Combinações azaradas. Fujam delas!

Os alimentos emparelhados só porque sabem bem são viciantes, mas sugam as energias, impedem que as melhores qualidades venham ao de cima e evidenciam o pior de cada um. Os maiores erros, neste capítulo, curiosamente, são cometidos pelos adultos, mas há muitos disparates que tanto gente grande como pequena faz. Ora vamos lá tomar atenção a estas combinações azaradas.

Hambúrguer + cerveja

Se conheceres adultos que fazem esta combinação azarada, deixa este aviso: ao ingerir estes dois alimentos na mesma refeição, ambos processados pelo fígado, o corpo dá prioridade ao álcool porque o reconhece como uma toxina. Toda a gordura do hambúrguer fica, por isso, livre para flutuar na corrente sanguínea e instalar-se confortavelmente no tecido gordo.

Ovos + bacon (ou tofu + feijão)

Ingerir vários alimentos ricos em proteínas na mesma refeição faz com que o organismo tenha muita dificuldade em processar essas grandes quantidades de proteína. O melhor é optar por apenas um tipo de proteína e combiná-la com vegetais ou cereais.

Chá + leite

Esta combinação é sobretudo popular entre indianos e britânicos, mas não é grande ideia. O chá preto é rico em antioxidantes, mas o leite de vaca ou de soja corta esses benefícios. O mesmo acontece com a cafeína do chá ou do café, que impede a entrada ao cálcio.

Pão branco + compota (ou refrigerante +batata frita)

Combinar pão branco e compota ou refrigerante e batatas fritas é o caminho mais rápido para disparar o açúcar no sangue, obrigando o organismo a duplicar o esforço para eliminá-lo, através da insulina libertada pelo pâncreas. A energia e o humor são as primeiras vítimas dessa combinação, mas, a longo prazo, esse processo pode desgastar o pâncreas, facilitando as diabetes.

Lentilhas + vinho tinto

Quando os taninos do vinho se misturam com fontes de ferro à base de plantas como lentilhas e soja, o corpo perde a capacidade de absorver este mineral.

Café & vegetais de folhas escuras

Cafeína dificulta a absorção do ferro presente em vegetais de folhas verdes escuras, daí ser muito pouco recomendável rematar um almoço ou jantar ricos em ferro com café. Se é o caso dos teus pais ou dos teus avós, diz-lhes que a melhor forma de contornar esta combinação azarada será esperar uma meia hora após a refeição para tomar o expresso.

Chá verde & couve

Os alimentos ricos em ferro como a couve anulam o poder antioxidante do chá verde, sobretudo as suas propriedades anti-inflamatórias, conclui o estudo conduzido na Penn State University.

Leite & amêndoas

Amêndoas, nozes ou outras plantas sementeiras inibem a capacidade do organismo em absorver o cálcio do leite.

Fruta + principais refeições

Esta é difícil de engolir, mas segundo a medicina tradicional indiana, Ayurveda, a fruta, por ser de rápida absorção, só deve ser comida entre as refeições. Ao ser consumida imediatamente antes ou depois, elas permanecem tempo de mais no estômago, acabando por fermentar e libertar mais açúcar. O mesmo acontece quando se misturam frutas em pratos principais e saladas de vegetais.

Vinho + sobremesa

Esta dica é para os teus pais e para todos os adultos que vires a fazer este disparate. O vinho e as sobremesas como bolo de chocolate, mousses, tartes ou qualquer outro doce é uma gulodice que sai muito caro. O álcool converte o açúcar em gorduras saturadas, imediatamente armazenadas no corpo.

Carne assada + puré de batata

Sendo ricas em carboidratos, tanto a carne como a batata são complicadas de digerir. Além disso, contêm grandes quantidades de gorduras saturadas e, sendo pobre em fibras, podem prender os intestinos.

Oxalato (beterraba) + cálcio (queijo)

Os oxalatos são sais que inibem a entrada de cálcio e estão presentes em muitos alimentos, como beterrabas, quiabos, espinafres, batata doce, chá, chocolate ou produtos de soja. Nenhum destes alimentos, portanto, combina com pratos cozinhados com iogurtes, laranja, leite, manteigas, milho, queijos, aveia, sardinhas, entre outros alimentos ricos em cálcio. O álcool consumido em quantidades exageradas também é um inibidor de cálcio.

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As histórias que viajam nas expressões populares

Expressões populares

Por que repetimos expressões tão estranhas sem muitas vezes saber de onde vieram? «Lágrimas de crocodilo», «no tempo da Maria Cachucha», «com o rei na barriga», «dourar a pílula», «fila indiana» ou «bicho-de-sete-cabeças» são algumas delas, usadas nas conversas sem nos darmos conta. Todas as expressões populares têm histórias do arco da velha para contar. Umas tão antigas que se perderam no tempo. Outras foram resgatadas da Grécia Antiga, do Império Romano, das invasões francesas, da Inquisição, do Terramoto de 1755 ou de outros períodos que marcaram o nosso caminho enquanto povo ou civilização.



Ficam aqui os significados e origens de algumas expressões populares, mas como elas são tantas, o Bicho-Que-Morde dividiu o tema em cinco partes. Clica nas imagens para descobrir as histórias das expressões populares que tiveram origem na mitologia grega, na Bíblia, nos tempos das monarquias ou da Inquisição. E prepara-te para uma viagem alucinante pela língua portuguesa com toda a bagagem que ela transporta.

As preferidas do Bicho-Que-Morde

Saídas da Grécia Antiga
Vindas da Bíblia
Histórias de reis e rainhas

Castigos da Inquisição

Expressões da Inquisição. Pôr a mão no fogo e jurar a pés juntos

Só neste título estão duas expressões da cultura popular que vieram das torturas da Inquisição, instituição formada pelos tribunais da Igreja que perseguiram, julgaram e castigaram os que não seguiam a fé católica. Começou em França, ainda no século 12, para combater seitas religiosas e estendeu-se mais tarde por outros países da Europa. Em Portugal, surgiu em 1536 e só acabou oficialmente em 1821, tendo sido usada principalmente para converter ao cristianismo, através da força e do terror, judeus e muçulmanos. D. João III – que reinou entre 1521 e 1557 – alargou a autoridade dos tribunais para outras áreas como adivinhação ou feitiçaria.


Pôr a mão no fogo

 Inquisição

Significado Acreditar totalmente em algo ou em alguém, sem medo de vir a ser enganado.

Origem Durante a Inquisição, para se provar a inocência, era preciso superar uma verdadeira prova de fogo: segurar uma barra de ferro em brasa e caminhar alguns passos diante dos juízes e das testemunhas. De seguida, a mão era enfaixada num tecido embebido numa cera durante três dias. Ao fim desse tempo, abria-se o pano e, se a mão estivesse ilesa, significava que era inocente. O contrário queria dizer que era culpado e não merecia proteção divina.

Jurar a pés juntos

Inquisição

 Significado Garantir que é verdade, assegurar que não está a mentir

Origem  Desgraçados dos que caíam nas más graças da Inquisição. Bem podiam suplicar que ninguém tinha piedade deles. Quando acusados de heresias, passavam por vários tipos de tortura, entre os quais, ter os pés e as mãos amarrados. Em algumas situações, eram também pendurados de cabeça para baixo e assim permaneciam até confessarem os seus supostos pecados. Por vezes, juravam de pés juntos terem cometido os crimes só para acabar com o suplício.

