Prisioneiros de Zomba. Canções à solta pelo mundo

prisioneiros de Zomba

A prisão de alta segurança de Zomba foi durante muitos anos um lugar riscado no mapa de Malawi. Boa parte dos reclusos cometeu crimes sérios, mas outros estão condenados por coisas tão ridículas como feitiçaria ou homossexualidade. É nesta cadeia velha e a cair aos bocados que surge uma banda de música. Os prisioneiros de Zomba cantam para esquecer este lugar, mas as canções deles escaparam das grades e chegaram ao mundo inteiro.

Em qualquer lugar de Zomba, as montanhas são a única paisagem que se vê no horizonte. Para chegar às aldeias, demoram-se várias horas indo por caminhos estreitos e cheios de curvas que, em algumas partes, só podem ser percorridos a pé ou de bicicleta.

É uma cidade bonita, no sul de Malawi, com pouco mais de 100 mil habitantes, que cultivam arroz, milho, tabaco ou produzem leite. Mas para quem, como eu, vive perto da prisão central, é difícil reparar na beleza deste lugar. Só consigo ver muros, grades e portões.

Sou guarda há mais de 20 anos e ainda não me acostumei. Ao voltar a casa só me apetece esquecer este sítio, mas este sítio não me sai da cabeça. A música é o único remédio. Quando pego na viola e começo a cantar com a minha banda, já nem me lembro que tenho de regressar à prisão no dia seguinte.

A escuridão na prisão

Prisioneiros de Zomba
Crédito: Minidocumentário “I Will Not Stop Singing” (Marilena Delli)

A cadeia de Zomba foi contruída para 300 reclusos, mas tem mais de 2000 detidos em celas apertadas.

Se para mim é difícil, mais complicado é para quem vive dentro dos muros. A prisão central de Zomba é um edifício velho, construído no tempo em que os britânicos fizeram do Malawi uma das suas colónias. Foi planeada para 340 reclusos, mas tem mais de 2000 homens e meia centena de mulheres.

Nas celas, os prisioneiros de Zomba dormem no chão, encostados uns aos outros. Quando um se quer virar para outro lado, todos os outros têm também de virar ao mesmo tempo que ele.

A única refeição que eles comem por dia é uma papa de farinha de milho. Por vezes, têm sorte e ganham um punhado de feijões cozidos no prato. A carne é um luxo de algumas noites de Natal, mas nem sempre.

Eu nem devia queixar-me. A vida deles é muito mais dura do que a minha. É que não tem comparação. Foi por isso que pensei em ensinar um bocadinho de música para que, de vez em quando, pudessem também esquecer este lugar. Só que primeiro é preciso autorização do diretor-geral. Bati à porta do gabinete dele logo a seguir à hora de recolher.

_ Entra Thomas Binamo, o que queres comigo? – Perguntou Little Dinizulu Mtengano.

_ Como está senhor diretor? Desculpe o incómodo, mas tive uma ideia que pode ser boa para a prisão.

_ De que falas?

_ Sabe, senhor diretor, nas minhas horas livres canto e toco guitarra numa banda, às vezes até animamos as festas nas aldeias.

_ Fico contente em saber, mas porque me contas isso?

_ Estava pensar que podia ensinar música aos prisioneiros de Zomba.

_ Olha que não é nada má ideia, Thomas. É uma maneira de os manter longe das brigas e de outras confusões piores. Mas podíamos aproveitar também para ensinar outras coisas importantes.

_ Está a falar de quê senhor diretor?

_ Podias escrever canções que ensinassem hábitos de higiene e espalhassem mensagens de prevenção de doenças como a sida. A música é um excelente meio para ensinar.

_ Acho muito bem.

_ Ótimo! Ainda esta semana vou arranjar uma concessão que deve dar, pelo menos, para comprar alguns instrumentos.

Uma ideia com pernas para andar

Prisioneiros de Zomba
Documentário Zomba Prision Project (Marilena Delli)

Uma banda de música é um projeto simples, mas pode mudar a vida na prisão de Zomba.

Foi logo no dia a seguir que o diretor começou a tratar da papelada. Ele sabe que o meu objetivo é fazer com que os reclusos esqueçam o inferno que é esta prisão. Não é preciso ser muito perspicaz para perceber que tenho razão.

O senhor Mtengano tem perfeita consciência de que as condições em que os prisioneiros de Zomba vivem estão longe de serem razoáveis, mas os governantes da capital nunca se preocuparam com os reclusos desta ou de outras cadeias. Não é agora que iriam começar, sobretudo, porque a esmagadora maioria dos reclusos nem sequer sabe ler ou escrever. Para quê gastar dinheiro com um bando de analfabetos? – é o que pensam eles.

Na prisão de Zomba é bem pior. É a única cadeia de alta segurança para o país inteiro. Aqui dentro, estão detidos homens e mulheres que cometeram crimes muito sérios – roubaram, agrediram e até mataram. Mas também há outros condenados por coisas tão ridículas como feitiçaria ou homossexualidade. Boa parte deles espera anos pelo julgamento e, quando a audiência é finalmente marcada, não conseguem estar presentes, porque o sistema prisional não providencia o transporte até ao tribunal.

Há prisioneiros que nem sequer tiveram direito a um advogado que os defendesse. Muitos foram condenados sem saberem o que dizia a sentença, porque o juiz falava em inglês e eles só percebem chichewa, um dos principais dialetos de Malawi.

A prisão central é, portanto, um pontinho apagado no mapa de Malawi. É bastante complicado obter qualquer tipo de regalia para os prisioneiros de Zomba, mas o diretor-geral usa os melhores argumentos para convencer as autoridades da capital, em Lilongwe, de que o projeto, não sendo dispendioso, terá enormes benefícios para prevenir surtos de violência ou de doenças dentro das prisões.

O dinheiro chega finalmente passado uns meses e dá para comprar um par de guitarras, uma bateria e mais alguns instrumentos de precursão, além de teclados, baixos e ainda um gerador de energia. É um dia de festa, com uma multidão à volta dos instrumentos montados na carpintaria. Centenas de prisioneiros de Zomba querem participar na minha banda, mas, como tal não é possível, arranja-se maneira de formar vários grupos corais.

A prisão de Zomba, que até há pouco tempo parecia um cemitério de almas infelizes, transforma-se do dia para a noite. Em todas as esquinas ouve-se alguém a cantar. Às vezes, uma voz solitária aqui e outra acolá, outras vezes, dezenas de gargantas afinadas a dar espetáculos no pátio, nas celas, no refeitório, qualquer lugar serve para abrir a goela e soltar notas e acordes musicais.

Um casal no fim do mundo

Prisioneiros de Zomba
Documentário “House of Dance” (Marilena Delli)

Ian e Marilena andam pelo mundo a recolher músicas quando ouvem falar nos prisioneiros de Zomba.

Os prisioneiros de Zomba estão viciados nesta brincadeira, sempre a cantarolar e cada vez mais alto. Tão alto que, um dia, chega aos ouvidos de um casal de brancos que, vindos do nada, aparecem aqui. «O que será que eles querem?» – Pergunto a mim próprio quando os vejo passar o portão principal. Não esperei muito até ambos virem ter comigo.

_ Olá, boa tarde. Tu é que és o Thomas? – Quis saber o homem.

_ Sou eu.

_ Chamo-me Ian Brennan, sou americano e produtor de música. Esta é a minha mulher Marilena Delli, é italiana e faz documentários e fotografia. Ouvimos dizer que tens uma banda de música aqui dentro da prisão.

_ Sim, é verdade, mas como é que um branco do outro lado do mundo sabe que, neste fim de mundo, há uma banda de música?

– Esse é o nosso trabalho, Thomas. Há mais de 30 anos que andamos pelos lugares mais escondidos do planeta à procura de artistas e canções que nunca foram contagiados pelas grandes indústrias discográficas da Europa ou da América.

_ Estamos à procura de vozes e sons puros e já estivemos no Ruanda, no Sudão do Sul, no Vietname, na Argélia ou na Palestina. Há coisa de dois anos, estivemos aqui perto e ouvimos falar sobre vocês – continuou Marilena.

_ E o que querem connosco? – Pergunto um pouco desconfiado.

_ Queremos ouvir e gravar a vossa música, mas não tem sido fácil obter autorização. Já enviámos toneladas de papéis e formulários preenchidos, mas parece-me que as vossas autoridades não gostam de nos ter por perto. Conseguimos finalmente marcar uma reunião com o diretor-geral e é para lá que temos de ir agora. Sabes onde fica o gabinete dele?

_ Venham comigo.

O senhor Mtengano já está à porta do gabinete à espera deles. Entramos todos. Estou doido para saber no que isto vai dar.

_ Boa tarde, meus senhores – disse o diretor num tom muito sério -. Sabem que só vos recebo por cortesia e porque insistiram muito. Nós aqui não permitimos a permanência de estranhos, espero que possam compreender.

_ Deixou isso bem claro na nossa troca de emails – disse Ian –, mas queremos propor um acordo que pode ser positivo para ambas as partes.

_ Diga lá.

_ A música não é a minha única especialidade. Também trabalhei em prisões americanas e, durante muitos anos, dei cursos em que ensino os reclusos a resolverem conflitos sem necessidade de usarem a violência. Até escrevi vários livros sobre este assunto – disse Ian, tirando da mochila dois calhamaços que ofereceu ao diretor.

_ Agora é que esta história começa a ficar interessante – solta Mtengano, desfazendo finalmente a cara feia e abrindo um sorriso carregadinho de dentes brancos

– Que tipo acordo propõe?

_ Dou aulas e em troca o senhor deixa-nos passar algum tempo com os reclusos e guardas a ouvir a música que eles fazem.

_ É justo, mas não posso conceder mais do que duas semanas, combinado?

_ Ok. É melhor que nada.

Ian e Marilena começam logo a trabalhar. Da parte da manhã, ele dá os cursos aos prisioneiros e à tarde andam ambos pela prisão a ouvir a nossa cantoria. Parecem uns tontos de um lado para o outro, ele com o microfone estendido a captar sons no pátio, na oficina ou à porta das celas e ela sempre a fotografar ou a filmar.

Ian corre como uma barata tonta atrás da música

prisioneiro de Zomba
Documentário Zomba Prision Project (Marilena Delli)

A cantoria na cadeia acontece em qualquer lado e nos lugares mais inesperados. 

A verdade é que não é difícil ficar zonzo nesta cadeia quando se anda atrás da música. A cantoria acontece em qualquer lado e nos momentos mais inesperados. De repente, abre-se uma porta e aparece um sujeito todo contente a cantar. E, logo a seguir, surge Ian a tentar registar os bocadinhos de cantigas que apanha aqui e ali.

A oficina é, entretanto, transformada num estúdio com alguns aparelhos que o casal trouxe. Ian e Marilena estão encantados com o nosso dialeto. Dizem que é uma língua muito musical e que as nossas canções tão depressa são tristes e doces como alegres e cheias de ritmo. Nunca tinha pensado nisso. Nós aqui cantamos e pronto. Não demoramos muito tempo a matutar sobre as nossas canções.

Cantamos a vida nesta prisão, o arrependimento pelos crimes, as angústias por não sabermos o futuro dos nossos filhos. Coisas que a gente vê e sente na pele. Só isso.

Há prisioneiros que nem sequer sabiam que conseguiriam escrever canções até Ian os desafiar.

_ Eu não sou escritor – avisou Stefano Nyerenda ao ouvir a proposta do americano.

_ Por que não tentas? Não tem de ser nada de complicado ou longo, pode durar menos de 30 segundos se quiseres.

Stefano decidiu experimentar. Durante algumas noites, andou a escrevinhar e compôs uma música a que chamou «Women Today Take Care of Business». É o que ele pensa sobre elas. As mulheres são as principais responsáveis pelo progresso do país, trabalham dentro e fora de casa, a cuidar das crianças, a vender no mercado ou a gerir pequenos negócios.

E os homens? Esses, são preguiçosos – diz o rapaz na sua canção –, passam o tempo a dormir debaixo das árvores ou a jogar bawo, um jogo de tabuleiro muito popular no Malawi.

E, por falar em mulheres, onde é que elas andam? – Pergunta-me Ian, um dia –. Não acredito que só os homens têm talento…

Ian e Marilena decidem espreitar a ala feminina. São 35 mulheres que ali estão detidas. Não têm banda ou instrumentos, exceto uns baldes rotos que usam como tambores para dar ritmo aos coros e danças tradicionais que fazem no pátio. Nenhuma delas canta. Pelo menos é o que dizem, mas Ian e Marilena não vão na conversa.

_ Nada, nadinha?! – Provoca a italiana.

Ninguém responde, mas o casal insiste.

_ Gostávamos muito de vos ouvir. Quem sabe, até gravar algumas canções.

Silêncio. Outra vez.

Ian e Marilena ainda fazem mais algumas tentativas, mas ao perceber a resistência delas, decidem deixá-las em paz.

Estão quase a sair do pátio quando Gladys Zinamo toca no ombro do americano.

_ Eu fiz uma canção – diz ela, escondendo a cara com as mãos.

O casal dá meia volta e regressa ao pátio para ouvi-la. Parecem duas crianças entusiasmadas. A música dela, “Taking My Life“, conta como um dia os ladrões entraram em casa dela, levaram tudo e depois ela é que foi parar à prisão. Gladys foi condenada em 2010 por ser cúmplice do assalto na loja onde trabalhava [mas acabou libertada em 2013 por não se ter provado o crime].

Assim que ela acabou a canção, apareceu outra mulher também com vontade de cantar. E logo a seguir outra e depois mais outra. Gladys quebrou a barreira e Ian e Marilena estiveram horas a ouvir canções como «I Kill No More» e «Goodbye All My Friends».

Durante 10 dias, o americano não faz outra coisa senão gravar. Junta mais de seis horas de cantigas com cerca de 60 músicos. Assim que começa a ouvir o resultado do seu trabalho, percebe que tem ali material suficiente para lançar um disco. Selecciona 19 canções e uma área coral tradicional interpretadas em línguas tribais (na maior parte em chichewa).

Começa então a grande viagem destas 20 músicas compostas por 14 prisioneiros e dois guardas (eu sou um deles ☺). De Malawi seguem para França, onde são misturadas por David Odlum, um irlandês que é dono do estúdio Black Box. E depois vão para São Francisco, nos Estados Unidos, para serem gravadas pela discográfica Six Degrees Records.

Demora pouco menos de um ano e meio até o álbum ficar pronto. As gravações de Ian na prisão terminam em agosto de 2013 e, em finais de janeiro de 2015, surge o álbum «I Have No Everything Here». Ian regressa à prisão de Zomba para distribuir o álbum pelos guardas e prisioneiros. É um dia de festa e todos julgamos que este é o último capítulo de uma maravilhosa aventura.

Que engano tão grande! A aventura está só no princípio…

Em dezembro, as nossas músicas aparecem numa lista como um dos melhores álbuns de 2016. Ainda hoje estou para saber como é que em Los Angeles, na Califórnia, um júri descobriu quem somos nós. A notícia de que o nosso álbum está nomeado para um Grammy na categoria de Músicas do Mundo demora ainda umas semanas a chegar a Zomba. Mas, quando chega, é a LOU-CU-RA!

Jornalistas de todos os cantos chegam a Zomba e os prisioneiros aparecem nos jornais do mundo inteiro, do Japão à Finlândia, da Índia ao Chile, do Canadá à África do Sul, da Austrália à China e, claro, também na imprensa de Portugal.

Um prémio melhor que o Grammy

prisioneiros de Zomba
Six Degrees Records

Os reclusos achavam que não serviam para nada, mas descobriram que sabem cantar, compor canções e tocar instrumentos. 

