Se uma Maria faz tanto barulho, o que farão três Marias?

Três Marias

Três Marias escreveram, em 1972, um livro a perguntar por que há mulheres que não podem ser mais do que donas-de-casa bem-comportadas. A pergunta pôs o Estado Novo com os nervos em franja. Acusaram-nas de atacar a moral pública e os bons costumes, quiseram prendê-las e o julgamento foi seguido em boa parte do mundo. As três Marias, como ficaram internacionalmente conhecidas, esperaram dois anos pela sentença, que aconteceu semanas depois do 25 de Abril de 1974. Com a liberdade, começou também a luta delas pelos direitos de todas as mulheres.

Era uma vez três Marias escritoras. Sempre que publicavam um livro, alguém ficava nervoso. A última vez que uma delas escreveu um, os funcionários do Estado entraram furiosos nas livrarias e mandaram retirá-los das montras e das estantes. As ideias delas eram perigosas. «Qualquer dia, saem todas à rua a gritar pelos mesmos direitos dos homens», temiam os governantes. Podem lá eles permitir tal atrevimento!

Elas não se deixaram amedrontar, muito pelo contrário. E se, em vez de cada uma escrever o seu livro, juntassem forças e talento numa obra assinada pelas três?

_ Se uma Maria faz tanto barulho, imagine-se o que farão três – incentiva Maria de Fátima Velho da Costa.

Tão entusiasmadas ficaram com a ideia, que já não houve outro tema de conversa durante almoço.

_ Temos de arranjar um bom título, algo relacionado com mulheres rebeldes – propôs uma delas.

Logo se inspiraram no livro que todas admiram – As «Cartas Portuguesas». Trata-se de um romance, publicado no século 17, com declarações de amor dirigidas a um oficial francês. A autoria ainda hoje é um mistério, mas desconfia-se que é de uma tal de Mariana Alcoforado, uma freira portuguesa enclausurada num convento de Beja.

A obra e o título assentavam como uma luva nos propósitos dela. Não se sabe ao certo quem é a autora ou autor dessas cartas, que ainda hoje são uma ousadia contra os valores impostos só porque sim. As três Marias também queriam publicar um livro a denunciar os costumes que atropelam os direitos de uns só para conservar o poder de outros.

Um livro sem princípio, meio e fim

Três Marias

A obra fala sobre guerra colonial, direitos das mulheres ou religião, questões que provocaram azia entre os governantes.

Puseram mãos à obra e, nove meses depois, deram o trabalho por concluído. «Novas Cartas Portuguesas» não é um romance com princípio, meio e fim. Também não é um livro de História ou de Poesia, nem um Ensaio ou sequer uma reportagem. É tudo isso e nada disso.

O livro de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria de Fátima Velho da Costa é um sortido de 120 textos – poemas, cartas, reflexões, testemunhos, citações ou relatórios. Muitos temas são sobre as mulheres e as regras a que estavam obrigadas enquanto mães, filhas e «esposas obedientes», mas também há outros assuntos, como a violência da guerra colonial em África, o lugar da família e outras questões indigestas quanto baste para provocar azia entre os ministros e outros governantes.

Se o livro delas fosse hoje publicado, ninguém contestaria o seu valor. Naqueles tempos era diferente. Faltavam só dois anos para a Revolução do 25 de Abril, mas, ainda assim, o regime resistia à mudança a acontecer em muitos outros países.

As mulheres, no Estado Novo, praticamente não tinham direitos.

Se fossem casadas, pior ainda. A lei mandava-as cuidar da casa, que é como quem diz, das tarefas domésticas. Não podiam, por exemplo, vender propriedades, mesmo que as terras, os prédios ou as casas fossem delas. Ou tomar decisões sobre a educação dos filhos, podendo apenas ser consultadas pelos maridos.

O divórcio era proibido por causa do acordo entre o Estado e a Igreja, na Concordata de 1944. Não lhes era também permitido viajar para o estrangeiro ou trabalhar sem a autorização dos maridos, nem tão pouco ocupar cargos públicos ou escolher profissões consideradas só dos homens, como a magistratura, a política ou a diplomacia.

Não admirava, por isso, que tivessem de bater à porta de muitas editoras até encontrar uma disposta a aceitar o livro. E, mesmo assim, foi preciso uma outra amiga interceder por elas. Natália Correia, que, uns anos antes, até fora condenada por publicar uma «Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica», sabia muito bem quão importante era aquele livro e pediu a Romeu de Melo, o editor da Estúdios Cor para publicar as «Novas Cartas Portuguesas».

Três Marias

O livro chegou às livrarias em abril de 1972, sem grande alarido, mas, em menos de um mês, mais de metade dos 1300 exemplares foram vendidos.