Vestir a Carapuça

Inquisição

Significado Assumir a culpa, reconhecer a custo que uma situação se aplica a si próprio.

Origem Quem era julgado no tribunal do Santo Ofício apresentava-se com traje próprio para assumir a culpa: túnica lisa, sem braços e só com abertura para a cabeça e um capuz pontiagudo ou de três pontas.


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As preferidas do Bicho-Que-Morde

Saídas da Grécia Antiga

Saídas da Bíblia

Histórias da Realeza

Expressões da monarquia. Por que vai a Maria com as outras?

Dona Maria I fundou a Casa Pia de Lisboa e a Academia Real de Ciências de Lisboa. Enviou também expedições científicas a Angola, Moçambique, Cabo Verde e Brasil. Impulsionou as novas manufaturas, as exportações do vinho do Porto e conseguiu ainda tratados de comércio e navegação com a Rússia. Ou seja, fartou-se de trabalhar durante o seu reinado (1777- 1815) mas, para muitos, acabou por ficar mais conhecida como a louca da monarquia.



Dizem que foi do dia para noite que D. Maria I ficou louca, mas talvez não tenha sido bem assim. Há muito que ela vivia amargurada com os pecados do pai, D. José I. Ela achava que a sua alma se perdera para sempre por ter perseguido os jesuítas juntamente com o Marquês de Pombal. A partir de determinada altura, não conseguia pensar noutra coisa, até o filho, D. João VI, ocupar as suas funções e mandá-la para o Brasil. Terá sido no Rio de Janeiro que ganhou a fama de Maria vai com as outras. Conhece a origem desta expressão e, já agora, descobre também outras expressões populares que tiveram origem nos hábitos e comportamentos da monarquia.

Maria vai com as outras

Monarquia

Significado Aplica-se a quem não tem opiniões próprias e se deixa facilmente convencer pelos outros.

Origem Em 1792, Dona Maria foi declarada louca e considerada incapaz de governar. Desde aí, viveu reclusa e só saía com as suas damas de companhia em passeios pelas margens do rio Carioca, no Rio de Janeiro, onde viveu os últimos anos. Quando o povo via a rainha acompanhada por todas aquelas mulheres soltava em tom de brincadeira: «Lá vai D. Maria com as outras». Outra explicação para a expressão estará relacionada com a sequência das 150 avé-marias do rosário, cada uma separada por um dos 15 padres-nossos.

Guardado a 7 chaves

Monarquia

Significado Tão bem guardado que dificilmente alguém conseguirá roubar ou espreitar.

Origem Jóias, documentos importantes e outros objetos de grande valor estavam guardados dentro de uma arca de madeira robusta com quatro fechaduras de ferro diferentes. Era assim que os reis de Portugal protegiam, desde o século 13, os seus maiores tesouros. Cada chave era entregue a um alto funcionário da monarquia e, não raras vezes, também o rei ficava com uma delas. Para abrir o baú seria preciso a presença de todos. O 4 acabou por ser substituído por 7 na gíria popular. Porquê? Sete sempre foi um número especial desde a antiguidade, associado à magia ou à religião. Não é à toa que surge em todo o lado, nos dias da semana, nas vidas dos gatos, nos pecados capitais, nos mares (Adriático, Arábico, Cáspio, Mediterrâneo, Negro e Vermelho e o golfo Pérsico), nas saias da mulher da Nazaré, nas maravilhas do mundo ou até os anões da Branca de Neve.

Com o rei na barriga

Monarquia

Significado Aquele ou aquela que é presunçoso/a, que se julga mais importante do que é.

Origem Quando Portugal era uma monarquia, havia poucas coisas tão importantes como garantir a sucessão do trono. Assim que se soubesse que o rei ia ser pai, era uma festa e um grande alívio para toda a corte saber que a linhagem real não acabava ali. Conta Luís António Barros no seu «Dicionário de Ditados, Provérbios, Citações e Parábolas» que, quando a rainha ficava grávida do soberano, toda a gente começava instantaneamente a bajulá-la. Não era caso para menos, já que carregava na barriga o futuro rei. Por vezes, tanta era a atenção que recebia dos outros que a mamã começava a sentir-se demasiado importante e a ficar muito caprichosa. Mais estranho ainda, pelo menos para os dias de hoje, é que o privilégio se estendia também às amantes do rei quando ficavam grávidas.

Testa-de-ferro

Monarquia

Significado Quem defende os interesse de outra pessoa; que dá a cara pelos negócios ou atos de mais alguém.

Origem Emanuele Filiberto di Savoia viveu em Itália, entre 1528 e 1580, e tinha títulos de nobreza que nunca mais acabavam. Foi conde de Asti, duque de Sabóia, príncipe de Piemonte e conde de Aosta, Moriana e Nizza. O mais importante de todos era o de rei titular de Chipre e Jerusalém, cargo e funções que, todavia, nunca exerceu, pois, na verdade, não tinha qualquer poder. Dai ficar conhecido como Testa di Ferro, expressão até hoje usada para descrever alguém que, apesar de ter um posto de liderança, não tem qualquer poder.


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Saídas da Grécia Antiga

Saídas da Bíblia

Os castigos da Inquisição

Expressões da Bíblia. Quem é o parvo que dá pérolas a porcos?

Desde os tempos narrados na Bíblia, que comer e chafurdar na lama é tudo o que os porcos precisam para serem felizes. Devoram qualquer coisa sem cerimónias nem preferências: bolotas, fruta madura, restos de comida, cascas de legumes e até ovos podres. Daí que nem valha a pena perder muito tempo a preparar-lhes deliciosas refeições. Esta é uma das razões por que se diz que não se deve dar pérolas a porcos.


Para o porco tanto faz serem pérolas ou casca das árvores, mas a expressão, retirada de um dos sermões de Cristo, no Novo Testamento, é usada para descrever a desilusão que se sente ao ver que alguém não apreciou uma prenda ou um gesto que se fez por ela e que tanto empenho exigiu. A Bíblia tem muitas outras passagens que deram origem a expressões populares. Descobre aqui alguns exemplos.

Pérolas aos porcos

Bíblia

Significado Dar um presente valioso ou fazer algo por alguém incapaz de apreciar o gesto ou a oferta.

Origem  Expressão atribuída a Cristo no Sermão da Montanha, que surge na Bíblia – no Evangelho segundo São Mateus, no Novo Testamento: «Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis pérolas a porcos, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.»

Vacas gordas ou magras

Bíblia

Significado Período de prosperidade ou de crise.

Origem José era o filhinho do papá, era o que mais atenção recebia de Jacó, e os manos, loucos de inveja, decidiram livrar-se dele. Venderam-no como escravo aos mercadores ismaelitas e a vida do rapaz deu uma grande reviravolta. Foi parar a casa de um oficial da guarda do rei do Egito e, pouco tempo depois, preso, após ser injustamente acusado de namoriscar com a mulher do seu dono.