Durante meses, foi um rodopio de fotografias, reportagens, entrevistas, filmagens e, no final, acabámos por não ganhar. É verdade que tínhamos uma esperança pequenina, mas sabíamos que era difícil. Por isso, nem nos importamos muito que o prémio fosse para uma cantora do Benin, Angélique Kidjo, uma lenda viva da música africana. A nossa recompensa foi muito melhor. Quem diria que os prisioneiros de Zomba seriam os primeiros artistas do Malawi a serem nomeados para os Grammy?

E quem diria também que o mundo iria falar de Malawi por causa de nós? Muitos dos prisioneiros de Zomba, que antes pensavam que nunca teriam perdão pelos seus crimes, acreditam agora que é possível alguém lhes abrir a porta quando saírem daqui. Muitos achavam que não prestavam para nada e agora descobriram que sabem cantar, escrever letras de músicas, compor canções ou tocar um instrumento.

Melhor ainda, esta aventura levou-nos mais longe ainda. Hoje, o nosso grupo chama-se Zomba Prison Project e em setembro de 2016 lançámos o segundo álbum – «I Will Not Stop Singing». Somos muito mais do que uma banda de música. O dinheiro da venda dos álbuns e dos donativos feitos no site da discográfica Six Degrees Records servem agora para ajudar os reclusos que nunca tiveram um advogado que os representasse.

Aos poucos, vamos conseguindo fazer algumas coisas. Três mulheres foram, entretanto, libertadas e outras três sentenças estão a ser revistas. O objetivo é que os fundos angariados através deste projeto possam ajudar mais e mais prisioneiros de Zomba como Fronce Afiki, a rapariga que compôs uma das canções mais alegres do primeiro álbum – “When They See Me Dance“.

Ela foi libertada em 2014 e regressou à sua aldeia, onde vive com os dois filhos numa casa de tijolos de barro que ela própria construiu. Fronce continua a cantar e a compor. Na canção mais recente, diz às raparigas que um marido não é tudo o que se pode esperar desta vida. Cada uma delas deve estudar, descobrir o seu talento, tocar um instrumento, aprender a tecer, um ofício qualquer, desde que seja o sonho delas.

A canção tem sido um sucesso na aldeia. As crianças vão ter com ela depois do jantar ou quando ela está a moer milho à porta de casa. Fronce canta e elas cantam também.

Vídeo

«Please Don’t Kill my Child», do álbum «I Have No Everything Here» (Thomas Binamo)

🦜Descobre também a história fantástica de Raoni em: Um guardião da Floresta nunca dorme.

Quantos mistérios tem a Matemática da Natureza?

Os cálculos que usamos para construir edifícios, compor melodias ou fazer contas de merceeiro são os mesmos que servem às plantas, animais ou planetas encontrarem as fórmulas mais eficientes para se alimentarem, crescerem ou simplesmente existirem. Bem-vindos ao mundo da Matemática da Natureza. Do arco-íris, às ondas do mar, passando pelas sombras ou pelas teias de aranha, estamos cercados de padrões matemáticos que tornam a vida bela e misteriosa.

 

 Matemática da Natureza

A matemática na velocidade das ondas

A velocidade das ondas depende de muitos fatores, mas profundidade e cumprimento estão entre os mais importantes. A matemática da Natureza das ondas traduz-se numa fórmula aparentemente simples: as ondas que se formam em locais onde o mar é mais profundo, têm a sua velocidade proporcional à raiz quadrada do comprimento de onda. Podemos concluir, como tal, que quanto maior é o comprimento de onda, maior será a sua velocidade de propagação.

Matemática da Natureza

As escalas musicais da passarada

Entre as aves canoras que aplicam a matemática da Natureza para compor as suas melodias, o tordo eremita macho é o que mais se destaca. Famoso pelo piar semelhante ao de uma flauta, este pequeno pássaro da América do Norte consegue interpretar 71 canções e usar no mínimo 10 notas distintas.

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Bem-me-quer 1+1, malmequer 1+2

O número de pétalas numa flor segue a sequência matemática conhecida por Fibonacci, em homenagem ao matemático Leonardo Fibonacci. Esse encadeamento numérico é um padrão que começa com os números 1 e 1. O número seguinte é o resultado da soma dos dois números anteriores (1 + 1 = 2). O número que se segue é o 3 (1 + 2) e depois 5 (2 + 3) e assim por diante. Esta sequência é muito frequente na matemática da natureza, como o demonstram, por exemplo, o número de espirais numa pinha, num ananás ou em sementes de um girassol.

 Matemática da Natureza

Rodopiando num furacão

Os furações, as conchas ou as formas das galáxias do Universo seguem uma sequência matemática conhecida como espiral de Fibonacci.

 Matemática da Natureza

O caos bem calculado nos galhos de árvores

Os galhos das árvores, tais como as ramificações dos neurónios do nosso cérebro obedecem a formas de matemática da Natureza conhecidas como fractais, que vem do latim fractus (quebrado). Significa que a mesma forma básica é vista repetidamente.

 Matemática na Natureza

Seis cantos perfeitos 

Cada favo de mel é um hexágono, isto é, uma forma geométrica com seis lados matematicamente iguais. Os hexágonos também surgem em aglomerados de bolhas que se juntam na superfície da água ou nos flocos de neve.

Matemática da Natureza

Ondinhas dentro de ondinhas

Quando atiramos uma pedrinha para o lago, rapidamente se forma um conjunto de círculos concêntricos na água. Concêntrico significa que, embora tenham circunferências de diferentes tamanhos, todos os círculos partilham o mesmo centro. Os círculos concêntricos também surgem nas camadas da cebola, nos anéis dos troncos das árvores, nos anéis de Saturno ou na órbita dos planetas à volta do sol.

Matemática da Natureza

Lua pequena tapa o Sol

A cada dois anos, a Lua passa entre o Sol e a Terra e, apesar de ser muito mais pequena, cobre completamente o Sol. O eclipse solar também segue as leis da matemática da Natureza e só é possível porque a Lua é 400 vezes mais pequena do que o Sol e está 400 vezes mais distante.

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Teias de aço com 400 mil anos

Quase todas as aranhas obreiras tecem teias circulares criando padrões complexos suportados em diferentes pontos de ancoragem. Embora os modelos sejam muito variados para se adaptarem às características de cada lugar, a teoria dos grafos, do matemático William Thomas Tutte, é o modelo básico mais comum. E há boas razões para ela aplicar esta fórmula: é a solução perfeita para maximizar a área coberta e minimizar as distâncias entre as bordas. A teia é feita de fios mais finos que o nosso cabelo e com ângulos extremamente precisos. Cada espiral usa a sequência de Fibonacci, conferindo-lhe uma resistência mais dura que o aço, flexível e muito duradoura. Os cientistas já encontraram vestígios de teias de aranha com mais de 400 mil anos. Essa longevidade só é possível porque as aranhas são exímias em usar a matemática da Natureza nas suas construções.

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Os cálculos dos golfinhos

Os golfinhos utilizam vários tipos de cálculos matemáticos para estimar a distância a que se encontram das suas presas. Para evitar uma enorme quantidade de sons sobrepostos, eles enviam sinais com diferentes amplitudes, sendo capazes de lembrar o intervalo entre cada um deles. As suas habilidades levam os cientistas acreditar que eles conseguem multiplicar, somar e subtrair as amplitudes dos sinais emitidos para calcular com precisão a distância e a localização dos cardumes.

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As contas das formigas

A formigas fazem operações aritméticas simples para calcular distâncias a percorrer até aos locais onde estão os alimentos. Após realizarem os cálculos, elas são também capazes de passar essas informações numéricas aos restantes membros da colónia.

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E as fórmulas das abelhas

O zoólogo alemão Karl von Firsch descobriu que a dança que as abelhas executam nas colmeias contém fórmulas da matemática da Natureza e princípios de astronomia para indicar o local exato onde as suas companheiras podem encontrar alimento. Podes ler mais sobre esta descoberta aqui.

Matemática da Natureza

O pulsar da luz e do som

A luz e o som comportam-se em forma de onda e são simétricos quando o comprimento de onda é regular. Algumas estrelas, por exemplo, têm pulsações matematicamente regulares, como é o caso da RS Puppis. Localizada muito perto da Via Láctea, a frequência com que emite brilho é aproximadamente de uma vez a cada 40 dias.

🌋x🌋

A inclinação do vulcão

Os vulcões formam cones com inclinação e altura a determinar o fluxo da lava. A lava rápida e fluida forma grãos mais planos, enquanto a lava espessa e viscosa forma cones com lados íngremes. Os cones são sólidos tridimensionais cujos volumes podem ser calculados por um terço (1/3) da área da base a multiplicar pela altura.

Matemática da Natureza

Linhas dunares paralelas

Na matemática, as linhas paralelas estendem-se até ao infinito sem nunca convergirem ou divergirem, tal como as linhas das dunas nos grandes desertos do Sara ou da Austrália, por exemplo.

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Arco-íris

O arco-íris é um círculo de raio angular de 42 graus, centralizado num ponto chamado de anti-solar. Significa isto que o Sol está sempre atrás de quem o observa e que o centro do arco circular está na direção oposta ao do sol. A chuva, essa, está sempre na direção do arco-íris.

Natureza

Água em queda livre

Todas as quedas de água caem na mesma velocidade pois estão sujeitas à mesma aceleração, ou seja gravidade. O seu desempenho está traduzido na equação de Navier-Stokes, que descreve como todos os fluidos se comportam da mesma maneira, incluindo o sangue a fluir no nosso corpo.

🦩🦢🦜

Voando com as leis da aerodinâmica

Os cisnes, os gansos, os flamingos, os pelicanos e mais algumas aves migratórias voam em V para aproveitar a aerodinâmica do vento e poupar energia, conseguindo, deste modo, percorrer grandes distâncias. Quem vai à frente é que quebra a resistência do vento, mas, como a tarefa pode ser extenuante, as aves revezam-se na liderança. Os únicos que ficam sempre atrás são os filhotes, por não conseguirem impor um ritmo suficientemente veloz.

🦀  Descobre outros segredos da matemática na Natureza neste artigo: Por que não somos perfeitos?

Por que gosta o português tanto de comer?

comida

Haverá outros povos, certamente, que também se gabam de serem bons garfos, mas é difícil superar o apetite de um português (e de uma portuguesa). A comida é assunto para qualquer ocasião. Ao jantar, ao almoço, à mesa do café, na praia, no escritório ou até mesmo num velório. Quem nunca ouviu um colega, um amigo ou um parente afastado a salivar pelo cozido da Tia Alice, pelo bolinho de chocolate da avó ou pelo arroz de tomate com petingas no tasco do senhor Alfredo?

O português gosta de comer e não é pouco.  A comida é tão importante que nenhuma outra cultura tem tantas expressões e provérbios a abarrotar de petiscos. Espreita só a ementa que o Bicho-que-Morde preparou para este réveillon. Irás perceber que, numa casa portuguesa, a comida está sempre a saltar da cozinha (ou da mesa) para as conversas.

Não há como negar: o povo português é feliz quando está à mesa. Nada mais apropriado, como tal, do que despedir de 2021 com o melhor da nossa gastronomia.

Feliz Ano Novo, gente comilona e cuidado com o colesterol e as diabetes.

🥳

Menu | expressões e provérbios recheados de sabor

 

ENTRADAS

🍽

Mudar a água às azeitonas  Vou fazer xixi e já volto.

#

Serrar presunto A conversa está muito chata.

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Ter a faca e o queijo na mão Ser dono e senhor da situação.

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Comer o pão que o diabo amassou Passar por muitas dificuldades

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Nem só de pão vive o homem Comida é importante, mas não é tudo. Para viver bem precisamos de muitas outras coisas como arte, amor, amizade, aventuras ou alegria no trabalho, por exemplo.

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Pãozinho sem sal Pessoa desinteressante.

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Sensaborona/sensaborão Pessoa desinteressante.

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Pão, pão, queijo, queijo Cada coisa no seu devido lugar.

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Mesa sem pão nem no inferno lhe dão Ninguém nega pão a ninguém.

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Mesa sem pão, todos reclamam e ninguém tem razão Ninguém se entende quando falta comida à mesa.

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Pão duro Forreta.

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Vender que nem pãezinhos quentes Algo que toda a gente quer comprar.

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É assim ou sopas Ou é como eu quero ou é nada!

#

Nem sim nem sopas Vamos lá acabar com a conversa!

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Cuspir na sopa que nos mata a fome Ingrato/a!

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Isso é canja Demasiado fácil.

#

Está o caldo entornado O disparate está feito.

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Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém Quem é cauteloso evita problemas.

#

Sopas e descanso Só quero sossego e uma vida sem preocupações.

#

Não venhas de garfo que hoje é sopa Não há mais discussão!

#

Do prato à boca, se perde a sopa Por um triz que se perde algo.

#

Cair como sopa no mel Vem mesmo a calhar.

PRATO PRINCIPAL

🐟🐡

(PEIXE)

Puxar a brasa à nossa sardinha Agir ou argumentar de acordo com as nossas conveniências.

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Sardinha em lata Tão apertado no meio da multidão que não se consegue mexer.

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A mulher e a sardinha querem-se pequeninas Para algumas pessoas, a sardinha pequena é a mais saborosa, tal como as mulheres baixinhas são também as mais jeitosas.

#

Pescadinha de rabo na boca Situação que se repete e que não tem saída ou solução. Expressão usada também para descrever algo que não acaba ou que não sai de um círculo vicioso.

#

Arrotar postas de pescada Gabarolas.

#

Querias? Batatinhas com enguias Empregue quando alguém nos pede algo e nós não queremos dar.

#

Grande peixeirada Grande confusão.

#

Carapau de corrida Espertalhão.

#

Para quem é bacalhau basta Para gente que não presta qualquer coisa serve.

#

Ficar em águas de bacalhau Não conseguir fazer o que se queria, algo que não correu como se esperava.

#

Pela boca morre o peixe Falar demasiado e acabar por dizer o que não s  devia.

#

Grande caldeirada Grande confusão.

#

Come peixe e arrota a caviar Gabar-se de coisas que nunca fez.

#

Trinca-espinhas Magrinho

#

Quem se lixa é o mexilhão Os mais fracos ficam sempre a perder.

🍗🥩🍖

(CARNE)

Feito ao bife Estar em apuros, metido em grandes sarilhos.

#

Encher chouriços Escrever ou falar de forma enfadonha e sem ir direto ao assunto.

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Quem te comeu a carne que roa os ossos Vai ter com a lambisgoia por quem me trocaste.

#

Osso duro de roer Teimoso.

#

Pau de virar tripas Magrinho.

#

Fazer das tripas coração Dar tudo por tudo para ver alguém feliz ou para que algo resulte o melhor possível.

#

Carne para canhão Pessoa ou grupo de pessoas usadas para atingir determinados fins sem olhar ao seu sofrimento. A expressão era utilizada para descrever os soldados que iam para as guerras que à partida já estavam perdidas.

#

Anos a virar frangos Ter muita experiência numa determinada profissão ou tarefa.

#

Osso duro de roer Teimoso.

#

Todo o peru tem o seu Natal Não há como escapar ao destino.

#

A carne é fraca Ceder às tentações.

#

Por a carne toda no assador Usar todos os trunfos para impressionar.

#

Febra Giraço ou giraça.

#

Nem é carne nem é peixe Não tomar partido de ninguém, ser neutro.

#

Servir gato por lebre Enganar o cliente.

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Comidos de cebolada Gente imprestável, convencida ou que se põe a jeito para serem molestados pelos outros.

#

Pele e osso Magrinho, subnutrido.

