco de a sua carne ser a mais consumida do mundo (galinhas e perus não entram nesta contabilidade).

O porco, coitado, nunca tirou o proveito dessa reputação malcheirosa. Há quem já os tenha visto a rebolar na lama e julgue que esse é um bom motivo para insultá-los de javardos. Mas não é. O motivo é antes o calor. Aos porcos faltam-lhes glândulas sudoríparas em quantidades suficientes para conseguirem transpirar.

Suar como um porco, como tantas vezes ouvimos, não tem, portanto, qualquer fundamento científico.

A grande porção de gordura acumulada no corpo e o tronco em forma de barril completam o cocktail explosivo para que armazenem tanto calor como um forno aceso.

E é justamente por isso que eles se cobrem de lama. Um banho enlameado, além de os proteger contra as queimaduras solares, moscas e parasitas, é mais refrescante do que um mergulho numa piscina gelada. A água lamacenta evapora lentamente, permitindo ao animal sentir-se fresco durante mais tempo.

Dizem as más línguas que, pior do que que chafurdar na lama, é comerem os seus próprios excrementos.

Este hábito, contudo, não é muito comum quando são criados ao ar livre.

Pocilgas apertadas deixam os porcos sem grandes opções. Já agora, currais acanhados provocam o mesmo efeito nas vacas.

E, só mesmo para rematar, os coelhinhos, entre muitos outros animais, também embrulham as ervas em «bolinhas de brigadeiro» para torná-las menos indigestas. Não é por isso que deixam de ser fofinhos, certo?

Agora que alguns dos mal-entendidos foram devidamente esclarecidos, descobre 7 talentos incríveis dos porcos. Depois disto, vais certamente ver este animal com outros olhos.

1 – Um focinho hipersensível

Além de cómico, o narizinho do porco tem um olfato altamente desenvolvido, razão pela qual é usado para procurar e desenterrar trufas no campo. O fungo está entre as iguarias mais caras da gastronomia francesa e italiana, podendo atingir preços absurdos como 5 e 6 mil euros/kg. O nariz do porco consegue também identificar pessoas e outros companheiros de olhos vendados, reconhecendo o cheiro característico de cada um.

2 – Um cérebro superinteligente

Os porcos são considerados pelos cientistas como o mais inteligente entre todos os animais domésticos, ultrapassando cães, gatos, galinhas, vacas ou cavalos. O nível de inteligência cognitiva é equiparado ao de uma criança de três anos. Um porco é capaz de reconhecer nomes, obedecer a ordens ou usar a memória para encontrar comida ou o caminho de casa por mais longe que esteja.

3 – Divertidos, carinhosos e sociáveis

Os porcos estão entre os animais mais sociáveis e divertidos. Deem-lhes uma bola e vejam como gostam de jogar, correr, desfazer caixas de cartão ou brincar com os humanos. Eles têm também uma linguagem muito sofisticada, conseguindo produzir 20 grunhidos diferentes para cumprimentar, alertar para perigos, fornecer orientações à comunidade ou expressar emoções. As mamãs costumam cantar para os leitões durante a amamentação e os filhotes conseguem identificar o grunhido delas onde quer que estejam.

4 – Paladar refinado

Que são comilões, não há como negar, mas os porcos nem sempre foram assim. O humano, ao querer engordar estes animais, foi o grande responsável por aumentar o seu apetite. Mas não é por isso que o paladar do porco é menos refinado. Eles comem sempre lentamente para apreciar os sabores. Se vivessem nos bosques e nas florestas como os javalis, os seus parentes afastados, comeriam ervas, raízes, frutas e sementes. Nas quintas, adaptam-se ao que lhes dão – restos de comida, frutos maduros, cascas de legumes e até alimentos estragados.

 

5 – São muitos e de muitas raças

É um dos mamíferos mais comuns no nosso planeta: há aproximadamente um porco para cada seis humanos. A esperança de vida é de 15 anos e um dos factos mais tristes da sua vida é não conseguirem ver o céu. O formato do pescoço impede-os de levantar a cabeça para cima.

Segundo o Wikipédia, há 138 raças de porcos espalhadas pelo mundo. Digamos que praticamente cada país tem uma ou duas espécies autóctones, como é o caso de Portugal com o bísaro (preto e branco com manchas) – e malhado de alcobaça (preto e branco).

6 – O maior defeito pode ser a maior qualidade

Os porcos fazem 8 a 10 vezes mais cocó do que os humanos e isso tem sido uma das grandes causas para a poluição dos rios. É o caso da bacia hidrográfica do rio Lis, no distrito de Leiria, zona que concentra 20% da produção suinícola nacional. Mas esse só é um problema por falta de vontade para o resolver. Boa parte das descargas poluentes no rio são ilegais e não passam pelas estações de tratamento.

O que não faltam são também soluções para eliminar este problema de uma vez por todas. Em Taiwan, por exemplo, os criadores treinaram os porcos para fazerem as necessidades em casas de banhos especialmente montadas para eles. Melhor ainda fizeram os brasileiros de Entre Rios do Oeste. Os habitantes desta cidade do Oeste do Paraná usam as 215 toneladas de dejetos produzidas todos os dias pelos porcos de 18 fazendas para fazer biogás e gerar eletricidade para 72 prédios.

7 – Os 1001 produtos que os porcos dão aos humanos

São vários os produtos feitos a partir de banha, de cartilagens, da pele ou dos ossos do porco. Desde insulina, válvulas para transplantes e cirurgias cardíacas, camurça para calçado, gelatina para alimentos e medicamentos ou gordura do abdómen para cremes de barbear e sabonetes. Espreitem nesta imagem alguns dos produtos mais comuns que os porcos nos oferecem.

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