Na prisão, José retomou um velho hábito de interpretar os sonhos dos outros prisioneiros. A fama chegou aos ouvidos do Faraó, que foi ter com ele para lhe explicar o significado de um sonho muito estranho que teve: sete vacas gordas saíram do rio Nilo e foram seguidas por outras 7 vacas magras que as devoraram e, ainda assim, continuaram magras. «É um prenúncio de que os próximos sete anos serão de abundância no Egito, mas os sete anos depois desses vão ser de seca e fome», avisou José.

Faraó ficou tão impressionado com o que acabara de ouvir que o nomeou homem da sua confiança, deixando que ele cuidasse das provisões e mantimentos armazenados durante os anos de fartura que se seguiram. Tudo o que aconteceu depois foi tal como José previu. Durante o período de seca, a fome alastrou-se por todo o lado, menos nas terras do Faraó. José mandou abrir os celeiros para vender alimentos aos que o procuravam.

Bode expiatório

Bíblia

Significado Levar com as culpas dos outros sem nada ter feito. Ser o único culpado de um infortúnio.

Origem No Dia do Perdão, ou Dia da Expiação, uma das datas mais importantes do Judaísmo, toda a gente suspirava de alívio, menos o desgraçado do bode. Escolhido ao acaso, o animal era separado do rebanho e abandonado no deserto, levando para longe todos os pecados e maldições da população. A tradição judaica deu a origem à expressão bode expiatório.

Paciência de Jó

Bíblia

Significado Ter muita, mas muita paciência, saber esperar sem se afligir nem ficar stressado.

Origem Jó vivia na terra de Uz e era o homem mais rico de todo o Oriente, com milhares de cabeças de gado e largas dezenas de criados. De tão honesto e crente, acabou por irritar o diabo, que fez uma aposta com Deus. Se este ricaço caísse em desgraça, acabaria por amaldiçoar o céu e a terra, como a maioria dos mortais.

Deus não acreditou e aceitou o desafio. E, pronto, o coitado viveu os anos seguintes perseguido por todo o tipo de infortúnios para provar que um ou outro tinham razão. Perdeu a fortuna, as filhas e ficou doente. A mulher e os amigos incitavam-no a amaldiçoar Deus, mas ele nunca lhes deu ouvidos. No fim, foi recompensado com o dobro de tudo o que perdera. E, desta parábola da Bíblia, nasceu a expressão «paciência de Jó».


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Saídas da Grécia Antiga

Histórias da Realeza

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Expressões da Grécia Antiga. Quem agarra o bicho-de-sete-cabeças?

Se algo é muito complicado e difícil de resolver, então, quer dizer que é um bicho-de-sete-cabeças. A expressão é tão antiga que nem se sabe muito bem como é que surgiu. Uns dizem que vem da Bíblia, mas também há quem acredite que vem da mitologia da Grécia Antiga.



A Grécia Antiga é responsável por muitas das expressões populares que nasceram dos mitos e lendas. Heróis, deuses, ninfas, titãs, centauros e outras figuras fantásticas foram inventados há mais de três mil anos e continuam bem presentes nas nossas conversas, nos filmes ou na literatura. Aqui ficam alguns significados de expressões que vieram da mitologia grega. Comecemos pelo mais complicado de todos: o bicho de sete cabeças… naturalmente!

Bicho-de-sete-cabeças

Grécia Antiga

Significado   Um problema muito sério. Expressão usada muitas vezes para dizer a alguém que as dificuldades não são tão grandes como julga.

Origem É difícil saber se a expressão veio da mitologia da Grécia Antiga ou da Bíblia. Aqui ficam as duas versões.

1 – Mitologia: Héracles (ou Hércules para os romanos) tem uma madrasta do pior. Hera nunca gostou dele pois é filho de Zeus, o principal deus da mitologia grega, e de Alcmena, uma simples mortal. Como não conseguiu matá-lo, ela usou os seus poderes para o enlouquecer momentaneamente, fazendo com que assassinasse os próprios filhos. Hércules teve então de cumprir (*) 12 trabalhos perigosíssimos e praticamente impossíveis para os crimes serem perdoados.

Matar a Hidra de Lerna foi apenas a segunda tarefa a ser-lhe atribuída. Era uma criatura de meter medo até aos mais valentes. Com corpo de dragão, tinha sete cabeças (em algumas versões nove cabeças) e vivia num pântano. E tão malcheirosa, que bastava um único bafo do seu hálito venenoso para matar qualquer mortal ou semideus, como é o caso de Hércules.

Como se não bastasse, de cada vez que ele cortava uma das cabeças, nascia outra no seu lugar. Ao ver que a estratégia não resultava, Hércules pediu ao sobrinho Lolau para queimar a parte arrancada com um pedaço de madeira em brasa, evitando que as cabeças voltassem a nascer. A última cabeça, considerada imortal, foi sepultada com uma enorme pedra por cima. E assim o bicho de sete cabeças foi derrotado.

(*) Os 12 trabalhos de Hércules também deram origem à expressão «trabalho hercúleo» para designar aquelas tarefas que exigem um enorme esforço e nos dão muito trabalho a executar.

Grécia Antiga

2 – Bíblia: a primeira besta que surge no último livro da Bíblia, Apocalipse de São João, é um monstro de sete cabeças e dez chifres. Como todas as figuras bíblicas, também esta criatura está carregadinha de simbologias. Para entender os seus significados, é preciso conhecer um bocadinho o período histórico em que o livro foi escrito. Viviam-se tempos tenebrosos para os cristãos, perseguidos e maltratados pelo Imperador Domiciano (81 a 96 d.C.). É por isso que, no capítulo 13 deste livro, a besta surge como a representação do Império Romano. As sete cabeças são as sete colinas da cidade Roma e os seus sete imperadores. E os dez chifres representam os 10 reis até Domiciano.

Carregar o mundo às costas

Grécia Antiga

Significado Usa-se para descrever alguém sempre preocupado com os seus problemas e com os dos outros. Ou de quem tem muitas responsabilidades no trabalho, com a família ou com os amigos.

Origem Atlas julgou que poderia alcançar o poder supremo e, juntamente com outros titãs, atacaram Olimpo, uma das mais altas montanhas da Grécia Antiga onde viviam os 12 deuses do panteão grego. Zeus e os seus aliados derrotaram-nos num estalar de dedos e, como era de se prever, castigou os revoltosos. Atlas foi condenado a carregar para sempre as colunas do céu que sustentam a terra.

Calcanhar de Aquiles

Grécia Antiga

 

Significado  Por mais forte que alguém seja, há sempre um ponto fraco que o torna frágil.

Origem Aquiles, filho do rei Peleu e da deusa Tétis, tinha o corpo protegido e quase nada o poderia matar. Quando nasceu, a mãe quis que ele fosse imortal e mergulhou-o nas águas mágicas do rio Estige. Não reparou, contudo, que deixou de fora a ponta do pé por onde o segurou. Um esquecimento que saiu caro ao filho durante a guerra de Tróia, quando foi ferido no calcanhar por uma flecha envenenada, lançada por Páris, mas guiada por Apolo, que, assim, vingou à morte do filho Tenes. Não sabemos, no entanto, se o herói morreu, já que, segundo os especialistas, nada se diz sobre a sua morte no poema épico de Homero, Ilíada.