SOBREMESAS

🍰🍮🧁

(DOCES)

Com papas e bolos se enganam os tolos abusar da bajulação para conseguir o que se quer.

#

Sem papas na língua Falar desenfreadamente ou ir direto ao assunto.

#

Não é por aí que o gato vai às filhoses Não há problema

#

Mais vale sustentar um burro a pão de ló Alguém que dá tanta despesa que quase nos leva à ruína.

#

Eu é mais bolos! Expressão inventada por José Zeferino (personagem de Heman José) para dizer que não se percebe nada do assunto sobre o qual lhe é pedida uma opinião.

#

Quem gosta do meu filho, a minha boca adoça Fazer/querer bem aos meus é o mesmo que fazer/querer bem a mim.

(FRUTAS)

🍐🍓🍎

Vermelho como um tomate Corado de vergonha ou de raiva.

#

Sem tomates Cobarde.

#

Banana Aplica-se a quem não é firme nas suas convicções.

#

Deitado à sombra da bananeira Preguiçoso, só quer boa vida.

#

Ficar com um melão Apanhar uma grande deceção/desilusão.

#

Muita parra pouca uva Fanfarronice ou algo que resultou numa insignificância quando se esperava algo grandioso.

#

Chão que já deu uvas Não se pode esperar mais nada deste lugar, de uma situação ou de uma pessoa.

#

Até ao lavar dos cestos é vindima Mesmo depois das uvas apanhadas há muito trabalho até podermos finalmente descansar.

#

Não se pode pedir a uma laranjeira que dê bananas Não se pode pedir a quem não é especialista que faça um trabalho de especialista.

#

Cereja em cima do bolo Um toque final que tornou algo perfeito.

#

Não é pera doce Não julgues que é (ou foi) fácil…

TEMPEROS

🧂

Pimenta nos olhos dos outros é refresco com os problemas/sofrimento dos outros posso eu bem.

#

Pimenta na língua Língua afiada.

#

Subir a mostarda ao nariz Passar-se dos carretos.

#

A verdade é como o azeite: vem sempre ao de cima A mentira acaba sempre por se saber.

#

Azeiteiro Parolo, ordinário.

#

Estar com os azeites Irritado, mal-humurado.

#

Não é com vinagre que se apanham moscas Não é com azedume que se conquista a simpatia dos outros.

#

Misturar alhos com bugalhos Confundir ou relacionar coisas que nada têm a ver entre si.

#

Cabeça de alho chocho Aluado, aquele que só faz disparates.

#

Grande alhada Sarilho dos grandes.

#

Dar mel pelos beiços Ser extremamente simpático.

#

Meloso Piegas.

#

Todos à molhada Todos à bulha.

BRUNCHS E PEQUENOS ALMOÇOS

🍳🥐☕

Falta de chá Mal-educado.

#

Andar na marmelada Não largar a namorada ou o namorado, andar sempre aos beijinhos.

#

Copinho de leite Pessoa com a pele muito branca.

#

Chorar sobre o leite derramado Depois do mal feito, de nada serve lamentar.

👩‍🍳👨‍🍳

SUGESTÕES DO CHEF

Cuspir no prato que comeu Ingrato/a!

#

Mais olhos que barriga Querer comer mais do que se consegue.

#

Cala-te e come! Deixa-te de tretas e toca a comer (à mesa); não refiles e aceita o que não podes mudar.

#

‘Tás’ aqui, tás a comer Não tarda nada levas uma bofetada!

#

Não há fome que não dê em fartura Tão depressa não temos nada como temos tudo.

#

Pequeno-almoço de rei, almoço de príncipe e jantar de pobre Comer bem de manhã, moderar ao almoço e fazer uma refeição ligeira ao jantar.

#

Cheira a esturro Suspeita de que algo está errado ou que alguém fez uma falcatrua.

#

Bom garfo Não é esquisito com a comida.

#

Quem não é para comer não é para trabalhar Só bem alimentado se consegue trabalhar.

#

Comi que nem um abade Fiquei cheio!

#

Nem o pai morre nem a gente almoça Expressão usada para quando se está num impasse.

#

Comer e chorar por mais Se mais houvesse, mais teria comido.

#

Comer e falar, o mal é começar Depois de começar, o difícil é parar.

#

Fome é negra Ter uma fome dos diabos.

#

O que não mata engorda Não é preciso deitar a comida fora só porque não é fresco ou caiu ao chão.

#

Quem arrota bem almoça Um sonoro arroto é sinal de que a comida estava apetitosa.

#

Come para viver, não vivas para comer Há mais vida para além da comida.

#

Guarda que comer, não guardes que fazer O importante é ter sempre comida na mesa e não adiar o que precisa de ser feito.

#

À hora de comer sempre o diabo traz mais um Há sempre alguém que aparece à hora das refeições e se faz de convidado.

#

Comer até adoecer, jejuar até sarar Se comeres demasiado vai ficar maldisposto e depois é que não consegues comer mais nada!

#

Comer com os olhos A boa comida não é só a que é saborosa, mas também a que é muito bem-apresentada.

#

Meter a colherada Meter o nariz onde não é chamado.

#

A conversa ainda não chegou à cozinha Ninguém te pediu a opinião.

INGREDIENTES SECRETOS

(LEGUMES)

🥕🥒🥦🍆

De pequenino se torce o pepino Desde criança que se molda o caráter de uma pessoa.

#

Fresco como uma alface Dinâmico, cheio de energia.

#

Apanhado nas couves Apanhado em flagrante

#

Temos burra nas couves (Alentejo) Temos problemas!

#

Querer Sol na eira e chuva no nabal Querer o impossível ou nunca estar contente com o que se tem.

#

Cabeça de abóbora Cabeça grande (sentido literal) ou aluado/a e sem juízo (sentido figurado).

#

Grande salsada Grande confusão.

#

Tirar nabos da púcara Fazer perguntas indiscretas para descobrir algum segredo.

#

Um grandessíssimo nabo Pouco inteligente.

(LEGUMINOSAS)

🌱🌾

Ainda tens de comer muito feijão Tens ainda muito que crescer antes de fazer ou falar sobre o que não conheces.

#

Vai à fava enquanto a ervilha enche Vai dar uma curva! Tanto um como outro são semeados na mesma altura, mas a fava fica pronta primeiro e a ervilha demora a crescer.

#

Favas contadas Facto consumado, o jogo está ganho de certeza absoluta.

#

Jogar a feijões Não arriscar nem no jogo nem na vida.

(OVOS)

🥚🥚🥚

Fazer uma omelete sem ovos A expressão tem origem num provérbio francês atribuído ao político François de Charette, durante a Revolução Francesa – «on ne saurait faire d’omelette sans casser des œufs» – para demonstrar que nada se consegue sem luta e sacrifício. Os ingleses também dizem «you can’t make an omelet without breaking (a few) eggs» para demonstrar que nada de importante se alcança sem alguns desaires pelo caminho. Os espanhóis adaptaram a expressão para «No se puede hacer tortilla sin romper los huevos.» Por cá, também se diz «fazer omeletes sem ovos», para mostrar que sem condições mínimas não é possível realizar uma determinada tarefa ou atingir os resultados que todos esperam.

#

Por os ovos todos na mesma cesta Distribuir os ovos por várias cestas reduz o risco de, no caso de uma ou mais se partirem, não perder todos os ovos. A expressão é muito usada nas finanças para demonstrar a importância de diversificar os investimentos.

#

Pisar ovos Andar ou conduzir devagar.

#

Cheio como um ovo Saciado, cheio.

#

Acordar de ovo virado Acordar de mau humor.

(FARINHAS)

🍚

Farinha do mesmo saco Alguém é da mesma laia que outros.

#

Quando vens com a farinha eu vou com o farelo Julgas que és mais esperto do que eu, mas não és.

#

Poupar na farinha para gastar no farelo O barato sai caro.

#

Trigo limpo, farinha amparo Algo que se pode dar como garantido (Amparo era uma marca portuguesa de farinha popular na década de 1970)

#

Grão a grão enche a galinha o papo Economizando pouco a pouco se junta uma fortuna.

#

O primeiro milho é dos pardais Os impacientes precipitam-se para colher as primeiras vantagens, esquecendo-se que nem sempre são as melhores.

(FRUTOS SECOS)

🥥🌻

Dá Deus nozes a quem não tem dentes Aplica-se a quem não sabe apreciar a boa sorte que tem.

#

Laurear a pevide Passear, não fazer nada e não ter preocupações-

#

Passar as passas do Algarve Passar um mau bocado.

#

Casca grossa Grosseiro.

😋Se esta conversa te abriu o apetite, espreita também estes dois artigos:

Doces histórias preparadas na cozinhas portuguesa 

Histórias salgadas preparadas na cozinha portuguesa

Quiz. Os segredos escondidos nos contos de Natal

Natal

Põe à prova os teus conhecimentos e descobre as maravilhosas histórias por detrás dos melhores contos de Natal.


Natal

1 – O Quebra-Nozes é …

a) Um conto de Natal;

b) Um bailado de Tchaikovsky;

c) Um utensílio de cozinha.

Carrega aqui para descobrir a resposta.
O Quebra-Nozes é um utensílio, é um bailado e é um conto. Mas, como estamos em plena quadra natalícia, a única opção válida é a) conto de Natal. O título completo é «O Quebra-Nozes e o Rei Rato». A obra, do alemão Ernst Theodor Amadeus Hoffmann, foi publicada em 1816 e conta a história de uma rapariga que, durante a noite de Natal, ajuda o seu quebra-nozes com aparência de um soldado a derrotar o rei dos ratos.
Se queres saber a parte mais interessante desta história, clica aqui.
O conto, evidentemente, é muito mais empolgante do que este resumo mal-amanhado, por isso, se não o conheces ainda, fica aqui a sugestão de leitura. Mas, nem que seja por uma questão de justiça, lê o original. É que também há uma versão do escritor francês, Alexandre Dumas, muito mais conhecida e que quase abafou o mérito de Hoffmann. Foi, aliás, um fragmento dessa versão que inspirou o compositor russo Tchaikovsky a criar o bailado «O Quebra-Nozes», tradicionalmente exibido nas festas natalícias.

 💂‍♂️  Sabias que o Quebra-Nozes é o boneco-soldado mais popular das decorações de Natal?

Carrega aqui se ficaste curioso/a.
Podes encontrar o Quebra-Nozes em velas decoradas, em enfeites de cristal para a árvore de Natal, em bonecos insufláveis ou de madeira para colocar à entrada das casas, em lanternas de Natal e muito mais. A tradição do final do século 18 nasceu, naturalmente, na Alemanha, mais concretamente em Seiffen, pequena cidade com pouco mais de três mil habitantes, e espalhou-se por toda a Europa na segunda metade do século 19.

Natal

2 – «O Estranho Mundo de Jack» – com o título original de «The Nightmare Before Christmas» – é um conto de Natal ou um conto do Dia das Bruxas (Halloween)?

a) Um conto de Natal.

b) Um conto do Dia das Bruxas.

Carrega aqui para descobrir a resposta.
A pergunta já deu azo a acesas discussões, por isso, está à vontade para discordares do Bicho-que-Morde quando ele propõe como certa a resposta b) um conto do Dia das Bruxas. Desde logo, o enredo gira em torno de uma cidade obcecada pelo Halloween. Mas quando Jack descobre um lugar alegre e colorido, chamado Cidade do Natal, decide fazer tudo para trazer o espírito natalício junto dos seus amigos.

🎃  Queres saber por que, neste seu primeiro livro, o cineasta americano Tim Burton mistura duas quadras festivas tão diferentes?

Clica aqui para descobrir a resposta.
É preciso relembrar que Tim Burton mostrou sempre nos seus filmes e livros um grande fascínio por criaturas macabras. E o Natal, sendo uma época festiva, também é o momento para lembrar que não podemos resumir tudo aos presentes e ao consumismo. O livro – e o filme que mais tarde foi realizado por Henry Selick – tem muitas mensagens que se encaixam perfeitamente no espírito natalício. Começando, desde logo, na importância de abrir a nossa mente a outras culturas e acabando na felicidade que encontramos quando nos ligamos aos outros.

 💀   Sabias que Tim Burton tem uma forte pancada por monstros desde criança?

Carrega aqui, se ficaste curiosa/o.
As aberrações têm um lugar muito especial nos filmes e livros de Tim Burton. Basta lembrar o «Frankenweenie,» o «Eduardo-Mãos-de-Tesoura», «A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça» ou o próprio Jack do «Estranho Mundo de Jack». O encanto dele por monstros vem desde a infância, quando preferia passar o tempo no cemitério da sua cidade, em Burbank, do que brincar com os vizinhos. Na escola, os coleguinhas metiam-se com ele por ser tímido e esquistoide e foi por essa altura que começou a desenhar e a escrever histórias sobre personagens macabras. Desde então, nunca mais parou de alimentar a sua fantasia à volta de seres desajustados e incompreendidos. O que, no fundo, ele quer mostrar é que, não, não há problema em sentirmo-nos como criaturas estranhas, tristes e solitárias em algumas fases da nossa vida, mesmo no Natal…

Natal

3 – O tio Patinhas é um personagem da Disney inspirado em…

a) Ebenezer Scrooge de «Um Conto de Natal», de Charles Dickens.

b) «Gru – O Maldisposto», do filme americano da Universal Studios.

c) Mr. Krabs, da série de animação Bob Esponja.

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O seu autor, Carl Barks, inspirou-se em Ebenezer Scrooge, de «Um Conto de Natal», de Charles Dickens, para criar o pato mais rico do Mundo e também o mais avarento, dando-lhe o nome de Scrooge McDuck. Nos países lusófonos, ele ficou conhecido como Tio Patinhas. A primeira aparição do Tio Patinhas aconteceu em 1947 no livro de banda desenhada «Natal nas Montanhas».

 ☃   Sabias que Charles Dickens escreveu «Um Conto de Natal» em seis semanas porque precisava urgentemente de pagar dívidas?

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Quando Charles Dickens publicou em 1843 «Um conto de Natal» (título original: «A Christmas Carol»), estava endividado até ao pescoço. Os seus últimos romances tinham sido um enorme fracasso, não lhe permitindo pagar a casa arrendada e remodelada em Londres, quando a mulher Catherine engravidou do seu quinto filho. Boa parte do seu salário aliás já tinha sido penhorado quando decidiu escrever em seis semanas o livro que chamou de o seu «pequeno livro de Natal». A obra foi um sucesso imediato e, desde então, Dickens nunca mais saiu dos catálogos das editoras, vendendo milhões de exemplares e servindo de inspiração a dezenas de peças de teatro e filmes interpretados por estrelas como Christopher Plummer, Michael Caine ou Jim Carrey.

Natal

4 – O que tem o personagem Grinch em comum com Dr. Seuss, o autor que o criou em 1957?

a) Nada.

b) tanto um como outro tinham muitos conflitos com os vizinhos.

c) ambos detestavam o Natal.

Carrega aqui para descobrir a resposta.
A resposta certa é a c) ambos detestavam o Natal. Theodor Seuss Geisel, escritor de livros infantis, conhecido como Dr. Seuss, costumava contar que escreveu o livro «Como Grinch roubou o Natal» para ele próprio aprender a lidar com a quadra natalícia. «Estava a escovar os dentes na manhã de 26 de dezembro quando vi no espelho um rosto muito Grinchish (carrancudo)», contou ele em 1958, numa entrevista concedida à revista americana Redbook. Seuss percebeu, nesse momento, que algo de errado havia com ele ou com o seu passado. «Escrevi então esta história sobre o meu amigo Grinch, tentando descobrir algo sobre o Natal que, obviamente, me havia escapado».

Natal

5 – «As Cartas do Pai Natal», de J. R. R. Tolkien são…

a) Verdadeiras.
b) Falsas.

