Dona Maria I fundou a Casa Pia de Lisboa e a Academia Real de Ciências de Lisboa. Enviou também expedições científicas a Angola, Moçambique, Cabo Verde e Brasil. Impulsionou as novas manufaturas, as exportações do vinho do Porto e conseguiu ainda tratados de comércio e navegação com a Rússia. Ou seja, fartou-se de trabalhar durante o seu reinado (1777- 1815) mas, para muitos, acabou por ficar mais conhecida como a louca da monarquia.
Dizem que foi do dia para noite que D. Maria I ficou louca, mas talvez não tenha sido bem assim. Há muito que ela vivia amargurada com os pecados do pai, D. José I. Ela achava que a sua alma se perdera para sempre por ter perseguido os jesuítas juntamente com o Marquês de Pombal. A partir de determinada altura, não conseguia pensar noutra coisa, até o filho, D. João VI, ocupar as suas funções e mandá-la para o Brasil. Terá sido no Rio de Janeiro que ganhou a fama de Maria vai com as outras. Conhece a origem desta expressão e, já agora, descobre também outras expressões populares que tiveram origem nos hábitos e comportamentos da monarquia.
Maria vai com as outras
Significado Aplica-se a quem não tem opiniões próprias e se deixa facilmente convencer pelos outros.
Origem Em 1792, Dona Maria foi declarada louca e considerada incapaz de governar. Desde aí, viveu reclusa e só saía com as suas damas de companhia em passeios pelas margens do rio Carioca, no Rio de Janeiro, onde viveu os últimos anos. Quando o povo via a rainha acompanhada por todas aquelas mulheres soltava em tom de brincadeira: «Lá vai D. Maria com as outras». Outra explicação para a expressão estará relacionada com a sequência das 150 avé-marias do rosário, cada uma separada por um dos 15 padres-nossos.
Guardado a 7 chaves
Significado Tão bem guardado que dificilmente alguém conseguirá roubar ou espreitar.
Origem Jóias, documentos importantes e outros objetos de grande valor estavam guardados dentro de uma arca de madeira robusta com quatro fechaduras de ferro diferentes. Era assim que os reis de Portugal protegiam, desde o século 13, os seus maiores tesouros. Cada chave era entregue a um alto funcionário da monarquia e, não raras vezes, também o rei ficava com uma delas. Para abrir o baú seria preciso a presença de todos. O 4 acabou por ser substituído por 7 na gíria popular. Porquê? Sete sempre foi um número especial desde a antiguidade, associado à magia ou à religião. Não é à toa que surge em todo o lado, nos dias da semana, nas vidas dos gatos, nos pecados capitais, nos mares (Adriático, Arábico, Cáspio, Mediterrâneo, Negro e Vermelho e o golfo Pérsico), nas saias da mulher da Nazaré, nas maravilhas do mundo ou até os anões da Branca de Neve.
Com o rei na barriga
Significado Aquele ou aquela que é presunçoso/a, que se julga mais importante do que é.
Origem Quando Portugal era uma monarquia, havia poucas coisas tão importantes como garantir a sucessão do trono. Assim que se soubesse que o rei ia ser pai, era uma festa e um grande alívio para toda a corte saber que a linhagem real não acabava ali. Conta Luís António Barros no seu «Dicionário de Ditados, Provérbios, Citações e Parábolas» que, quando a rainha ficava grávida do soberano, toda a gente começava instantaneamente a bajulá-la. Não era caso para menos, já que carregava na barriga o futuro rei. Por vezes, tanta era a atenção que recebia dos outros que a mamã começava a sentir-se demasiado importante e a ficar muito caprichosa. Mais estranho ainda, pelo menos para os dias de hoje, é que o privilégio se estendia também às amantes do rei quando ficavam grávidas.
Testa-de-ferro
Significado Quem defende os interesse de outra pessoa; que dá a cara pelos negócios ou atos de mais alguém.
Origem Emanuele Filiberto di Savoia viveu em Itália, entre 1528 e 1580, e tinha títulos de nobreza que nunca mais acabavam. Foi conde de Asti, duque de Sabóia, príncipe de Piemonte e conde de Aosta, Moriana e Nizza. O mais importante de todos era o de rei titular de Chipre e Jerusalém, cargo e funções que, todavia, nunca exerceu, pois, na verdade, não tinha qualquer poder. Dai ficar conhecido como Testa di Ferro, expressão até hoje usada para descrever alguém que, apesar de ter um posto de liderança, não tem qualquer poder.
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