Agradar a gregos e a troianos

Grécia Antiga

Significado  Quando se diz «não se pode agradar a gregos e a troianos» significa que, por regra, há sempre alguém descontente com uma decisão ou com algo que fizemos. É difícil contentar toda gente.

Origem Helena é uma bela mulher com quem todos os homens queriam casar. Mas o coração dela já suspirava por Menelau, rei de Esparta, com quem vivia. Até um dia aparecer Páris, príncipe de Tróia. Assim que a viu, ficou doido de amor e, aproveitando uma das ausências do marido, raptou-a, levando-a para Tróia. Começava assim a guerra entre gregos e troianos, que duraria uma década.

Menelau convocou todos os príncipes, que reuniram os seus soldados e partiram em mais de mil navios atravessando o Mar Egeu até Tróia. Estavam em vantagem numérica, mas a cidade era impenetrável, com apenas uma entrada e cercada de altas muralhas. Durante dez anos, tentaram, tentaram, mas nem da ombreira passavam.

Decidiram usar então a esperteza. Uma das versões conta que um dos soldados gregos, Sínon, se deixa capturar e convence os troianos de que o seu povo quer fazer as pazes. Para demonstrar a boa vontade, gostariam de oferecer um gigante cavalo de madeira. Outra versão diz que, seguindo o plano de Ulisses, os soldados fingem regressar nos navios, deixando na praia um enorme cavalo de madeira.

Qualquer que seja a versão, o certo é que os troianos levaram consigo o estranho presente, sem nunca desconfiar que, no interior, se escondiam os soldados gregos. Uma vez dentro da cidade, eles esperaram o anoitecer para atacar e destruir Tróia. Menelau resgatou Helena e, desta última batalha, nasceu a expressão, com raiz na Grécia Antiga, «Não se pode agradar a gregos e a troianos».


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Expressões populares. Do crocodilo ao cavalinho à chuva

Do Terramoto de 1755, às Invasões Francesas, passando pela pesca do bacalhau na Terra Nova ou pelas cantigas populares do século 19, há milhentas expressões populares que ainda hoje se soltam da língua para colorir as nossas conversas. Comecemos, então, pelo choro fingido do coitado do crocodilo, que nunca viu os seus dramas serem levados a sério.


Lágrimas de crocodilo

Significado Choro fingido.

Origem  Como não consegue mastigar, o crocodilo tem de fazer uma enorme pressão contra o céu-da-boca para conseguir devorar uma presa, comprimindo assim as glândulas lacrimais. O esforço provoca as lágrimas, mas o choro, obviamente, nada tem a ver com sentir pena da pobre vítima. Desconhece-se quando é que a expressão passou a fazer parte dos comentários do povo, mas uma das suspeitas é que nasceu no tempo dos faraós, ou seja, durante a Antiguidade.

Nem disse água vai nem água vem

Significado  Fazer algo sem consultar ou informar outros, sobretudo os que são afetados pela sua decisão.

Origem  Antes do terramoto de 1755, Lisboa, bem como outras cidades portuguesas, não tinha esgotos. As águas sujas dos banhos e dos bacios eram despejadas pela janela. De cada vez que as criadas faziam isso, gritavam para toda a gente ouvir: “Água vai!”. Quem estava nas proximidades, fugia para não ficar encharcado. Nem todos, contudo, tinham essa atenção e atiravam a água sem aviso prévio. E daí a expressão “Nem disse água vai, nem água vem”, hoje usada para alguém que faz qualquer coisa ou toma uma decisão sem informar ninguém.

Cair o Carmo e a Trindade

Significado Acontecimento inesperado que nos deixa destroçados.

Origem Carmo era a designação abreviada para o convento carmelita. A Trindade era outro convento da ordem dos trinitários. Ambos estavam localizados numa das mais antigas freguesias de Lisboa, Sacramento, hoje Santa Maria Maior. Esta foi uma das zonas mais destruídas com o terramoto de 1755 e, para grande tristeza dos alfacinhas, nem os conventos ficaram de pé.

Tirar o cavalinho da chuva

Significado Perder a esperança de conseguir algo ou desistir de qualquer coisa.

Origem Antes do comboio, o cavalo era o transporte mais popular e, tal como acontece hoje com o carro, era preciso estacioná-lo. O lugar, contudo, não era o primeiro que aparecia e servia muitas vezes para mostrar a intenção do visitante logo à chegada. Se amarrasse o animal à frente da casa, significava que a visita era breve; se o bicho ficasse num lugar mais abrigado, era porque o dono contava demorar. Outras vezes, era o próprio anfitrião que desafiava o convidado a «tirar o cavalo da chuva», isto é, levá-lo para um sítio mais abrigado porque a conversa estava boa demais para ficar por ali. Com o tempo, o cavalo passou a cavalinho e a expressão que, terá origem no Brasil, tornou-se sinónimo de desistir de uma intenção ou de um plano.

Dourar a pílula

Significado Tornar algo menos desagradável, dizer que algo é melhor do que na realidade é.

Origem Dourar significava pôr uma capa de açúcar, de mel ou de caramelo num comprimido, truque usado nos antigos boticários para tornar um remédio menos amargo. A expressão já seria popularmente usada no século 17, uma vez que aparece na obra de António Delicado, «Adagios portuguezes reduzidos a lugares communs», de 1651.

Fila indiana

Significado  Caminhar ou fazer uma fila de forma ordeira, um atrás do outro.

Origem   Uma das explicações mais consensuais é a que atribui este termo à forma como os índios das Américas caminhavam nas selvas, um atrás do outro. Era a estratégia usada pelos guerreiros para enganar o inimigo: quem estava atrás pisava as pegadas do companheiro da frente e o último apagava todos os vestígios da sua passagem pela floresta.

Do tempo da Maria Cachucha

Significado Muito antigo.

Origem Cachucha era uma dança popular na região da Andaluzia, em Espanha. A bailarina começava a dançar ao som das castanholas, batendo com os saltos do sapato num movimento lento, que aos poucos ia acelerando até terminar num rodopio. Em Portugal, a dança originou uma popular cantiga, Maria Cachucha, dançada no século 19, mas com uma letra mais burlesca e divertida.

Ficar em águas de bacalhau

Significado Algo que ficou sem efeito, que não atingiu a meta ou que voltou ao ponto de partida.

Origem As águas de bacalhau ficavam nos mares da Terra Nova ou na Gronelândia, de onde muitos dos bacalhoeiros portugueses regressavam contentes com o resultado da pesca ou, então, amargurados com as cargas de peixe ou as vidas que se perderam para sempre nas duras expedições.

Favas contadas

Significado Certeza de que algo vai acontecer exatamente como se previu, negócio certo.

Origem Para ser abade de um mosteiro era preciso primeiro conquistar os votos dos monges. Ou melhor, as favas brancas, essas é que garantiam a sua eleição. Se, pelo contrário, no final da votação fossem as pretas em vantagem, o candidato regressava à sua vida de monge de sempre. O método começou a ser usado na Idade Média, prolongando-se nos séculos seguintes, mas, segundo alguns especialistas, a prática de usar favas para eleger representantes já seria usada na Grécia Antiga.

Ir ou mandar para o maneta

Significado Objeto avariado e sem conserto, alguém que teve um acidente e ficou muito mal no hospital.