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A resposta certa é a) verdadeiras! Quando os filhos de John Ronald Reuel Tolkien – conhecido internacionalmente por J. R. R. Tolkien – eram pequenos, recebiam todos os natais um envelope com um selo do Polo Norte. As cartas estavam assinadas pelo Pai Natal, contendo sempre um desenho colorido e uma escrita tremelicosa. Todos os anos, havia uma nova aventura para contar, como uma vez em que o Urso Polar caiu do telhado da sua casa ou quando as renas se soltaram do trenó e espalharam os brinquedos por todas as partes do mundo. Tolkien, que é mais conhecido por ser o autor da saga «O Senhor dos Anéis», escreveu em segredo estas cartas durante 23 anos, até o seu filho mais novo completar três anos. Em 1976, três anos após a sua morte, as cartas foram publicadas em livro.


Queres jogar mais um quiz? Responde então a estas: Dez perguntas para celebrar Bordalo Pinheiro.

D. Pedro IV e D. Miguel. As eternas brigas dos meninos dos papás

D. Pedro IV

Quem tem irmãos percebe que há momentos em que parece impossível evitar uma briga com eles. Aqui, entre nós, sabemos como, às vezes, são irritantes e queixinhas. Mas, à medida que os anos passam, descobrimos também como se revelam amigos para a vida. Não é o caso de D. Pedro IV e D. Miguel I. Esses dois traquinas passaram a infância de candeias às avessas e nem em adultos ganharam juízo. Basta lembrar que foram eles a provocar a Guerra Civil Portuguesa (1832-1834) e está tudo dito.

A verdade é que D. Pedro IV e D. Miguel I vivem numa família muito pouco normal. Não é somente por serem príncipes habituados a toda a espécie de mordomias. Como seria de se esperar, a mãe e o pai contribuíram (e muito!) para moldar o carácter de cada um. Carlota Joaquina, coitada, tinha dez anos quando se casou contrariada com D. João VI, dez anos mais velho do que ela, para reforçar as relações entre Portugal e Espanha.

A corte portuguesa nunca gostou dela e havia boas razões para isso. Ambiciosa e calculista, urdia o tempo todo conspirações contra o marido para chegar ao poder. O rei era bastante acanhado e, não poucas vezes, caía em grandes depressões, por não aguentar o stress de governar um país sempre à beira do conflito.

Os filhos, no meio deste casamento infeliz, são praticamente obrigados a escolher entre ficar com a mamã ou com o papá.

As coisas pioram muito quando D. Pedro IV, com 10 anos, e D. Miguel I, com seis, têm de deixar Lisboa para viver com a família no Rio de Janeiro. O rei, perante a invasão da tropa imperial de Napoleão, sabe que não tem um exército capaz de lhe fazer frente e, em março de 1808, transfere a coroa portuguesa para o Brasil.

Um casamento desastroso

D. Pedro IV

Carlota Joaquina detesta o Brasil e os mosquitos, mas o rei D. João VI nunca foi tão feliz como em terras tropicais.

Para o pai, foi o melhor que lhe aconteceu. Está livre das intrigas do Palácio de Queluz e, tão feliz, que passeia todas as tardes, conduzindo ele próprio o seu coche real, parando aqui e acolá para conversar com o povo. Carlota odeia o Brasil, fazem-lhe falta os seus cúmplices da corte de Lisboa, para não mencionar o calor e os mosquitos, que a deixam afogueada. Rei e rainha estão cada vez mais distantes, cada qual em aposentos separados e apoiando-se no seu filho predileto.

D. Miguel, influenciado pela mãe, acha o pai fraco e incapaz de governar. Mais dia, menos dia – suspeita ele – abdicará da monarquia, deixando-se levar pelos ideais iluministas. E ele, tal como Carlota, é um absolutista convicto, acredita piamente que os reis têm um mandato divino para reinar.

D. Pedro IV, por seu turno, admira o pai e os valores da Revolução Francesa, que se alastram pela Europa, levando o povo a ganhar coragem para lutar pelos seus direitos.

No Brasil, o infante D. Miguel e Carlota Joaquina pouco podem fazer contra o rei, mas, à medida que Napoleão perde em quase todas frentes, a nobreza em Portugal reclama a presença do seu monarca.

Mãe e filho esfregam as mãos de contentes quando D. João VI concorda finalmente em regressar a Portugal.

D. Pedro IV é o único na família a bater o pé e a recusar partir. No meio de uma acesa discussão, reza a História que terá declarado com grande convicção: «Eu fico!», expressão que, aliás, dá origem no Brasil ao Dia do Fico – 9 de janeiro de 1822 – e que culminará com a declaração de Independência do Brasil, a 7 de setembro desse mesmo ano.

O filho mais velho tornar-se-á no primeiro imperador do Brasil, passando a ser designado, no outro lado do Atlântico, como D. Pedro I. O irmão mais novo, esse, mal põe os pés em Lisboa, começa a preparar com a mãe o assalto ao poder. Entre 1823 e 1824, D. Miguel lidera várias revoltas, chegando, inclusive, a aprisionar o pai no palácio durante o conflito que ficou conhecido como Abrilada. É então que as tropas estrangeiras em Portugal – sobretudo os ingleses e os franceses -, libertam o rei do cativeiro e levam-no para o navio de guerra Windsor Castle, de onde ele manda prender e exilar o filho mais novo na Áustria.

Mas a 9 de março de 1826, a súbita morte do rei (envenenado com arsénio) revira tudo do avesso.

D. Pedro IV, como filho primogénito, deveria sucedê-lo, mas, se assumisse o trono, teria de desistir do Brasil. Ou, pior ainda, reconhecer que, afinal, o país é uma província da coroa portuguesa. Nem ele está disposto a tal, nem a mulher, a arquiduquesa Maria Leopoldina de Áustria, permitiria tamanho retrocesso. Abdicar da coroa, entregando-a à filha Maria da Glória – a futura rainha D. Maria II -, era a única saída para evitar que o irmão mais novo reclamasse o lugar do pai.

 Mais um (quase) casamento desastroso

D. pedro IV

Maria da Glória – a futura rainha D. Maria II – é a sacrificada que, com apenas sete anos, foi prometida em casamento ao tio para evitar a guerra.

 

D. Miguel, lá longe no exílio, grita e esbraceja furioso, acusando D. Pedro IV dos truques mais ignóbeis para se manter no poder. E ele lá acaba por reconhecer que o estratagema é um bocado forçado. Mas arranja um outro plano ainda mais estapafúrdio. Propõe, então, que a pobre filha – com apenas sete anos – se case com tio para que ele fique como regente do reino.

D. Miguel teria apenas de assinar a Carta Constitucional e aceitar que a monarquia fosse regida pelas Cortes Gerais com uma Câmara dos Pares e uma Câmara de Deputados. Ele diz que sim a tudo, mas assim que sai do exílio, rasga o acordo, depõe a rainha D. Maria II e proclama-se rei de Portugal.

No outro lado do Atlântico, o imperador não tem alternativa senão abdicar do Brasil a favor do filho mais novo – D. Pedro II – e partir espavorido para a Europa, suplicando por auxílio aos ingleses e franceses. Mas, como não é mais nem rei nem imperador, os aliados recusam ajudá-lo.

Resta-lhe os Açores, cujo povo se mantém leal a D. Maria II, e onde D. Pedro IV se refugia para organizar um exército com sete mil soldados.

Ao saber que o irmão se prepara para atacar, D. Miguel I concentra todas as tropas em Lisboa. O tiro, porém, sai-lhe pela culatra. Os soldados de D. Pedro IV desembarcam na Praia da Memória, junto ao Porto, nas primeiras horas da madrugada de 9 de julho de 1832.

Com o exército absolutista desguarnecido, os homens de D. Pedro IV não têm dificuldade em conquistar a cidade. O problema, porém, é avançar até Lisboa para tomar o poder.

Estamos agora em plena guerra civil, com liberais e absolutistas a lutarem pelo poder. O momento, caríssimos leitores e leitoras, é decisivo na História de Portugal, marcando para sempre as fronteiras políticas.

Se algum dia perguntaram de onde surgiram os partidos de direita e de esquerda, este é um dos episódios fundadores, que dividiu o país entre os liberais de esquerda, a gritar pelo progresso, e os absolutistas de direita, a defender a tradição.

Esquerda e direita é a divisão que a guerra civil portuguesa inaugura, no século 19, com metade de Portugal a proclamar que o povo é soberano e outra metade a gritar que quem manda é o rei.

A estratégia contra a força bruta

D. Pedro IV

Com apenas sete mil soldados, mas muita astúcia estratégica, D. Pedro IV derrota o exército do irmão com mais de 80 mil homens.

A guerra, para o irmão mais velho, parecia, todavia, perdida. Quem poderia vencer um exército de 80 mil homens com apenas sete mil soldados? De cada vez que saem do Porto, os liberais regressam derrotados pelas tropas miguelistas. A D. Pedro IV só lhe resta usar a estratégia se quiser vencer.

Como D. Miguel I não arreda o pé de Lisboa, ele decide tomar as cidades que estão desprotegidas. Navega então pela costa até chegar ao Algarve, onde não há tropas miguelistas. Sobe depois devagarinho pelo Sul, apanhando os inimigos desprevenidos. E chega, por fim, a Lisboa, contando já com a ajuda da esquadra inglesa.

Quando D. Miguel se dá conta, é tarde. O irmão está já dentro da cidade, que lhe é entregue sem resistência a 24 de julho de 1833. Houve ainda algumas batalhas durante um ano e qualquer coisa, mas a vitória é dos liberais.

Maria da Glória, que até então esperava na corte de Londres o desfecho da guerra, regressa a Portugal e, com apenas 15 anos, sobe ao trono a 26 de maio de 1834. Como qualquer história de reis, rainhas e princesas, esta também acaba com o vilão, D. Miguel, a partir para o seu último exílio. Ao contrário de D. Pedro IV, que morre de tuberculose nesse mesmo ano, ele viverá muitos anos exilado até morrer velhinho a 14 de novembro de 1866 na cidade alemã de Wertheim.

SABIAS QUE…

 ⚔⚔ A BRINCADEIRA PREFERIDA de Pedro e Miguel era formar batalhões de criados e de escravos e travar grandes guerras um contra o outro?

👑         SÓ AO FIM DE 174 ANOS após a morte de D. João VI, é que os seus restos mortais foram exumados, confirmando-se, no ano 2000, que foi envenenado com arsénio? É o primeiro regicídio em Portugal e o grande suspeito é, naturalmente, D. Miguel e os absolutistas.

👠          CARLOTA JOAQUINA tinha uma grande pancada por sapatos, com especial predileção pelos pares vermelhos de salto alto?

 ✒            ALEXANDRE HERCULANO E ALMEIDA GARRETT eram liberais convictos e combateram ao lado de D. Pedro IV durante o Cerco do Porto?

 👸  Se gostas de intrigas palacianas, lê também:Mécia, a rainha que é uma carta fora do baralho.

Lengalengas. Um-dó-li-tá é a tua vez de jogar!

lengalengas

Quando crianças de todas as gerações dizem as mesmas lengalengas é porque alguma coisa elas têm de especial. São as rimas e os ritmos do arco-da-velha? Pode ser, mas algo mais deve haver. São as histórias disparatadas que elas contam? Talvez, ninguém se lembraria de pôr galinhas a ladrar e gatos a falar francês. Mas deve haver algo mais nas lengalengas que põe adultos a suspirar pelos dias da infância e os mais novos a repeti-las sem nunca se cansarem.

😼👵🤴

Diverte-te com este punhado de lengalengas selecionadas pelos Bichos no Sótão. Quem sabe se, depois de soltares a língua, não descobres o que têm elas assim de tão especial?

 🤴 Que belas terras tem o meu país!

lengalengas

Há mais uma lengalenga muito popular que os Bichos no Sotão gostariam de recordar.

Carrega aqui para ler.
«Joaninha, voa, voa / Que o teu pai está em Lisboa /Com um rabinho de sardinha /Para comer que mais não tinha.

🧓   Velhinhas atrevidas

lengalengas

🤬   Tanto escárnio e maldizer…

lengalengas

   🪁  Jogos e joguinhos 🧸

lengalengas

A lengalenga PIM-PAM-PUM tem mais uma rima.

Carrega aqui para ler.
«Pim-pam-pum cada bola mata um/ Lá em cima do peru/ Tem um copo de veneno/ quem bebeu morreu/ o azar foi mesmo teu

Há muitas outras lengalengas usadas nos jogos que os Bichos no Sótão gostavam de lembrar.

Carrega aqui para ler.
«Ana-ina-anão / ficas tu, eu não»; «Anifui bebé / Anifui bobó / passarinha tó-tó / berimbau, bicho mau / Salomão, sacristão / tu és polícia / tu és ladrão».

  🤡  Sem tino nem jzo

lengalengas

A lengalenga Dão-Balalão (ou Tão Balalão) tem mais versos e muitas mais versões.

Carrega aqui para ler mais algumas rimas.
«Dão-balalão/ Soldado ladrão/Menina bonita/ Não tem coração.»; «Dão balalão/ Cabeça de cão/ Orelhas de gato/ Não tem coração/»; «Dão-balalão,/ Senhor capitão,/ Espada na cinta / Sineta na mão.»

  👌  Dedos, dedinhos e dedões   🤘

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 🐱   Pst-pst! Bichano, bichaninho!

lengalengas

🙄    Continhas de cabeça

lengalengas

😣    Mais continhas…

lengalengas

Carrega aqui para ler mais uma bem divertida.
«Quatro horas dorme o santo/ Cinco o que não é tanto / Seis o caminhante/ Sete o estudante /Oito o preguiçoso /Nove o porco /Mais só o morto.

 🤹‍♀️   A última rima desta história

lengalengas

 🐱‍👤 Se é destes (bons!) disparates que gostas, experimenta ler também: Trava-línguas. Depressa tareca e sem tropeçar!

Por que tudo o que é preciso saber está na tabela periódica?

tabela periódica

Tudo, tudo é um exagero, obviamente, mas muito do que já criámos não seria possível sem um ou mais elementos da tabela periódica. E também quase tudo o que ainda iremos inventar só se tornará real usando os elementos químicos da tabela periódica. Dos foguetões lançados no Espaço, aos relógios atómicos, passando pelas lentes de telescópios, implantes dentários, trilhos de comboio, cremes de barbear, agulhas de seringa ou até catalisadores para reduzir a poluição dos carros. Isso e muito, muito mais entrou na nossa vida porque a Natureza nos oferece uma poderosa caixa de ferramentas que nos faz avançar para o futuro.

👨‍🔬

Não é à toa que a tabela periódica está em todos os manuais de Química, afixada nas salas de aulas e pendurada nos laboratórios. Desde 1865 – quando o químico russo Dmitri Mendeleev publicou a primeira versão – ela cresceu de 63 elementos até aos atuais 118, os últimos quatro acrescentados em 2012. Haverá mais ainda para descobrir, não apenas na Natureza, mas sobretudo entre os que ainda podem vir a ser sintetizados em laboratório.

Juntos, os elementos químicos refletem o conhecimento científico, a História, a Geografia e até um perlimpimpim de magia. Sabiam, por exemplo, que o alquimista alemão Henning Brand ao querer transformar a urina em ouro, descobriu o fósforo, usado hoje para tratar a osteoporose ou a artrite reumatoide? A tabela periódica é, por isso, um testemunho de todos os nossos sonhos, além de ser também uma bela homenagem aos cientistas.