Origem De tão cruel que era, o general Henri Loison nunca foi esquecido em Portugal. Dois séculos se passaram desde a primeira invasão francesa (1807), mas a sua presença persistiu na memória do povo através de uma expressão que, até há poucos anos, foi bastante usada pelos nossos avós. Mandar alguém para o maneta ou dizer que algo foi para o maneta não era nada simpático, pois queria dizer que se tinha pouca estima por esse alguém ou então que essa coisa estava irremediavelmente estragada. O general Loison perdeu um braço durante uma das batalhas e, enquanto esteve em Portugal, juntamente com o general Junot, ganhou a fama de homem implacável pelas torturas e mortes violentas de que terá sido responsável.

Lua-de-mel

Significado Viagem romântica dos recém-casados.

Origem Um dos rituais que os recém-casados na Irlanda deveriam seguir era tomar o mead, uma bebida fermentada feita de mel, água, malte e outros ingredientes. O mel, já nessa altura, era considerado um rico alimento, associado também à fertilidade. Daí os casais terem de beber o mead durante um mês, ou uma lua, após o casamento. Não é difícil, portanto, perceber a origem da expressão que surgiu originalmente do inglês, honeymoon.


 

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Porquê fazer perguntas?

barco à vela perguntas

Perguntas são como um estalido de uma chave a abrir o trinco da porta, mostrando caminhos que nem se desconfiava existirem. É como içar a vela de um navio e partir à descoberta no mar-alto, sem saber para onde se vai. Quanto mais desconhecido é o oceano, mais vontade em avançar, tal qual os exploradores à procura de novos lugares.

A graça disto tudo é que as boas perguntas podem vir de qualquer um. De um filósofo, que ganha a vida a fazer perguntas, de uma criança ao querer saber porque é o céu azul ou porque é o mar salgado, ou então de um cientista que não sossega enquanto não descobre a origem de tudo.

Não haveria grandes descobertas e nunca se chegaria a lado nenhum sem perguntas. A história das ciências está cheia de casos de como uma única pergunta, nunca feita, foi capaz de permitir avanços enormes na física, na biologia, na medicina, na psicologia ou na geografia.

Há sempre um curioso por detrás de cada pergunta. Se fosse preciso traçar o percurso do conhecimento, poder-se-ia dizer que a curiosidade é o interruptor, a pergunta é a corrente elétrica e a resposta é a lâmpada que se acende, mostrando coisas que não conhecíamos sobre nós, sobre os outros ou até lugares e sentimentos inesperados.

Há muitos tipos de perguntas, tantos que quem se atrever a fazer uma lista corre o risco de esquecer algumas ou mesmo muitas perguntas que se fazem todos os dias ou só de vez em quando. Ainda assim, O Bicho-Que-Morde selecionou uns quantos tipos de perguntas que estão entre os mais importantes para ele, não quer dizer que não haja mais e até mais importantes para outros.

Perguntas Pingue-pongue

Perguntas de pescadinha de rabo na boca (ou bola pingue-pongue)

Uma pergunta, traz uma resposta que logo a seguir precisa de outra pergunta. E, depois dessa pergunta, mais uma resposta com outra pergunta que tem mais uma resposta com outra pergunta. Como uma bola de pingue-pongue a saltar de um lado para outro da mesa até se chegar a uma resposta que completa finalmente todas as perguntas… até à próxima pergunta.

Alvo perguntas certeiras

Perguntas certeiras

Fazer perguntas após perguntas sem pensar nas respostas é tontice, mas se a cada 3 ou 4 perguntas há uma que nos faz pensar já valeu a pena. Às vezes são precisas algumas ou muitas perguntas para se fazer finalmente a pergunta certa – aquela que nos põe a pensar como nunca pensamos antes nessa pergunta. É como se tivéssemos primeiro de subir dois degraus, descer dois e voltar a subir mais um para chegar onde queremos. Perguntas certeiras podem demorar, recuar, avançar, andar às voltas até que … zás!

Perguntas escorregadias

Nem todas as perguntas têm ou precisam sequer de uma resposta do tipo sim ou não, bom ou mau, certo ou errado. Se todas as respostas fossem diretas, qual era a piada desta vida? Em alguns casos, há diferentes respostas para a mesma pergunta. A resposta certa para uns não é para outros. Depende de muita coisa, do país em que se nasceu, da religião em que se acredita, dos gostos ou da idade só para citar alguns exemplos.

Perguntas revolucionárias

Uma pergunta tem o poder de desarrumar as ideias, deixando-nos confusos.  Ficamos na dúvida, o que nem sempre é confortável. Às vezes andamos convencidos de que temos as respostas certas até um dia alguém fazer uma pergunta  – e é o suficiente para começarmos a perguntar se, afinal, temos assim tanta a certeza das respostas que damos como certas.

Perguntas destemidas

Quem tem medo das perguntas parvas? A pergunta está mal feita, mas é de propósito. Não há perguntas parvas; parvo é o medo de que a pergunta seja parva. E quem tem medo fica mais parvo e sem saber. O medo das perguntas parvas é algo que, em muitos casos, cresce com a idade. As crianças não têm medo, perguntam e pronto. Os adultos deviam aprender com elas.

Perguntas sonhadoras

Sabemos bem que não somos pássaros, duendes ou super-heróis. Sabemos que, na vida real, os desejos não acontecem num perlimpimpim e os problemas não desaparecem com um abracadabra. Será isso motivo para impedir de, pelo menos, perguntar como seria se um dia acordássemos e pudéssemos viver todas as fantasias? É sempre bom ter um plano de retaguarda, nunca se sabe. Imagina que acordas uma manhã destas e, em vez de braços tens um par de asas. Para onde voarias? Ou então um superpoder, um qualquer à tua escolha. Qual seria e como o usarias? E, mais incrível ainda: se pudesses ser invisível por um dia o que farias? E para onde irias se pudesses viajar no tempo?

Perguntas empáticas

Quando perguntamos a alguém o que é que se passa com ela, não ficamos apenas a saber o que tem ela, mas passamos também a imaginar e, muitas vezes, a sentir o que ele sente. A empatia é a capacidade que todos temos de nos colocar no lugar do outro. A tristeza de um amigo torna-se a nossa tristeza e o mesmo acontece com a alegria. É como despir a nossa pele e vestir a pele dos outros, descobrindo o que estava fora e passou para dentro de nós. Como será a vida de uma pessoa cega? E como é que brincam as crianças que não têm brinquedos? Ou como é ter uma doença que obriga a passar os dias num hospital? Essas são algumas perguntas que despertam um dos maiores poderes da humanidade: a solidariedade, a energia gigante para mudar o mundo.

Perguntas introspetivas

Introspeção é daquelas palavras complicadas que se engasgam na garganta, mas é muito mais do que isso. Significa afastar tudo o que nos rodeia para entrar na nossa própria cabeça e fazer as perguntas que nos ajudam a conhecer melhor. Andamos tão entretidos com o que se passa lá fora, que esquecemos de olhar para dentro. E no nosso interior é que estão as perguntas mais difíceis, mas também das mais interessantes e as que nos tornam mais fortes.  Experimenta fazer a ti próprio as perguntas que, por algum motivo, nunca tens tempo para fazer. De que tenho mais medo? Porquê? Gostas mais de estar sozinho/a ou com muita gente à volta? Por que tens medo de errar? Qual a coisa mais corajosa que já fizeste?