Os nomes dos elementos, por mais bizarros que pareçam, contam as aventuras dos impossíveis que se tornaram possíveis. Cúrio é o elemento químico que ganhou o nome de Marie e Pierre Currie, os primeiros a estudar a radioatividade. Lise Meitner, que ajudou a descobrir a fissão nuclear, foi a segunda mulher homenageada na tabela periódica quando o meitnério foi descoberto em 1982 pelos alemães Peter Armbruster e Gottfried Muzenber.

Nem só de cientistas está preenchida a tabela periódica – Sol, Lua, Terra, Úrano, Neptuno e Plutão são os planetas e os astros do sistema solar aqui representados. Muitos países foram também incluídos – Polónia, Alemanha, EUA, Rússia,Francça o Chipre – e até uma misteriosa vila sueca, Ytterby, consta desta tabela por ter sido o lugar onde quatro elementos – ítrio (y), ébrio (Er), térbio (Tb) e itérbio (Yb) – foram descobertos.

Há muitas mais histórias incríveis guardadas na tabela periódica. O Bicho-que-Morde reúne aqui uma boa parte dos elementos químicos, mostrando que as suas utilidades são praticamente inesgotáveis. São mais de uma centena, mas não é preciso ler tudo de uma assentada! É para se descobrir aos bocadinhos e consultando quando for preciso. Ou, então, para ler ao calhas. Qualquer elemento que vos calhe na rifa será sempre uma descoberta de deixar o queixo caído! Irão ver como faz sentido, afinal, aprender na escola quantos protões tem o potássio, o peso atómico do bário ou o símbolo químico do nitrogénio.

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tabela periódica

Tabela periódica
Utilidades por combinar bem com a maioria dos elementos da tabela periódica, tem imensas aplicações na indústria – do amoníaco para fertilizantes ao combustível de naves espaciais. O que está mesmo na moda é o seu uso em transportes para produzir energia limpa. Há muita gente esperançosa com a possibilidade de o hidrogénio poder vir a ser o combustível do futuro para carros, aviões ou barcos.

Utilidades pilhas, cerâmicas e vidros resistentes ao calor, lubrificantes para máquinas que operam a altas temperaturas. O carbonato de lítio é usado em medicamentos para combater a depressão bipolar ou a ansiedade.

Tabela periódica
Utilidades detergentes conseguidos pela combinação com ácidos gordos. Usado também no fabrico da borracha sintética ou do vidro. O sódio é um dos componentes do sal de cozinha (o cloro é o outro). E é um mineral importantíssimo para o organismo, atuando na transmissão de impulsos nervosos ou nas contrações musculares.

tabela periódica
Utilidades sabões à base de potássio, chamados «sabões moles», tais como os cremes de barbear. Os fogos de artifício são feitos a partir de clorato de potássio. O carbonato de potássio, por seu turno, é utilizado para fabricar vidros. Banana, abacate, ameixas ou tâmaras secas estão entre os frutos mais ricos em potássio. Batata-doce, beterraba, espinafres ou leguminosas, como feijão e ervilhas, são igualmente boas fontes de potássio e grandes amigos do coração.

Tabela periódica
Utilidades alguns relógios atómicos, sistemas de navegação GPS, vidros especiais ou fogos de artifício de cor púrpura. O rubídio aplica-se também na preparação de soporíferos e sedativos e no tratamento da epilepsia.

Tabela periódica
Utilidades relógios atómicos de alta precisão e também sistemas de propulsão iónica, uma das maneiras mais eficientes de impulsionar e colocar em órbita naves espaciais com um gasto mínimo de combustível.

Tabela periódica
Utilidades por causa da sua alta instabilidade e do curto tempo de vida (22 minutos), o frâncio não tem aplicação comercial. O seu uso está circunscrito a tarefas de investigação científica, sobretudo nos campos da biologia e da quântica. Uma das aplicações mais conhecidas é na construção de armadilhas de lazer para capturar átomos que permitem estudar as suas propriedades e potencialidades. O nome atribuído a este elemento químico da tabela periódica é uma homenagem a França.

Tabela Periódica
Utilidades por ser mais leve do que o alumínio, resistente a altas temperaturas e muito mais rígido do que o aço, o berílio forma com outros metais ligas metálicas para componentes de naves espaciais ou de ferramentas para exploração de gás e petróleo. Ligas de berílio e cerâmica são usadas em aplicações eletrónicas, smartphones ou em portas de carros. Entre muitos outros usos, o berílio destaca-se ainda na construção de aparelhos de raio-x ou de satélites de meteorologia.

Tabela periódica
Utilidades pela leveza do metal, o magnésio é utilizado em rodas e estruturas de equipamentos eletrónicos. O hidróxido de magnésio pode ser aplicado em alguns materiais como retardador de chamas. O hidróxido, o cloreto, o sulfato e o citrato de magnésio são utilizados em medicamentos. Os compostos de magnésio, principalmente seu óxido, são usados como material refratário em fornos para forjar ferro e aço. O magnésio é também vital no processo da fotossíntese, na formação de raízes ou ainda para acrescentar açúcar aos frutos.

Tabela periódica
Utilidades usado no fabrico de cimento e cal e também na agricultura na forma de calcário para corrigir a acidez dos solos. O sulfato e fosfato de cálcio estão também na base de fertilizantes. Vários compostos contendo cálcio são utilizados na indústria farmacêutica. No nosso organismo, o cálcio é fundamental para a formação da massa óssea, assegurando a boa saúde do esqueleto. É classificado na tabela periódica dos elementos químicos como metal da família dos alcalino-terrosos.

Tabela periódica
Utilidades fogos de artifício, principalmente para se obter cores avermelhadas. O cloreto de estrôncio faz parte da composição de alguns dentífricos para dentes sensíveis. As tintas que brilham no escuro podem conter aluminato de estrôncio.

Tabela periódica
Utilidades usado em diagnóstico por raios-x do sistema digestivo, em alguns tipos de venenos para ratos ou em fluídos de perfuração na indústria do petróleo e do gás. O nitrato de bário é utilizado para conferir a cor verde em fogos de artifício. Os compostos deste metal são aplicados em pequenas quantidades para produzir tintas e vidros. Velas de ignição, tubos de vácuo e lâmpadas fluorescentes são outras aplicações para este metal.

Tabela periódica
Utilidades algumas das aplicações do rádio devem-se às características radioativas, mas, por ser nocivo à saúde, acabou por ser substituído por outros elementos químicos mais seguros como o cobalto-60 ou o césio-137. É o caso da tinta luminescente em mostradores de relógio ou instrumentos de medidas, proibidos na década de 1930. O cloreto de rádio continua a ser usado em tratamentos para combater o cancro.

Tabela periódica
Utilidades ligas de escândio e alumínio são usadas nas bicicletas de alto desempenho. As suas ligas são utilizadas também nas indústrias aeroespacial e aeronáutica. O óxido de escândio é usado para lâmpadas de vapor de mercúrio, obtendo-se uma luz da mais alta qualidade.

tabela periódica
Utilidades adapta-se bem aos tecidos ósseos e, por isso, é usado para substituir articulações e em implantes dentários. Por ser resistente ao calor e menos denso que o aço, as suas ligas são muito úteis na indústria aeroespacial. Usados para fazer moedas e medalhas comemorativas, nas estruturas arquitetónicas e ainda nas carcaças dos relógios.

tabela periódica
Utilidades cerca de 80% do vanádio produzido é usado nas ligas metálicas dos trilhos de comboio ou como aditivo em aço. É utilizado também na produção de aço inoxidável para instrumentos cirúrgicos, ferramentas e molas super-resistentes. Emprega-se também em alguns componentes de reatores nucleares.

Tabela periódica
Utilidades alguns de seus óxidos e cromatos são usados como corantes e nas tintas. O aço inoxidável também contém crómio. É ainda usado no fabrico de vidros verdes.

Tabela periódica
Utilidades essencial no fabrico do ferro e do aço, devido às suas propriedades como fixador de enxofre, desoxidante, e no fabrico de ligas metálicas. A segunda maior aplicação do manganés é em ligas com o alumínio – uma quantidade muito pequena aumenta a resistência à corrosão devido a formação de grãos que absorvem as impurezas, evitando o seu desgaste. O corpo humano contém aproximadamente 12 mg de manganés, a maioria está armazenada nos ossos. Nos tecidos, está concentrado no fígado e rins, ajudando a regular o metabolismo, o que indiretamente evita o surgimento de problemas cardiovasculares. Além disso, também metaboliza a glicose, ajudando a manter estáveis os níveis de açúcares.

Tabela Periódica
Utilidades ligas metálicas, principalmente com aço, aplicadas na arquitetura, engenharia, automóveis, barcos e numa infinidade de outras finalidades. O cloreto de ferro é utilizado no tratamento de água e dos esgotos, enquanto o sulfato de ferro é aplicado em suplementos alimentares para tratar a anemia.

Tabela periódica
Utilidades essencial para fazer ímanes artificiais. Os sais de cobalto adicionados no fabrico de vidros, esmaltes, cerâmica e porcelana permitem obter uma cor azul brilhante e permanente. Serve, entre outras aplicações, para fazer elétrodos de baterias elétricas ou cabos de aço de pneumáticos.

Tabela periódica
Utilidades a maioria do níquel serve para fabricar aço inoxidável, mas uma boa parte é utilizado em superligas e cunhagens de moedas. É usado também em cordas de instrumentos musicais. As ligas níquel-cobre são muito resistentes a corrosão, utilizando-se em motores de barcos e na indústria química.

Tabela periódica
Utilidades usado desde a pré-história, o cobre é hoje aplicado em materiais condutores de eletricidade (fios e cabos), e em ligas metálicas como o latão e o bronze. É usado também como antimicrobiano na esterilização de hospitais ou laboratórios.

Tabela periódica
Utilidades o óxido de zinco é muito importante para fabricar tintas, borracha, plásticos, cosméticos, baterias, pigmentos, sabões, entre outros. Uma das ligas mais importantes de zinco é o latão, que resulta da mistura com o cobre, ideal para moldar instrumentos de sopro.

Tabela periódica
Utilidades é aplicado em sistemas de geração de lasers ou em LED que produz luz branca. Também é importante na composição de cerâmicas supercondutoras de elevada temperatura.

Tabela periódica
Utilidades utilizado no revestimento de reatores nucleares ou como aditivo em aços obtendo-se materiais muito resistentes. O óxido de zircónio impuro emprega-se no fabrico de utensílios de laboratório – que suportam mudanças bruscas de temperaturas -, revestimentos de fornos e ainda no material refratário de cerâmica e do vidro. É um metal bem tolerado pelos tecidos humanos, podendo por isso ser usado em articulações artificiais.

Tabela periódica
Utilidades é muito usado nas ligas metálicas, em especial na produção de aços dos gasodutos. A estabilidade térmica das superligas que contêm nióbio é importante para fabricar motores de aviões, na propulsão de foguetes e em vários materiais supercondutores usados em equipamentos de diagnóstico médico ou de telescópios.

Tabela periódica
Utilidades forma ligas estáveis e duras com o carbono, e, por esta razão, a maior parte da sua produção mundial consiste no fabrico do aço, incluindo ligas resistentes e superligas. O pó do molibdénio é utilizado como um fertilizante para algumas plantas, tais como a couve-flor.

Tabela periódica
Utilidades a principal aplicação é na medicina nuclear e em técnicas de diagnóstico. O isótopo tecnécio-99 é utilizado como radiofármaco para a localizar tumores no cérebro, no baço, no fígado e na tiroide.

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Utilidades utilizado como catalisador em inúmeros processos químicos e como componente de diversos materiais eletrónicos, tais como resistências de chips e contatos elétricos. O óxido de ruténio é usado na produção de cloro. É incorporado ao titânio como elemento de liga para aumentar a resistência a corrosão. Na joalharia é usado para aumentar a resistência de peças de platina.

Tabela periódica
Utilidades é usado em ligas de platina, por exemplo, em joias e em refletores óticos dos holofotes e dos faróis, servindo ainda para revestir fibras e espelhos óticos. As suas recém-descobertas propriedades magnéticas permitem estudar novos usos na eletrotecnia (sensores, motores elétricos, geradores ou tecnologias para armazenar dados).

Tabela periódica
Utilidades é utilizado nos conversores catalíticos (em conjunto com platina e ródio) dos carros com a finalidade de reduzir as emissões de gases poluentes. É também usado em aparelhos que detetam monóxido de carbono ou no fabrico de instrumentos cirúrgicos.

Tabela periódica
Utilidades fabrico baterias de níquel-cádmio é o seu principal uso. Alguns sais são utilizados para fazer tintas (o sulfeto de cádmio é usado como pigmento amarelo). Alguns compostos de cádmio são aplicados como estabilizantes de plásticos como, por exemplo, no PVC. Além dos produtos fabricados, está presente também em combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás e madeira), cimentos e fertilizantes fosfatados.

Tabela periódica
Utilidades ligas para soldar, fabrico de espelhos ou joias. Alguns compostos de prata, como o nitrato, têm um efeito antisséptico no tratamento de irritações de membranas mucosas da boca e garganta. É também usada no tratamento de queimaduras (pomadas ou curativos com sulfadiazina de prata).

Tabela periódica
Utilidades pela alta capacidade em absorver neutrões, é usado em barras de controle para reatores de submarinos nucleares. Aplica-se também na remoção de resíduos de gases em lâmpadas incandescentes. O óxido de háfnio pode ser usado como isolante elétrico em microchips. Forma ligas com o tungstênio usadas em filamentos de lâmpadas e em elétrodos.

Tabela periódica
Utilidades um dos principais usos é na indústria eletrónica para resistores de telemóveis e no fabrico de muitos outros equipamentos como computadores portáteis, câmaras digitais, televisores ou carregadores de bateria. Por ser relativamente inerte no corpo humano tem aplicação também em implantes cirúrgicos, tais como placas para reparar fraturas cranianas, parafusos para fixar ossos partidos ou pinos para implantes dentários.

Tabela periódica
Utilidades o metal e suas ligas são utilizados como filamentos de lâmpadas incandescentes. O tungstênio é muito útil para fabricar materiais duros (ferramentas de corte, lâminas de perfuradoras, serras circulares ou tornos mecânicos) usados nas indústrias de metalo-mecânica, transformação de madeira, mineração, petróleo ou construção civil.

Tabela periódica
Utilidades as suas superligas resistentes a elevadas temperaturas são úteis para fabricar peças de motores de jatos e de foguetes. O Rénio-188 é usado no combate do cancro do pâncreas, enquanto os isótopos 188Re e 186Re podem ser empregues no tratamento do cancro do fígado.

Tabela periódica
Utilidades as ligas de ósmio podem ser usadas em agulhas de bússola ou de gira-discos. Uma liga de ósmio-platina é usada em implantes cirúrgicos, como pacemakers ou válvulas pulmonares artificiais.

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Utilidades velas de ignição dos veículos motorizados, agulhas de seringas ou lentes de óculos de sol. O isótopo 192 do irídio é largamente usado no tratamento de radioterapia para tumores malignos. O irídio é o elemento com a maior densidade da tabela periódica e também o mais resistente à corrosão. Por isso, é largamente usado em ligas de alta resistência que precisam suportar altas temperaturas.

Tabela periódica
Utilidades pás de turbinas, discos rígidos para armazenar informações, joias, preenchimento de cavidades nos dentes, silicone, benzeno ou ácido nítrico. Um dos maiores usos da platina é como catalisador para reduzir a poluição dos motores a combustão. Os compostos de platina são muito importantes nos tratamentos de quimioterapia para combater o cancro.