Perguntas silenciosas

Por fim, as perguntas não precisam sequer de sair pela boca, não precisam de estarem escritas, nem que alguém mais as escute. «Será que…?», «E se…?», «Como é que…?». Chega para parar, pensar e procurar uma resposta nos livros, dentro de nós ou junto de alguém. Antes de terminar, convém só acrescentar que, por mais perguntas que façamos, nunca são demais para os mistérios deste mundo e do universo . Não desistam, por isso, de fazer perguntas. 😏🤓🤔 

Porque muitas vezes uma pergunta parva é a melhor de todas, lê também: Por que choramos?

Uma infância feliz dura a vida toda

Infâncias Felizes

O que há em comum entre uma história para dormir, um banho de mar, uma bússola misteriosa ou um disco de Bach? São tudo memórias de crianças que cresceram e protagonizaram grandes feitos na literatura, na ciência, na arte ou na política. Einstein, Frida Kahlo, Sophia ou Mandela nunca esqueceram os momentos mais felizes da infância. É das boas coisas que guardamos toda a vida e às quais podemos regressar sempre, mesmo nos períodos difíceis. Por isso, se ainda és criança, faz o impossível para seres feliz. E se és adulto, agarra-te às tuas boas recordações para fazeres feliz uma (ou muitas!) criança(s).


Nelson Mandela

A montanha-russa de Qunu

Quem foi Nelson Mandela?

Nascido na aldeia de Qunu, Mandela deveria ocupar um cargo de chefia na sua tribo, mas, aos 23 anos, recusou esse destino e seguiu para a maior cidade da África do Sul, Joanesburgo. Estudou Direito e entrou na política, lutando pela liberdade dos negros. A rebeldia valeu-lhe 27 anos de prisão. É libertado em fevereiro 1990 e, quatro anos depois, torna-se no primeiro negro a ser eleito presidente da África do Sul. Todos temiam a sua terrível vingança contra os brancos, mas, em vez disso, Mandela lutou pela reconciliação do país: «O perdão liberta a alma, faz desaparecer o medo. Por isso, é uma arma tão poderosa.»

Uma memória feliz

A autobiografia «Um Longo Caminho para a Liberdade («Long Walk to Freedom») está cheia de histórias felizes que Nelson Mandela viveu na povoação onde nasceu. «Qunu fica num vale estreito e verdejante atravessado por riachos e cercado por colinas», escreveu Nelson Mandela na abertura de «Uma infância no campo», o 2.º capítulo do livro. Continuemos então a ler mais sobre a aldeia de Mandela, com «algumas centenas de pessoas» a viver em «cabanas de paredes de barro em forma de colmeia.»

«Não tinha mais de cinco anos quando me tornei pastor, cuidando de ovelhas e bezerros nos campos. Descobri o apego quase místico que o povo Xhosa tem pelo gado, não apenas como fonte de alimento e riqueza, mas como uma bênção de Deus e uma fonte de felicidade.»

«As colinas acima de Qunu eram pontilhadas por grandes rochas lisas que transformávamos na nossa própria montanha-russa. Sentávamo-nos em pedras planas e escorregávamos pelas rochas grandes. Fizemos isso até as nossas costas ficarem tão doridas, que mal podíamos sentar.»

«Aprendi a cavalgar sentando em cima de bezerros desmamados – depois de várias vezes atirado ao chão, apanhei finalmente o jeito.»

Antoine Saint Exupéry

O primeiro voo de Tonio

Quem foi Antoine de Saint-Exupéry?

Escritor, ilustrador e aviador, Antoine de Saint-Exupéry ficou mundialmente conhecido com a única obra que escreveu para crianças – O Pequeno Príncipe. Quase todos os seus livros estão de alguma forma relacionados com a aviação. Pilotar aviões foi um gosto que ganhou asas nas férias escolares passadas no Castelo de Saint-Maurice-de-Rémens, da tia-avó Gabrielle Tricaud. Localizado na vila de Ain, a 40 km de Lyon, é neste lugar que estão os melhores momentos da sua infância e que marcam todo o seu trabalho, como admitiu várias vezes nas cartas escritas a amigos e família.

 «De onde eu sou? Sou da minha infância como de um país.»
Piloto de Guerra (1942)

Uma memória feliz

Dos verões passados no castelo da tia-avó, o de 1912 foi o mais memorável. Todas as tardes, «Tonio» – como era tratado pelos irmãos e pela mãe – agarra na bicicleta e pedala até ao aeródromo Ambérieu-en-Bugey. Mecânicos e aviadores deixam-no ficar ali horas a fio a espreitar o interior dos aviões e a fazer perguntas: «como é que isto funciona?», «para que serve esta peça?», «para onde é que este já voou?». Numa dessas tardes, Tonio chegou a tremer de entusiasmo, assegurando ao piloto Gabriel Salvez que a mãe o autorizara a fazer o seu primeiro voo. Esse foi o dia em que fez o seu batismo no W2 bis (W de Wroblewski) 7.8, a aeronave construída em Villeurbanne pelos irmãos Pierre e Gabriel Wroblewski dit Salvez. De regresso ao castelo, mas ainda com a cabeça nas nuvens, Exupéry escreve este poema, dedicado à sua eterna paixão:

As asas tremeram sob a respiração da noite
O motor da sua música abalou a alma adormecida
O sol roçou contra nós com sua cor pálida.

Clica aqui se quiseres saber também mais sobre Saint Exupéry e O Principezinho.

Sophia

O escritório do avô

Quem foi Sophia de Mello Breyner Andresen?

Sophia está entre os poetas portugueses mais importantes do século 20, mas também escreveu vários clássicos infantis, como «A Menina do Mar», «Fada Oriana», «O Cavaleiro da Dinamarca» ou «Rapaz de Bronze». De origem dinamarquesa pelo lado do pai, ela nasceu no Porto, dividindo a sua infância entre esta cidade e Lisboa. A Praia da Granja, em frente à Casa Branca, onde ela passou os verões, em Vila Nova de Gaia, é uma das memórias de infância e de juventude mais recorrente de Sophia, inspirando-a em boa parte da poesia e de obras como «A menina do Mar»:

«Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar. Tinha uma porta, sete janelas e uma varanda de madeira pintada de verde. Em roda da casa havia um jardim de areia onde cresciam lírios brancos e uma planta que dava flores brancas, amarelas e roxas.»

Mas é em Lisboa que estão as primeiras memórias felizes da infância, ligadas ao seu gosto pela música e também pela dança. Fiquem com o curto, mas belíssimo, excerto retirado da entrevista disponível no Espólio de Sophia da Biblioteca Nacional.

Uma memória feliz

«E quando eu era ainda muito pequena, quando estava em Lisboa, logo de manhã ia para o escritório do meu avô – que eram três grandes salas seguidas, cheias de livros, de quadros, de retratos, de mapas e de mil coisas misteriosas – um lugar onde eu entrava em bicos de pés – e o meu avô punha sempre a tocar um disco de Bach – talvez por isso a música de Bach foi sempre a que melhor entendi. E na Granja, à tarde, o José Ribeiro tocava violoncelo, nuns outonos de tardes oblíquas. E quando estava no Porto ia para Matosinhos para casa do Eduardo e do Ernesto Veiga de Oliveira e ouvíamos Das Lied von der Erde do Mahler, que nesse tempo ainda não estava na moda. E em casa do António Calém a música estava sempre no centro de cada encontro.»