Tabela periódica
Utilidades a joalharia é a aplicação mais óbvia, mas o ouro tem também funções essenciais na construção de computadores, sistemas de comunicações, naves espaciais, motores de reação na aviação, e em diversos outros produtos. Por ser um bom refletor de luz infravermelha, é utilizado como cobertura protetora em muitos satélites. Em 2019, investigadores indianos modificaram a química do material, transformando-o em «ouro negro». A experiência poderá servir para aplicações que vão da extração de energia solar até à dessalinização da água do mar.

Tabela periódica
Utilidades telescópios com espelho líquido, termómetros, elétrodos, barómetros, instrumentos para medir a pressão do sangue ou catalisador (em energia atómica). O mercúrio está entre os únicos cinco elementos da tabela periódica encontrados em estado líquido à temperatura ambiente.

Tabela periódica
Utilidades a leveza, a condutividade elétrica e a resistência à corrosão dão ao alumínio uma multiplicidade de aplicações, especialmente na engenharia aeronáutica. Por ser um bom condutor de calor, é muito utilizado em panelas de cozinha. Papel-alumínio, latas, embalagens Tetra Pak, janelas, portas, grades, ferramentas, utensílios de cozinha ou redes de transmissão elétrica de alta tensão são outros dos muitos produtos e objetos feitos a partir do alumínio.

Tabela periódica
Utilidades termómetros de alta temperatura, transístores ou espelhos. As ligas de gálio-alumínio em contato com água produzem uma reação química dando como resultado o hidrogénio. Essa propriedade tem sido estudada para substituir derivados de petróleo e outros combustíveis fósseis em motores movidos a gasolina ou diesel.

Tabela periódica
Utilidades válvulas de sistemas de proteção contra incêndios (sprinklers), ecrãs touch screen, painéis solares do tipo CIGS (Cobre-Índio-Gálio-Selénio), espelhos mais resistentes do que os feitos com prata.

Tabela periódica
Utilidades a liga de mercúrio com tálio pode ser usada em termómetros de baixas temperaturas. Os cristais de tálio bromo-iodo podem servir para fabricar detetores de infravermelho.

Tabela periódica
Utilidades as aplicações do germânio estão limitadas ao seu alto custo, optando-se sempre que possível por materiais mais em conta. A aplicação principal é como semicondutor em eletrónica, produção de fibras óticas, equipamentos de visão noturna ou quimioterapia em tratamentos conta o cancro.

Tabela periódica
Utilidades fabrico de telhas, correntes, âncoras ou ligas metálicas para revestir outros metais e protegê-los da corrosão. Os recipientes de aço e estanho são usados para a conservar alimentos. Os sais de estanho são aplicados em espelhos e na produção de papel, remédios e fungicidas.

Tabela periódica
Utilidades barreiras para proteger contra radioatividade e raios-X, pesos para exercícios físicos, equipamento de mergulho e quilhas de embarcações, inseticidas, recipientes para líquidos corrosivos, como o ácido sulfúrico, entre outros.

Tabela periódica
Utilidades o antimónio é usado principalmente em ligas metálicas para dar resistência contra o fogo. Detetores de infravermelhos, baterias de carros, revestimentos de cabos ou medicamentos para o tratamento da Leishmaniose são outros exemplos em que o antimónio exerce uma função determinante.

Tabela periódica
Utilidades o oxicloreto de bismuto é usado em cosméticos e tintas. O bismuto também tem uma função essencial nos sistemas de combate à incêndios, sobretudo em sprinklers. Fibras acrílicas e ligas maleáveis com ferro são outros produtos feitos também a partir deste elemento.

Tabela periódica
Utilidades usado em escovas que removem a poeira acumulada em filmes fotográficos. O polónio nestas escovas é selado, controlando o perigo da radiação. Este elemento tem sido usado em dispositivos que eliminam cargas estáticas produzidas nas indústrias de laminação de papel, laminação de plásticos e fiação de fibras sintéticas na indústria têxtil, entre outras.

Tabela periódica
Utilidades metade da aplicação mundial dos compostos de boro está na produção de aditivos para fibras de vidro, aplicadas em isolamento. Os seus compostos também servem para fabricar cerâmicas ou fertilizantes na agricultura.

Tabela periódica
Utilidades combustíveis, óleos, plásticos, diamantes, grafite ou varetas de proteção de reatores nucleares. As pastilhas de carbono são usadas na medicina para absorver as toxinas do sistema digestivo e como remédio para a flatulência. O carbono finamente dividido pode ser adicionado em tintas e em pneus. O carbono é um dos elementos mais versáteis da tabela periódica e um componente-chave de toda as formas de vida no planeta, surgindo também em mais de 10 milhões de compostos orgânicos. É capaz de formar ligações com oxigénio, hidrogénio e nitrogénio, dando origem a moléculas orgânicas.

Tabela periódica
Utilidades no combate a incêndios em equipamentos que não podem levar água e espuma ou ainda na refrigeração e conservação de alimentos que precisam ser transportados para grandes distâncias. É usado para encher os pneus de carros de corrida e aeronaves, reduzindo os problemas causados pela humidade e oxigénio. Serve para conservar amostras biológicas, como óvulos para inseminação artificial. O nitrogénio é um elemento comum no Universo. Conhecido também por azoto, é encontrado em compostos orgânicos em todos os seres vivos, animais e plantas. As proteínas, por exemplo, são moléculas gigantes, contendo nitrogénio chamados de    aminoácidos.

Tabela periódica
Utilidades botijas de mergulho ou cilindros para escalada a altas altitudes, na produção de aço e nas soldaduras. Em processos que envolvem combustão, o oxigénio reduz a quantidade de combustível, diminuindo as emissões de CO2. Permite, ainda, reduzir a formação de óxidos de nitrogênio (NOx) — substâncias nocivas para o homem e o ambiente. Entre inúmeras utilidades, é usado ainda em doentes internados com doenças bronco-pulmonares e com dificuldades em respirar (oxigenoterapia).

Tabela periódica
Utilidades o silício, presente na argila, granito, quartzo, areia e em todas as águas naturais, é o principal componente do vidro, do cimento, da cerâmica, da maioria dos componentes semicondutores e dos silicones. Por ser resistente a altas temperaturas, flexível, isolante e resistir ao ataque de ácidos ou de bactérias, é usado em telhas, tanques e outros materiais de construção civil. É um mineral muito importante para o bom funcionamento do organismo humano, obtido em frutas, legumes e cereais. O silício é o segundo elemento químico da tabela periódica mais abundante na Terra, depois do oxigénio.

Tabela periódica
Utilidades é um dos ingredientes da pasta de dentes, dos palitos de fósforo, de detergentes, de pesticidas, fertilizantes para agricultura, entre outros produtos. O fosfato de cálcio é utilizado como pó de confeiteiro (açúcar em pó) para bolos. Os fosfatos conhecidos como ortopolifosfatos são usados na medicina para prevenir e tratar doenças como osteoporose, artrite reumatoide, artrose, cálculos renais, sendo também benéficos para a memória e raciocínio. Está presente em todas as membranas celulares, integrando a estrutura de ossos e dentes. Diversos alimentos contêm fósforo, como carnes, aves, peixe, ovos ou lácteos. O fósforo não se encontra na Natureza e foi o primeiro elemento da tabela periódica a ser isolado em laboratório. Quem o descobriu foi alquimista alemão Hanning Brand em 1669 quando estava à procura da pedra filosofal (ouro ou elixir da longa vida).

Tabela periódica
Utilidades o enxofre, reconhecido como elemento químico da tabela periódica por  Antoine Lavoisier, é usado em muitos processos industriais como é o caso do ácido sulfúrico para baterias, da pólvora ou da vulcanização da borracha. Também tem utilidade no fabrico de fungicidas e fertilizantes. Os sulfitos são utilizados para branquear o papel e conservar bebidas alcoólicas. O enxofre, após oxidado, transforma-se em gás sulfito, utilizado para clarear o caldo de cana-de-açúcar e obter o açúcar refinado. É um elemento sem cheiro. O pivete a ovos podres que se atribui a ele vem dos seus compostos voláteis, como o sulfeto de hidrogénio. O enxofre é abundante nas regiões vulcânicas, podendo ser encontrado em alguns vegetais como na cebola e na mostarda, nas proteínas e também nos ovos.

Tabela periódica
Utilidades o arsénio utiliza-se como aditivo do chumbo nos grãos para armas de caça, como raticida e inseticida, para conservar peles e, no fabrico de vidro, como descorante. O composto mais conhecido é o trióxido de arsénio (As2O3), veneno altamente tóxico. A décima parte de um grama pode provocar a morte. É considerado um dos cinco elementos químicos mais letais do mundo.

Tabela periódica
Utilidades um dos seus usos é no fabrico de células fotoelétricas devido a sua propriedade de transformar luz em energia elétrica. É utilizado no fabrico do vidro e de tintas com cores avermelhadas e ainda como catalisador em reações químicas. Os sulfetos são aplicados nos shampôs anticaspa. É encontrado em pequenas quantidades em rochas e nos solos e ainda no pão, nos cereais, na castanha do Pará, nos peixes, nas carnes e nos ovos. Está presente no organismo humano na forma de aminoácidos incorporados em proteínas, que desempenham papéis fundamentais para o bom funcionamento do organismo – atua como um antioxidante, estimula o sistema imunológico e intervém na atividade da glândula tireoide.

Tabela periódica
Utilidades em painéis solares (telureto de cádmio), na vulcanização de borrachas, como pigmento azul para colorir o vidro; em ligas com o chumbo e o cobre e ainda nas técnicas de laser e de semicondutores.

Tabela periódica
Utilidades uma grande quantidade de medicamentos contém átomos de flúor nas moléculas dos princípios ativos. Os compostos com flúor são acrescentados na água potável e em dentífricos para prevenir as cáries nos dentes. Os gases fluorados são utilizados em ares-condicionados, embora sejam gases de efeito estufa e afetem a camada de ozono. O teflon (antiaderente para panelas e frigideiras) é um polímero que também contém flúor.

Tabela periódica
Utilidades usado no tratamento de água para consumo humano e nas estações de tratamento de esgotos. É ainda utilizado no fabrico de PVC, na produção de papel, têxteis, corantes, medicamentos, inseticidas ou solventes. Foi também usado como a primeira arma química na I Grande Guerra (1914-1918).

Tabela periódica
Utilidades como um aditivo retardador de chamas, principalmente em plásticos, em sistemas de purificação de água, na limpeza de piscinas, em corantes e pigmentos, em fluídos de perfuração de poços de petróleo, em aditivos nas gasolinas, inseticidas, entre outros. A maior parte do bromo é encontrado no mar. No estado líquido é perigoso para o tecido humano e os seus vapores irritam os olhos e a garganta.

Tabela periódica
Utilidades usado na indústria farmacêutica e como desinfetante na medicina. Aplicado também em tintas para impressão, corantes e pigmentos e usado como teste para detetar a presença de amido. É ainda adicionado no sal de cozinha para prevenir o bócio, doença causada pela deficiência de iodo na alimentação. O isótopo radioativo iodo-131 é, por vezes, utilizado para tratar o cancro na tireoide. O iodeto de prata é usado para provocar chuvas artificiais.

Tabela periódica
UtilidadesLocalizado no grupo 17 da tabela periódica, o Ástato é usado apenas em investigações científicas, especialmente em materiais radioativos para fazer diagnósticos e terapias.

Tabela periódica
Utilidades usado em dirigíveis e balões de ar quente. Misturado com o oxigénio permite tratar casos graves de asma e bronquiolite e ainda mergulhar no mar a grandes profundidades. Serve ainda para refrigerar reatores nucleares e, claro, para encher os balões nas festas de aniversário e nas feiras. O hélio é um gás nobre, isto é, não reage com outros elementos, e tem o menor ponto de evaporação da tabela periódica.

Tabela periódica
Utilidades o tom roxo-alaranjado da luz emitida pelos tubos de néon é usado para a fabricar reclames luminosos. O néon líquido é também comercializado como elemento para refigerar a baixíssimas temperaturas (criogénico). A sua luz é ainda usada para leitores de códigos de barras em produtos à venda nas lojas ou supermercados.

Tabela periódica
Utilidades argónio é um dos seis gases nobres da tabela periódica e é usado para determinar a data de objetos, podendo estabelecer idades de mais de um milhão de anos. O árgon-39 é usado para datar núcleos de gelo e águas subterrâneas. É utilizado também no fabrico de extintores de incêndios, entre outras aplicações.

Tabela periódica
Utilidades lâmpadas incandescentes e fluorescentes. É também misturado com néon e árgon para iluminar as pistas de aeroportos, já que o alcance da luz vermelha emitida é suficientemente forte para se sobressair em más condições climatéricas. O laser de crípton é usado em medicina para cirurgia da retina do olho.

Tabela periódica
Utilidades lâmpadas de xênon – ou lâmpadas de descarga de alta intensidade – são conhecidas como as mais eficientes tanto em consumo de energia como em capacidade de iluminação. O gás também serve para fabricar lâmpadas esterilizadoras usadas para desinfetar laboratórios ou espaços clínicos. Anestésico aplicado em anestesias gerais ou o seu uso na propulsão de foguetes espaciais são também outras utilidades.

Tabela periódica
Utilidades lentes óticas para câmaras de máquinas fotográficas e telescópios, válvulas eletrónicas, vidro absorvente de radiação infravermelha, pedra de isqueiros, entre outros.

Tabela periódica
Utilidades usado para a produção de ligas de alumínio, aços e ferros. O óxido de cério é usado como abrasivo na indústria de polimento de vidros.

Tabela periódica
Utilidades usado para produzir ligas metálicas de alta resistência térmica e mecânica utilizadas em componentes de motores de avião e de filamentos para lâmpadas de projetores cinematográficos. É ainda utilizado para fabricar vidros de óculos de proteção.

Tabela periódica
Utilidades faz parte do grupo das terras raras na tabela periódica e confere cores delicadas aos vidros, variando do violeta puro ao cinza-claro. Os cristais são usados por astrónomos para calibrar espectrómetros e filtros de radiação infravermelha.

Tabela periódica
Utilidades os seus sais luminescentes podem ser usados para iluminar ponteiros e mostradores de relógios. Espera-se que o promécio venha a ser, no futuro, uma fonte portátil de raios-X e de calor para serem aplicados em sondas espaciais, satélites artificiais e dispositivos médicos. Tal como se acredita que possa a vir a ser útil para produzir lasers capazes de assegurar a comunicação com submarinos a navegar na profundeza dos mares.

Tabela periódica
Utilidades em iluminação de cenários e projetores de filmes, como absorvente de neutrões em reatores nucleares ou ligas para a produção de fones de ouvido. A liga de samário-cobalto (SmCo5) é usada para fabricar ímanes muito mais resistentes e poderosos do que qualquer outro material magnético conhecido.

Tabela periódica
Utilidades por causa da sua capacidade em absorver neutrões, este metal está a ser estudado para vir a ser usado em reatores nucleares. O seu óxido era utilizado em cinescópios de televisores a cores. É também aplicado no processo de fabrico de vidros fluorescentes.

Tabela periódica
Utilidadessoluções de compostos de gadolínio são usadas como contrastes intravenosos para realçar imagens em ressonância magnética. O gadolínio é também utilizado para fabricar compact discs (CD) e memórias de computador. Por possuir propriedades metalúrgicas pouco comuns, quantidades pequenas de gadolínio são adicionadas a ligas de ferro para aumentar a resistência à corrosão.

Tabela periódica
Utilidadessurge na tabela periódica com o símbolo Tb. Usado em lâmpadas de baixo consumo e em ligas metálicas para a produção de dispositivos eletrónicos. Os sais de térbio podem ser usados em equipamentos de laser.

Tabela periódica
Utilidades O disprósio é usado, em conjunto com o vanádio e outros elementos, como componente de materiais para lasers. Utilizado também no processo de fabrico de CD. Estuda-se atualmente a sua aplicação em barras de refrigeração de reatores nucleares.

Tabela periódica
Utilidades usado como gerador de campos magnéticos, em reatores nucleares e na produção de lasers. É igualmente um aditivo aplicado em ligas metálicas e o seu óxido (amarelo) é utilizado para colorir vidros.

Tabela periódica
Utilidades era usado como filtro fotográfico e ainda em tecnologia nuclear como um absorvente de neutrões. O óxido de érbio, por ter uma coloração rosada, é também usado para colorir vidros e porcelanas. Uma das aplicações mais comuns é a dopagem de fibras óticas usadas em sistemas de comunicação.

Tabela periódica
Utilidades em notas de euro para evitar fraudes, em lasers com aplicação em cirurgias ou em equipamentos de produção de micro-ondas.

Tabela periódica
Utilidades por ser um elemento químico muito caro, sua aplicação é limitada, encontrando-se alguns usos na indústria do petróleo ou em ligas metálicas. Os íones de lutécio mostram potencial para uso em relógios atómicos de altíssima precisão

Tabela periódica
Utilidades não tem aplicações industriais significativas. O Ac-225 é empregado em medicina na produção de Bi-213 para radioterapia. É usado para gerar energia em sondas de espaço profundo.

Tabela periódica
Utilidades detetores de sísmicos, aditivos em aços inoxidáveis ou relógios atómicos de alta estabilidade.

Tabela periódica
Utilidades usado em lentes fotográficas especiais, para revestir fios de tungstênio dos equipamentos eletrónicos ou em ligas para aumentar a resistência mecânica e a resistência a elevadas temperaturas do magnésio.

Tabela periódica
Utilidades por ser escasso, altamente tóxico e radioativo, a sua aplicação limita-se praticamente às experiências científicas feitas em laboratório.

Tabela periódica
Utilidades a aplicação mais importante do urânio é como combustível nuclear. É também utilizado na datação de rochas e em armamento nuclear. O urânio é o último elemento químico natural da tabela periódica e o primeiro em que se descobriu a radioatividade.

Tabela periódica
Utilidades combustível nuclear, armas de destruição maciça.

Tabela periódica
Utilidades armas e reatores nucleares e sondas espaciais.

Tabela periódica
Utilidades é utilizado em detetores de fumos ou medidores industriais. Foi usado também para calibrar a espessura de vidros, permitindo obter vidros bastante planos.

Tabela periódica
Utilidades O cúrio-242 e o cúrio-244 podem ser utilizados em marca-passos (pacemarkers) e instrumentos de localização usados em lugares remotos da Terra ou em missões espaciais. Pode ser igualmente útil em geradores termoelétricos.

Tabela periódica
Utilidades fora da investigação científica, o berquélio não apresenta nenhuma aplicação industrial.

Tabela periódica
Utilidades o principal uso é como fonte de neutrões para estudo do solo terrestre ou de outros planetas através de sondas espaciais. É o metal mais caro do mundo e só pode ser comprado por uma organização internacional credenciada.

Tabela periódica
Utilidades o elemento foi identificado pela primeira vez nos destroços deixados pela explosão da primeira bomba de hidrogénio, em 1952. Não são conhecidos usos comerciais deste elemento.

Tabela periódica
Utilidades nenhum uso conhecido. Somente quantidades ínfimas de férmio foram produzidas ou isoladas em laboratório, não se conhecendo, por isso, as suas propriedades químicas. O Férmio foi observado pela primeira vez nas partículas radioativas no teste nuclear de Ivy Mike, em 1952 na ilha de Enewetak, no Pacífico.

Tabela periódica
Utilidades Não há nenhuma aplicação conhecida para o mendelévio.

Tabela periódica
Utilidades metálico e radioativo, o nobélio foi identificado em 1958, mas muito pouco se conhece sobre as suas propriedades, não tendo qualquer uso fora das pesquisas científicas.

elemento químico
Utilidades Tão pouco se conhece sobre este elemento da tabela periódica, que nem sequer há certezas sobre o seu aspeto. Sintetizado por investigadores americanos, em 1961, desconfia-se que é um elemento metálico de cor branca prateada ou cinza.

 💥Se gostas de enigmas da Ciência, lê ou relê também este artigo: Por que tem o corpo humanos partes inúteis?

Quantas bactérias vivem connosco?

bactérias

Se pudéssemos ver as quantidades monstruosas de bactérias que vivem connosco, não conseguiríamos mais pregar o olho à noite. As estimativas mais recentes apontam para tantas quanto as células do nosso organismo. Feitas as contas, há cerca de 10 triliões de microrganismos e todos juntos formam o microbioma humano.

Felizmente, as bactérias são tão minúsculas que nem nos damos conta do gigante trabalho que fazem pela nossa saúde. Qualquer parte exterior ou interior do nosso corpo é um bom lugar para elas morarem, mas o trato digestivo é onde se sentem em casa. O percurso entre a boca e o final do intestino é a zona mais valorizada, uma espécie de bairro de luxo com moradias à beira da praia, onde todas sonham viver.

Mas lá por terem, regra geral, as mesmas preferências, não significa que sejam todas iguais. Cada comunidade tem a sua própria identidade. Os traços de personalidade da microbiota – colónias de bactérias que habitam o nosso corpo – estão muito dependentes da nossa alimentação ou dos restos de comida que chegam ao intestino e que são a sua principal fonte de energia. Daí as suas características variarem de pessoa para pessoa.

🍔 Se a carne é a base da tua dieta, a tua microbiota será muito diferente da de quem come saladas e legumes. 🥗

Mas, como são cada vez menos os humanos que gostam de sopas e verduras e cada vez mais os que se empanturram de pizzas, hambúrgueres, batatas fritas e outros alimentos processados, os microbiomas têm vindo a ficar todos muito parecidos.

O uso abusivo dos antibióticos também tem contribuído para acabar com a diversidade de espécies de bactérias e essa é mais uma razão para a Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, querer construir na Noruega ou na Suíça – ainda não há uma decisão sobre o local – um celeiro para armazenar coleções de bactérias vindas de todo o mundo.

Um celeiro para guardar bactérias raras

bactérias

Arca de Noé microbiana é uma gigantesca operação para guardar amostras de bactérias antes que elas desapareçam.

O projeto, conhecido como Arca de Noé microbiana ou Microbiota Vault, destina-se a preservar a diversidade das bactérias, esperando-se que possam vir a ser úteis para proteger a saúde das futuras gerações. A operação envolve investigadores de todo o mundo, Portugal incluído, e ainda uma rede de colaboradores que irá estar mais concentrada em recolher amostras junto dos povos indígenas que, graças à sua alimentação rica em fibras e vegetais, demostraram ter as microbiotas mais diversificadas de todo o planeta.

E por que é importante preservar a diversidade destes microrganismos? Em primeiro lugar, quanto mais variada são as colónias de bactérias, mais chances tem o nosso corpo de combater as outras bactérias que invadem o nosso organismo, provocando doenças e infeções. A microbiota tem uma relação muito forte com o nosso metabolismo, ajudando o sistema imunitário, a digestão, estimulando a produção de hormonas ou de vasos sanguíneos ao redor do intestino, entre muitas outras funções.

Entre os inúmeros benefícios destaque-se também a capacidade delas para decompor a fibra dos vegetais, permitindo ao nosso organismo produzir vitaminas e compostos essenciais para assegurar uma nutrição saudável. Essas comunidades são, por isso, a primeira e a mais importante linha de defesa para o nosso sistema imunológico criar barreiras contra invasões de bactérias patogénicas (ou causadoras de doenças).

Uma floresta bem cuidada e robusta

bactérias

Quanto mais diversificadas forem as colónias de bactérias, mais preparadas estão para combater as doenças.

Karina Xavier, do Instituto Gulbenkian de Ciência, é uma das maiores especialistas mundiais em bactérias e costuma descrever a microbiota como uma grande e densa floresta. Quanto mais diversificada ela for, mais robusta se torna às invasões e maior será a sua capacidade para se recuperar após um ataque.

Tal como uma comunidade diversificada de bactérias é o melhor trunfo para nos defender de invasores, também uma floresta resiste e se regenera muito mais depressa a seguir um incêndio se tiver uma grande variedade de espécies – carvalhos, sobreiros, freixos ou alfarrobeiras – e não apenas eucaliptos e pinheiros.

Por todos os motivos, cuidem muito bem das florestas de bactérias que vivem convosco para que também elas estejam sempre em alerta e prontas para vos proteger. Em ciência, a cooperação entre dois ou mais organismos tem o nome de relação simbiótica – humanos e bactérias esforçam-se para oferecer o melhor de si à outra parte. O Bicho-que-Morde, que não é propriamente um cientista, chamaria a isso Amor 💕 Verdadeiro!

7 perguntas essenciais para fazer a uma bactéria

bactérias

Quem és tu?

Sou um organismo unicelular, significa que tenho uma única célula, mas é o que basta para desempenhar todas as funções necessárias à minha sobrevivência.

Em quantos grupos se dividem vocês?

Consoante as nossas formas básicas, podemos ser classificadas em cinco grupos: esférica (cocos), bastonetes (bacilos), espiral (espirila), vírgula (vibrios) ou saca-rolhas (espiroquetas).

Como é que se organizam?

Geralmente em cadeias ou em cachos (clusters), mas algumas gostam de viver em pares ou mesmo sozinhas.

Onde vivem?

Estamos em todos os habitats da Terra: solos, rochas, oceanos e até na neve ártica. Algumas de nós gostam de viver sobre ou dentro de outros organismos, como plantas, animais e humanos.

Por que devemos ter cuidado com os antibióticos?

Os antibióticos combatem as infeções bacterianas, mas o seu uso em excesso ou sem prescrição médica pode acelerar o desenvolvimento de bactérias multirresistentes e modificar — talvez irreversivelmente — as boas bactérias (conhecidas como comensais) que vivem no organismo humano. As experiências têm mostrado que os antibióticos interferem na composição da flora intestinal — quantidade e variedade — e que, mesmo depois de se parar a toma dos medicamentos, a microbiota não recupera totalmente. As superbactérias ou bactérias multirresistentes são estudadas desde o século 19 e o que se constatou é que, com o passar do tempo, elas se têm tornado cada vez mais resistentes aos antibióticos.

Quantas espécies de bactérias vivem no corpo humano?

Somos mais de 10 mil espécies diferentes de bactérias a viver no organismo humano e em lugares tão incríveis como a boca (700 espécies), a flora intestinal (1000 espécies) ou a pele (1000 espécies). Antes sequer de esboçares uma careta de nojo, lembra-te que não somos parasitas e que, sem nós, a tua vida seria muito complicada – a minha existência, diga-se de passagem, também não seria possível sem ti.

Vê em baixo alguns exemplos de boas bactérias.

bactérias

Quantas espécies nocivas de microrganismos (patogénicos) são conhecidas?

Existem cerca de 1400 espécies conhecidas de microrganismos capazes de provocar doenças aos humanos (incluindo vírus, bactérias, fungos, protozoários e helmintos). Embora possa parecer um grande número, os patógenos humanos representam menos de 1% do número total de espécies de microrganismos identificados no planeta.

Vê em baixo algumas das bactérias nocivas para a saúde humana.

bactérias

👨‍🔬 Se gostas de coscuvilhar sobre a vida dos microrganismos, lê também estes dois artigos:

Quantos vírus há na terra (além do coronavírus 2, claro)?

Quanto tempo demora uma ferida a cicatrizar?

Quantas palavras tem a língua portuguesa?

língua portuguesa

Ao escrever o poema «Todas as Palavras», saberia António Manuel Pina quantas eram ao certo? Ninguém melhor do que um escritor e poeta para conhecê-las tão bem, mas daí a saber quantas são e o que significa cada uma delas… São tantas as palavras na língua portuguesa que só uma pequena parte sai dos dicionários e ganha vida nas histórias dos livros ou nas conversas entre amigos. Alguém lembrar-se-ia de dizer, por acaso, bíbulo ou eflúvio à mesa do jantar?

Segundo o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, haverá qualquer coisa entre 200 e 300 mil palavras, se não se contabilizar as suas derivações (formas verbais). O maior dicionário de português é a edição do Dicionário de Moraes e conta com 306 949 palavras na sua 10.ª edição. São 12 volumes publicados entre 1948 e 1958 pelo historiador e linguista português José Pedro Machado e é o mais completo de todos.

A edição portuguesa do Houaiss, considerado também um dos maiores dicionários da língua portuguesa, tem 228 mil verbetes (palavras com os respetivos significados). O Grande Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora terá à volta de 410 mil entradas e o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, disponível na Internet, incluía em abril de 2021 um total de quase 134 mil verbetes.

Boa parte das palavras veio de civilizações tão antigas como a árabe ou a romana, esta última, muito mais aliás. O vocabulário da língua portuguesa, que continua a receber influências de línguas africanas ou orientais, foi sendo construído essencialmente com o latim falado pelos soldados do Império de Roma, que ocuparam a Península Ibérica.

São palavras que parecem nunca mais acabar. A língua portuguesa estará entre os idiomas que mais verbetes tem. O Dicionário Oxford do Inglês, o maior da língua inglesa, traz 290 mil verbetes. No Dicionário Larousse da Língua Francesa há mais de 135 mil palavras. E dicionário da Real Academia Espanhola conta com 93 mil palavras. O maior no mundo ocidental, no entanto, é o dicionário da língua holandesa, o Het Woordenboek der Nederlandsche Taal, segundo o Wikipédia. Tem 43 volumes, demorou 150 anos a ser feito e conta com 350 mil entradas, boa parte com palavras que, entretanto, caíram em desuso.

Carrega aqui para descobrir o significado de bíbulo e eflúvio.
Bíbulo: o que absorve humidade ou líquidos. Eflúvio: perfume, aroma, fragrância.

Os dicionários do Bichinho das Contas

língua portuguesa

Horas a fio a consultar o dicionário da língua portuguesa deram nisto: o Bichinho das Contas decidiu inventar quatro historietas com algumas das palavras que nunca ouviu ou leu. Consegues descobrir o que raio quer ele dizer com este chorrilho de palavras estrambólicas?

1 – O Tesouro (ou uma história com palavras difíceis)

 🤔Ui! Isto sem um dicionário ao lado, não vai ser fácil…

À sombra de um flamboaiã (1) florido, encontrei um palimpsesto (2). Percebi pelo aspeto achamboado (3) que era algo vetusto (4), mas antes de avançar com qualquer tipo de elucubração (5), mostrei o achado a um perito. Assim que soube ter um tesouro em mãos, apressei-me a escondê-lo num latíbulo (6) do períbolo (7).

Carrega aqui para descobrir as soluções.
(1) – Árvore de Madagáscar, popularmente conhecida por acácia-rubra; (2) – Pergaminho reciclado usado na Idade Média; (3) – Tosco, rude, mal-acabado, rústico, entre outros; (4) – Antigo, velho, gasto, entre outros; (5) – Estudo, hipótese, adivinhação, entre outros; (6)Esconderijo, lugar oculto, refúgio; (7) – Pátio ou adro da igreja.

2 – O tagarela (ou uma história com palavras divertidas)

😏Vê lá se consegues:

Com as bochechas cheias de guloseimas, um laparoto (1) chegou-se ao pé de mim a garrular (2). Tinha uma voz tão monotónica (3) que em menos de nada me fez sopitar (4). Acordei babado e com a roupa tão encorrilhada (5) que parecia um grandessíssimo papalvo (6).

Carrega aqui para descobrir as soluções.
: (1) –Manhoso, anafado, gordo; (2) – palrar, tagarelar, papaguear; (3)cansativa, aborrecida, monótona, entediante; (4) – adormecer, dormitar, cochilar; (5) – Amarrotada; (6) – Tonto, pateta.