Frida

Pousando no estúdio do pai

Quem foi Frida Khalo?

Considerada uma das maiores artistas plástica do México, ela cresceu com as três irmãs na Casa Azul, a moradia da família na Cidade do México, onde hoje está instalado o Museu Frida Kahlo. Aos seis anos, contraiu poliomielite e teve de passar nove meses na cama. A doença deixou graves sequelas, ficando a perna direita dela mais fina do que a esquerda, obrigando-a a coxear pelo resto da vida. O pai, Guillermo Kahlo, é a figura que esteve sempre presente nesse período difícil e durante toda a infância da artista. Foi ele quem incentivou «Frieducha» a praticar desportos para ajudar na sua recuperação. Ela jogava futebol, fazia natação e luta livre, atividades pouco comuns para raparigas daquela época.

Uma memória feliz

O pai é a recordação mais feliz da infância de Frida. Guillermo Kahlo, descendente de alemães, era fotógrafo e tinha um estúdio na Cidade do México para onde levava muitas vezes a filha, deixando-a explorar os cantos da casa, os filmes, os produtos e as máquinas fotográficas. Frida acompanhava-o também nos trabalhos que o pai fazia para a imprensa da época, ajudando-o depois a revelar as fotos no quarto escuro. Das longas horas passadas no estúdio, saíram os raros retratos que Guillermo foi tirando todos os anos à filha e que podes espreitar neste site.

Desde criança que ela aprendeu a pousar para a câmara do pai, olhando diretamente para a objetiva. Essa experiência viria, segundo os estudiosos da sua obra, a influenciar a sua pintura, principalmente os autorretratos que pintou vestida em trajes tradicionais.

Einstein

A bússola que mudou a direção da ciência

Quem foi Albert Einstein?

Oriundo de uma família judaica, Einstein nasceu na cidade alemã de Ulm, mas deixou o país aos 17 anos para viver e estudar na Suíça. Voltaria já casado à Alemanha, mas, em 1933, mudar-se-ia definitivamente para os Estados Unidos para escapar ao regime nazi. Considerado o maior cientista dos últimos três séculos, a sua teoria da relatividade mudou o conhecimento sobre a Física e o Universo, originando novas conceções sobre o tempo, o espaço, a massa, o movimento e a gravidade. A sua famosa equação E = mc², onde c é a velocidade da luz, tornou-se fundamental para criar a energia atómica, mas ele defendeu sempre o uso da ciência para fins pacíficos.

Uma memória feliz

Einstein nunca esqueceu as semanas em que, com cinco anos, caiu na cama doente. A memória perdurou não por se sentir cansado e infeliz. Da doença nem sequer se lembra, pois esses foram os dias em que mais mimos recebeu da família, ganhando até um brinquedo que mudaria a sua vida. O pai, Hermann Einstein, trouxe-lhe uma bússola magnética que o deixou entretido dias a fio. Albert agitava o aparelho, atirava-o pelo ar, colocava-o em cima, em baixo, pendurado nos dedos ou asfixiado na almofada. Tentava enganar a agulha, mas ela encontrava sempre o caminho para o norte magnético. «Que maravilha!» – Pensou ele, intrigado com a força invisível que guiava o ponteiro da bússola.

Muitos anos mais tarde, já era ele famoso pela sua Teoria da Relatividade Geral, escreveria no livro «Out Of My Later Years»:

«Lembro-me ou pelo menos creio que me lembro que essa experiência me causou uma impressão profunda e duradoura. Devia haver algo escondido nas profundezas das coisas.»

Começava assim, aos cinco anos, a aventura de Einstein, que o levaria a revolucionar as áreas de conhecimento como a Matemática, a Física quântica, a cosmologia ou a mecânica.

«Não tenho um dom especial. Sou apenas apaixonadamente curioso.»

Clarice Lispector

Sair de madrugada e mergulhar no mar

 

Quem foi Clarice Lispector?

Foi uma escritora e jornalista, que nasceu na Ucrânia e viveu no Rio de Janeiro. Escreveu romances, contos e ensaios e é considerada uma das autoras brasileiras mais importantes do século 20. O excerto que aqui se reproduz é da crónica «Banhos de Mar» e faz parte da coletânea de crónicas reunidas no livro «A Descoberta do Mundo», publicada pela editora Relógio de Água.

Se quiseres, podes ler o texto completo aqui.

Uma memória feliz

«Meu pai acreditava que todos os anos se devia fazer uma cura de mar. E nunca fui tão feliz quanto naquelas temporadas de banhos em Olinda, Recife.

Meu pai também acreditava que o banho do mar salutar era o tomado antes do sol nascer. Como explicar o que eu sentia de presente inaudito em sair de casa de madrugada e pegar o bonde vazio que nos levaria para Olinda ainda na escuridão? De noite eu ia dormir, mas o coração se mantinha acordado, em expetativa. E de puro alvoroço, eu acordava às quatro e pouco da madrugada e despertava o resto da família. Vestíamos depressa e saíamos em jejum. Porque o meu pai acreditava que assim devia ser: em jejum.

Saiamos para uma rua toda escura, recebendo a brisa da pré-madrugada. E esperávamos o bonde. Até que lá longe ouvíamos o seu barulho se aproximando. Eu me sentava bem na ponta do banco: e a minha felicidade começava. Atravessar a cidade escura me dava algo que jamais tive de novo. No bonde mesmo o tempo começava a clarear e uma luz trêmula de sol escondido nos banhava e banhava o mundo.

(…)

Eu não sei da infância alheia. Mas essa viagem diária me tornava uma criança completa de alegria. E me serviu como promessa de felicidade para o futuro. Minha capacidade de ser feliz se revelava. E eu me agarrava, dentro de uma infância muito infeliz, a essa ilha encantada que era a viagem diária.»

Agatha Christie

Fantasias macabras ao final de tarde

Quem foi Agatha Christie?

Nascida em Torquay, cidade britânica nas margens do Canal da Mancha, Agatha Christie é considerada a autora mais vendida de todos os tempos. Os 66 romances policiais e 14 coletâneas de contos publicados ao longo da vida venderam mais de mil milhões de exemplares em todo o mundo. No meio de toda a espécie de criminosos, revelados no fim de cada livro, as cozinheiras e as empregadas nunca estiveram entre os suspeitos. Querem saber porquê? Agatha seria incapaz de trair as suas grandes companheiras da infância.

Uma memória feliz

Livros e histórias estão em todas as recordações felizes da infância de Agatha Christie. Ela nunca se esqueceu dos contos e aventuras que a mãe lhe lia todas as noites antes de adormecer. Mas ela também guardou para sempre as histórias macabras que Madge, a irmã mais velha, inventava sobre uma outra irmã imaginária, que, além de louca, tinha poderes sobrenaturais. As duas passavam as tardes a fantasiar histórias com muito crime e mistério à mistura, acabando por despertar o talento de Agatha Christie para a literatura policial.