3 – O susto (ou uma história com palavras esquisitas)

🙄Isto está cada vez mais esquisito…

Tão túrbida (1) estava a noite que não via um palmo à frente. Senti de repente um ósculo (2) na minha cara. Fremi (3), pensei que fosse um avejão (4). Mas era só a minha vizinha que se aproveitou da escuridão para demonstrar o seu desvelo (5). Fiquei cheio de opróbrio (6), mas ainda bem que tudo aconteceu antes do dilúculo (7). Nem por nada queria que ela me visse rubicundo (8).

Carrega aqui para descobrir as soluções.
:(1) – Escura, enevoada, toldada; (2) – beijo, beijoca, beijinho; (3) – Estremecer, arrepiar; (4) – Fantasma, avantesma, espectro; (5) – carinho, atenção; (6) – Vergonha, pudor, timidez; (7) – Alvorada, aurora, primeiros raios de sol; (8) – Vermelhão, corado, rosado, afogueado.

4 – A viagem (ou uma história simples com palavras bonitas)

🤗Não tem nada que saber…

Viajei numa pluma (1) gigante e minudências (2) encontrei pelo caminho. Um caco de vidro, um velho herbário (3) de papoilas e partes de um escafandro (4) enferrujado no areal da praia. Levei tudo comigo.

Carrega aqui para descobrir as soluções.
:(1) Pena de ave usada como caneta; (2) – Objetos pequenos, minúsculo, sem importância; (3)Livro ou álbum com flores secas catalogadas e espalmadas nas páginas; (4) – Fato impermeável para mergulhar no mar.

Das palavras dadas às emprestadas

língua portuguesa

O português é uma grande salganhada. Latim, grego e árabe são uma fatia muito importante, mas não esqueçamos a influência de outros povos, desde iberos, celtas, bascos, fenícios ou cartagineses até vândalos, alanos, visigodos ou alamanos. Todos juntos cozinharam ao longo de séculos a língua portuguesa, que aumentou ainda mais o seu léxico com as aventuras dos portugueses em terras de África, da Ásia ou das Américas.

Se a maioria das palavras foi herdada pelos que por aqui passaram, outras fomos buscá-las aos países vizinhos. A língua anda de boca em boca e com os ouvidos bem abertos. Ouvindo aqui, acolá, deixando-se contagiar pelas modas, pela gastronomia, pela música ou pelos avanços das tecnologias que acontecem nas vizinhanças.

Prova disso são os estrangeirismos, nada mais do que pedir emprestado palavras de outros idiomas. Exemplos não faltam na língua portuguesa. Quando o empréstimo vem do francês, dá-se o nome de galicismo. Se for do inglês, diz-se anglicismo, e italianismo do italiano.

O estrangeirismo tem duas formas:

  • a grafia e a pronúncia são adaptadas ao português;
  • palavra é conservada na sua forma original.

Aqui ficam alguns exemplos para mostrar como estamos tão habituados a certas palavras que já nem nos lembramos que têm origens noutras línguas:

GALICISMOS Abajur (abat-jour) | Ateliê (atelier) | Baguete (baguette) | Balé (ballet) |Batom (bâton) | Bege (beige) | Bijuteria (bijouterie) | Boutique (boutique) | Capô (capot) | Carrossel (carrousel).

ANGLICISMOS Airbag (air bag) | Bangalô (bungalow) | Basquetebol (basketball) | Bife (beef) | Boxe (boxing) | Casting (casting) | Coquetel (cocktail) | CD (sigla para compact disc) | Clipe (clip) | Design (design) | Detective (detective) | Email (email) | Folclore (folklore) | Marketing (marketing) | Nylon (nylon) | Part-time (part-time) | Queque (cake) | Repórter (reporter) | Self-service (self-service) | Ténis (tennis).

ITLALIANISMOS Adágio (adagio) | Alteza (altezza) | Bagatela (bagatella) | Bandido (bandito) | Barítono (baritono) | Capricho (capriccio) | Cappuccino (cappuccino) | Cicerone (cicerone) | Diletante (dilletante) | Esparguete (spaghetti) | Gueto (ghetto) | Imbróglio (imbroglio) | Filigrana (filigrana) | Lasanha (lasagna) | Nhoque (gnocchi) | Mozarela/muçarela (mozzarella) | Ricota (riccota) | Risoto (risotto) | Salsicha (salsiccia) | Piza (Pizza).

Arabescos na ponta da língua

língua portuguesa

Os árabes influenciaram não só a língua, como a arquitetura, gastronomia ou avanços nas ciências.

Os estrangeirismos estão sempre a acontecer, mas há outras interferências na língua que ocorreram há muitos séculos e ajudaram a moldar a língua portuguesa. É o caso dos árabes, que chegaram à Península Ibérica em 711 e ficaram até 1249 em Portugal. Mais de 500 anos é tempo suficiente para deixarem aqui a sua marca.

Com os árabes aprendemos novos saberes como a álgebra, a astronomia, a aritmética ou a numeração decimal que ainda hoje usamos. Na agricultura, eles ensinaram-nos a cultivar o arroz, a plantar as oliveiras, as vinhas ou as árvores de fruto e, na indústria, desenvolveram o têxtil e a cerâmica.

As influências estão por todo o lado, na arquitetura, na gastronomia, e evidentemente, na forma como falamos, apesar de nunca terem imposto a sua língua como única. Coisa que não aconteceu aliás com a Inquisição em 1552, quando o árabe passou a ser proibido e usado apenas às escondidas.

Ainda assim sobreviveu e, hoje, entre substantivos, adjetivos, verbos, pronomes, artigos ou interjeições haverá mais de 18 mil termos, segundo Dicionário de Arabismos na Língua Portuguesa”, de José Adalberto Alves. Consulta em baixo a lista com alguns exemplos.

Palavras do árabe

Achaque (ashshaka) | Açoite (assaut) | Açougue (assok) | Açude (assudd) | Açúcar (assukar) | Alcachofra (Alkharshof) | Álcool (alkohul) | Alcorão (Alkuran) | Alcova (al-qabu) | Alface (al-khaç) | Alfaiate (al-khayyât) |Almirante (amir-al-bahr) | Almofada (almukhadda de khadd) |Falua (faluka) | Fulano (Flan) | Garrafa (garrafâ) | Harém (Harim) | Javali (jabali) | Laranja (naranj) | Limão (laimun) | Masmorra (matmura) | Matraca (mitraka) | Nora (na’ûra) | Olá (wa Allah) |

O vizinho do lado

língua portuguesa

O português e o castelhano partilham as influências dos muitos povos que passaram pela Península Ibérica

E, já agora, os nuestros hermanos, aqui ao lado, também contribuíram para enriquecer o nosso vocabulário. O português e o espanhol partilham muita coisa em comum, a começar pelo o latim e o grego, e a continuar na civilização árabe. A imposição do latim vulgar como língua única pelos romanos não foi suficiente para travar outras tantas influências de povos que já antes por aqui andavam (iberos, celtas, bascos, gregos, fenícios e cartagineses). Mais tarde, no século V, os germânicos (vândalos, alanos, visigodos, alamanos, suevos, entre outros) trouxeram igualmente novas palavras que passaram a fazer parte das nossas conversas.

Tanto os germânicos como, mais tarde, os árabes foram modificando os dialetos usados no tempo dos romanos. Uma dessas mudanças foi o galego-português, em Portugal e na Galiza, que passou a ser cada vez mais escrito e falado após os cristãos expulsarem os árabes, no século XI. Ou o castelhano, o catalão, o navarro-aragonês e o astur-leonês, falados respetivamente nas regiões de Castela, Catalunha, Aragão e Navarra, Leão e Astúrias.

Com percursos tão próximos não admira que muitas das palavras portuguesas tenham origem na língua espanhola. As semelhanças, por vezes, são tantas que se torna complicado distinguir aquelas palavras que vieram do país vizinho e as que são mesmo nossas. Confere a seguir alguns dos termos que chegaram de Espanha.

Palavras do castelhano

Abarrotar (abarrotar) | Amistoso (amistoso) | Ampulheta (ampolleta) | Apanhar (apañar) | Apetrechos (petrechos) | Chorrilho (chorrillo) | Descalabro (descalabro) | Deslumbrar (deslumbrar) | Desmoronar (desmoronar) | Empurrar (empujar) | Encalhar (encallar) |Mamarracho (mamarracho) | Manada (manada) | Mariposa (mariposa) |Mochila (mochila) |Novilho (novillo) | Ninharia (Niñeria) | Pandeireta (pandereta) | Repolho (repollo) | Riacho (riacho) | Sovina (sobina) | Tapeçaria (tapicería) | Tertúlia (tertulia) | Tijolo (tejuelo) | Tiracolo (tiracuello) | Velhaco (bellaco) | Vislumbre (vislumbre) | Zaragata (zaragata).

Do abacaxi dos tupi ao jindungo do quimbundo

língua portuguesa

As palavras  do Brasil, Angola ou Moçambique também viajaram para o vocabulário da língua portuguesa.

Ao viajarem pelos mares ao longo dos séculos 15 e 16, os navegadores portugueses levaram a sua língua a muitos lugares, do Brasil a Timor-Leste, passando por Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Moçambique. Mas não foram só os portugueses que mudaram os modos e os idiomas falados por estes povos. O contrário também aconteceu com várias expressões e palavras das línguas nativas desses países a entrarem no português. As principais influências chegaram das línguas banto de Angola (quimbudo) e Moçambique ou das línguas tupi – guaranis, da América do Sul.

🤙Alguns exemplos que o Bichinho das Contas recolheu:

Abacaxi
Vem do tupi-guarani e é usada para designar as plantas do género Ananás, cultivadas em climas tropicais.
Bazar
Vem do quimbundo, língua da família banto falada em Angola. Significa fugir ou sair apressadamente.

Banzé

A sua origem é imprecisa, provavelmente vem do quimbundo. Significa confusão, barulho, briga.

Batuque

Origem controversa, atribuída às línguas africanas, significa dança com sapateado e palmas ao som de instrumentos de percussão.

Berimbau

Palavra do quimbundo para designar um instrumento musical composto por um arco de madeira com uma corda de arame vibrada por uma vareta. Tem ainda uma cabaça oca que funciona como uma caixa de ressonância.

Bué

Calão de Luanda, significa muito ou demasiado e é usada em linguagem informal entre adolescentes.

Cachimbo

Origem controversa atribuída aos americanos, por um lado, ou ao quimbundo, por outro. Designa um tubo com uma cova na extremidade para se colocar o tabaco e fumar.

Cafofo

Vem das línguas banto, faladas nos países africanos a sul do Equador, nomeadamente em Moçambique. Significa esconderijo, buraco, cova, local onde se guardavam os escravos antes de serem vendidos

Candonga

Palavra usada como sinónimo de mercado negro, contrabando ou economia paralela (atividades que escapam aos impostos). A sua origem é atribuída às línguas banto, significando esperto, astuto ou ardiloso.

Capanga

Vem de kappanga, do quimbundo, e significava uma bolsa pequena para transportar bens de valor junto ao corpo. Mais tarde, passou a significar também guarda-costas.

Carimbo

Vem do quimbundo: instrumento de borracha, marca, sinal.

Cota

Pessoas mais velha (calão de Luanda, Angola)

jindungo

Vem do quimbundo: variedade de malagueta.

Kuduro

Ritmo angolano criado nos anos 1980 pelo dançarino e produtor Tony Amado. A palavra, que significa «rabo duro» surgiu para dar nome a um novo estilo de música e de dança que mistura batidas eletrónicas com o folclore angolano.

Musseque

Palavra do quimbundo, foi deixando de ter uso, acabando por ser substituída por subúrbio.

Jacarandá

Vem do tupi-guarani para designar árvore originária da Argentina, Bolívia e sul do Brasil. É também a segunda espécie de árvore mais encontrada na cidade de Lisboa.

Mandioca

Vem do tupi-guarani para designar planta tuberosa da família das Euphorbiaceae.

Pamonha | Panhonha 

Vem da palavra tupi pa’muñã, que significa pegajoso. Usa-se para dizer que alguém é palerma, molenga, desajeitado ou preguiçoso. É também uma iguaria feita à base de milho.

Se gostas de brincar com a língua portuguesa, lê também:

👁‍🗨Quanto pesam as palavras?

👁‍🗨Por que gostam tanto os portugueses de diminutivos?

Fontes consultadas: Ciberdúvidas | Wikipédia | Ciberdúvidas (1) | Ciberdúvidas (2) | Ciberdúvidas (3) |Wikipédia (1) |Histórias de Portugal em Marrocos | Brasiliano | BBC |Dicionário Priberam |Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa, de Adalberto Alves, Imprensa Nacional Casa da Moeda (2013), Lisboa.

Por que damos nomes e alcunhas aos nossos animais?

Porque gostamos tanto deles que fazem parte da família! Cada qual com o seu feitio. Meigos, mas às vezes ariscos. Espertos e alegres, mas também inseguros. Obedientes e brincalhões, mas em dias maus casmurros ou irrequietos. Em muitos aspetos, eles são mesmo parecidos connosco. Se são donos de uma personalidade tão forte, faz todo o sentido que tenham nomes como nós.

 

Gato

Inglês Tom, Boots ou Pussy-Cat

Finlandês Kisu

Francês Félix

Italiano Pussi

Português Tareco/Bichano/Maltez

Espanhol Micifús

 

Touro

Inglês Angus

Espanhol torito

Galinha

Inglês Licken

Finlandês Tipu

Francês Cocotte

Italiano Coco

Vaca

Inglês Daisy, Voilet, Mavis

Finlandês Ammu, Mansikki

Francês Marguerite

Português Mimosa

Cão (pequeno)

Inglês Fifi, Tiddles

Finlandês Hauva

Francês Toutou/Oscar

Italiano Musetta

Português Froufrou (cão mimado)

Espanhol Solovino (cão presunçoso)

Cão (porte médio)

Inglês Lassie, Rover, Spot, Fluffy, Snowy

Italiano Rintintin

Cão (grande)

Inglês Bounder, Rex, Bowser

Cão raivoso

Inglês Gnasher, Bruiser

Espanhol Nerón

Pato

Inglês Jemima, Donald

Finlandês Kalle ja Liisa (nome para um casal de patos)

Italiano Paperino (pato)/Paperina (pata)

Português Patareca/ Pata-choca/patudo

Espanhol Pascual

Elefante

Inglês Jumbo, Nellie, Dumbo

Francês Baban

Italiano Dumbo

Sapo

Inglês Kermit

Espanhol René

Cavalo

Inglês Trigger, Silver

Finlandês Heppa, Humma, Koni

Francês Jolly Jumper

Italiano Furia

Português Trovão, Asa Branca (égua branca, no Brasil)

Canguru

Inglês Skippy

Italiano Skipper

Espanhol Skippy

Leão

Inglês Reggie, Leo

Francês Leo

Italiano Kimba

Rato

Inglês Jerry, Mickey, Minnie

Finlandês Hiiru, Hiirulainen

Italiano Topolino/Jerry

Espanhol Speedy González

Porco

Inglês Piglet

Finlandês Nasu, Possu

Espanhol Cinito

Coelho

Inglês Bugs, Peter, Brer

Finlandês Kani

Italiano Bugs

Urso

Inglês Pooh, Paddington, Teddy

Finlandês Nalle, Otso, Mesikämmen

Francês Winny

Alemão  Puh

Italiano Bubu

Consulta a tabela original aqui.

Este tema só fica completo com a leitura de:

🦧Por que são as conversas dos animais diferentes de país para país?

🐕Como dar ordens aos animais em diferentes línguas?