Aproveita esta viagem pela infância para conheceres também a história do Dia Mundial da Criança


Crédito das imagens:
Desenho de Sofia de Mello Breyner Andresen – Bottelho -Botelho / CC BY-SA 3.0
Retrato de Frida Khalo em criança – Guillermo Kahlo, 1932, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons
Retrato de Agatha Christie quando adulta – Torre Abbey / CC BY SA 3.0

Quantas cores têm as frutas e os legumes?

Frutas e legumes

Tudo se resume a seis cores, mas o valor nutricional por detrás de cada uma é brutal. Não será por acaso que os nutricionistas recomendam, no mínimo, três cores diferentes no prato. Queres descobrir o poder de cada uma delas? Então explora os benefícios das frutas e dos legumes, mas prepara-te para esbarrar num chorrilho de palavras esquisitas – quercetina, carotenos, licopeno, resveratrol, antocianina e outras de deixar a língua atrapalhada nas letras. Não te deixes intimidar, pois elas, além de inofensivas, dão muita cor, alegria e saúde à nossa vida.

Frutas e legumes

O poder dos neutros

Frutas e legumes brancos devem a sua cor aos fitoquímicos chamados de antoxantina. Não precisas decorar o nome, basta saber que, por regra, esses alimentos são ricos em cálcio e potássio – essenciais para os ossos, batimentos cardíacos, músculos ou sistema nervoso. Os alimentos brancos carregam ainda vitaminas do complexo B – B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9 e B12 –, convertendo os alimentos em energia suficiente para várias piscinas ou muitas pistas de atletismo.

É importante não esquecer o papel dos flavonoides na proteção das células do corpo. Nesse campo das palavras esquistoides, aliás, é preciso acrescentar os indóis, fitoquímicos que ajudam no processo de multiplicação das células e na prevenção de tumores. Alguns alimentos, como o alho e a cebola, contêm alicina e quercetina com benefícios para o coração e, em particular, para o sistema cardiovascular.

Bons exemplos cebola, alho, batata, feijão branco, couve-flor, sementes de girassol, cogumelos, arroz, amendoins, gengibre ou banana (que também partilha propriedades dos alimentos amarelos).

O pai, alho; a mãe, cebola; como pode o filho cheirar bem?

🧄🧅
Provérbio árabe

frutas e legumes

A força do corpo e da mente

A clorofila está nas frutas e legumes com a pigmentação verde, transportando as vitaminas A, C e E, e transformando os alimentos num poderoso antioxidante. Além de fornecer proteínas e fibras benéficas para regular os intestinos, o verde mantém o corpo hidratado e saudável. O magnésio nesses vegetais ajuda a combater o cansaço, facilitando também o relaxamento muscular. O ácido fólico, por outro lado, é essencial na saúde das grávidas e dos fetos.

Os investigadores da Universidade Rush e do Centro de Pesquisa em Nutrição Humana, nos Estados Unidos, descobriram ainda que comer diariamente alimentos verdes ajuda a travar a perda de memória. Por isso, acrescenta uma dose diária de verde não só no teu prato, como no dos teus pais e dos teus avós. Da próxima vez que eles se fizerem esquecidos por algum motivo que não te é conveniente, já sabes que não terão desculpa. 😉

Bons exemplos  espinafre, brócolos, couve de Bruxelas, aipo, feijão verde, ervilhas, salsa, algas marinhas, repolho verde, quivi, alface, entre outros.

Levando um velho avarento
Uma pedrada no olho,
Põe-se-lhe no mesmo instante
Tamanho como um repolho.

Bocage (Epigrama Imitado)

Frutas e legumes

A carapaça superprotetora

Os pigmentos carotenos, responsáveis pelas cores amarela e laranja das frutas e legumes, contribuem para aumentar o poder da melanina da pele. O seu principal componente é o betacaroteno, a vitamina A, que além de antioxidante, protege a pele, a visão, as mucosas e o sistema imunológico. O outro caroteno presente em frutas como tangerina, polpa de maracujá, laranja, limão ou manga, por exemplo, é a betacriptoxantina – quem será que inventa estas palavras, alguém sabe? Podes não conseguir dizer be-ta-cri-pto-xan-ti-na de uma assentada, mas é bom saber que se trata de um pigmento com propriedades anti-inflamatórias, ajudando a reduzir ou a prevenir alergias, doenças crónicas ou obesidade. A vitamina C, contida nesses alimentos, é igualmente um ótimo contributo para fortalecer o sistema imunológico.

Bons exemplos  melão, pimentão amarelo, laranja, limão, manga, tangerina, papaia, cenoura, maracujá (que partilha também as boas propriedades dos alimentos roxos), milho, abóbora, limão.

Pêssegos, peras, 🍐 laranjas,
🍓 morangos, cerejas, figos,
maçãs, melão, melancia, 🍉
ó música 🎵 de meus sentidos,
pura delícia 🥰 da língua;
deixai-me agora falar
do fruto que me fascina,
pelo sabor, pela cor,
pelo aroma das sílabas:
tangerina,💖  tangerina.

Eugénio De AndradeTangerina

frutas e legumes

A fúria contra as doenças

O licopeno – um tipo de carotenoide – é responsável pelos tons vermelhos nas frutas e legumes, conferindo-lhes qualidades antioxidantes. Significa isto que os vegetais vermelhos combatem os radicais livres, aqueles que, em excesso, danificam as células. Os alimentos como tomate, morango ou framboesa são grandes fontes de magnésio e também de vitamina C – poderoso antioxidante que ajuda a absorver o ferro. E, já agora, melancias ou pimentões vermelhos, só para citar alguns exemplos, são também ricos em vitamina C. Estudos recentes indicam ainda que os vermelhos protegem o sistema cardiovascular, lutando contra vários tipos de cancro e doenças do sistema urinário.

Bons exemplos  romã, tomate, cereja, morango, melancia, framboesas, maçã, pimentos, rabanetes.

🍒Quero fazer contigo
o que a primavera faz com as cerejeiras.
🍒
Pablo Neruda – Poema 14

Frutas e legumes

Os guardiões do coração

Uvas, repolho roxo, mirtilos ou amoras devem a sua cor a um pigmento chamado antocianina, um fitoquímico com efeitos antioxidantes que pode ajudar na prevenção de problemas cardiovasculares. Outra substância responsável pela cor roxa das folhas é o betacaroteno, que, como sabemos, é excelente para a visão. As frutas e legumes roxos são igualmente ricos em ácido elágico, substância que protege a pele da luz ultravioleta e diminui o risco de formação de células cancerígenas. Outros aliados, como o resveratrol e as antocianinas, também previnem o cancro, além de controlarem o peso, a glicemia e as células gordurosas. O roxo contém ainda propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Um estudo da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, sugere que, nas mulheres, um alto consumo desses alimentos pode diminuir o risco de enfarte do miocárdio.

Bons exemplos beterraba, beringela, couve roxa, batata doce roxa, mirtilos, ameixa, cebola roxa, lavanda, uvas, amoras, alface roxa.

🐄Eu beberei leite no dia em que as vacas comerem uvas.
 🍇 Jean Gabin (ator francês)

 

Aproveita esta alegria cromática para ler também: Quantas cores tem o mundo? 

Fontes consultadas: Eat smart | Winmedical |El Pais |