A outra parte teria o mesmo destino não fosse a polícia entrar porta dentro e levar tudo para o armazém da sede da PIDE, em Lisboa. As três Marias já estavam à espera. Não seria por isso que o livro não chegaria aos leitores. Tal como acontece com muitas outras obras censuradas, quem quer mesmo ler os livros proibidos pode comprá-los em segredo e escondê-los em estantes, paredes ou soalhos falsos.

Só que, desta vez, a Direção dos Serviços de Censura foi mais longe do que o costume. Além classificar as «Novas Cartas Portuguesas» como uma «ofensa aos costumes e à moral vigente no país», o despacho do censor recomendou o envio da obra à Polícia Judiciária para abrir um processo-crime.

Um atentado à moral pública

Três Marias

Com o julgamento marcado, as Marias sofrem muitas represálias no trabalho e na vida privada.

Sem saber como nem porquê, as três Marias e o editor viram os passaportes apreendidos, foram várias vezes interrogados pela PJ e, por fim, acusados de atentado à moral pública, arriscando uma pena que podia ir até aos dois anos de prisão.

Ainda antes da acusação, o inspetor da judiciária tentou que cada uma delas denunciasse as outras amigas. O que ele queria saber era quem escrevera o quê no livro, principalmente aquelas partes consideradas chocantes pelo censor. Usou a técnica habitual para arrancar a informação delas: colocou cada uma numa sala de interrogatório diferente, mas, apesar de separadas, elas disseram todas o mesmo.

_ O livro foi escrito pelas três. Não há cá partes de uma ou de outra.

O inspetor, irritado com a casmurrice delas, insistiu, pensando que uma delas acabaria por ceder.

_ Eu até sei qual das senhoras foi e vai ver que nada lhe acontece se me confirmar a suspeita. Mas se continuar com essa conversa, vão as três a julgamento.

Como seria de esperar, passados uns meses, as três Marias compareceram no Tribunal da Boa-Hora, no centro de Lisboa. Era só o princípio. As coisas pioraram muito nos dias seguintes. Maria Isabel e Maria de Fátima eram colegas no Instituto Nacional de Investigação Industrial e, assim que o caso se tornou conhecido, o subdiretor bateu à porta do gabinete do chefe de secretaria.

_ Preciso que averigue com urgência as medidas a tomar no caso destas duas funcionárias serem condenadas.

_ É para já, senhor doutor, dê-me só umas horas para consultar os meus papéis e ainda durante a tarde terá a resposta.

Nem foi preciso esperar tanto. Ao final da manhã, o chefe de secretaria apresentou as sanções que poderiam ser aplicadas a ambas. Despedimento imediato para Maria de Fátima e processo disciplinar que, com mais alguma burocracia, também terminaria com a demissão de Maria Isabel.

O caso de Maria Teresa, esse, subiu às mais altas esferas do regime.

O secretário de Estado da Informação e do Turismo, que ditava também a lei da moral pública, ordenou que o nome dela fosse imediatamente retirado do jornal «A Capital», onde trabalhava como jornalista. Poderia continuar a escrever, se assim entendesse. Isso era o menos importante, já que nada saía na imprensa sem passar primeiro pela censura. A assinatura dela é que não podia aparecer nos textos da sua autoria nem na ficha técnica.

Se no trabalho as coisas ficaram difíceis, em casa não estava muito melhor.

Todos os dias, havia telefonemas a meio da noite ou cartas anónimas pela manhã, insultando-as de alto a baixo.

Enquanto, publicamente, os ministros e secretários de Estado desaprovavam a conduta «imoral» das três Marias, sorrateiramente enviavam os seus representantes para encontros secretos. Ofereceram almoços em restaurantes discretos, sorrisos cordiais e gestos de cavalheiros. Em troca, pediram que dissessem alto para toda a gente ouvir que estavam muito arrependidas. Eles estariam dispostos a esquecer tudo, a fingir até que nada se passou e a nunca mais tocar no assunto. Elas deram um não redondo e a conversa acabou ali.

_ Se é assim que querem – avisaram -, não podemos fazer mais nada. Estão nas mãos da justiça, minhas senhoras.

Até parece que estavam muito preocupados com o que lhes pudesse acontecer. A apreensão deles era outra. O assunto, cuidadosamente abafado nos jornais portugueses, chamou a atenção da imprensa estrangeira. As três Marias passaram a ser tão populares lá fora que toda a gente as reconhecia como as Marias que não temiam a ditadura em Portugal.

O mundo está com as três Marias

Três Marias

Às embaixadas portugueses de dezenas de países, chegaram petições, abaixo-assinados e cartas contra a prisão delas.

Não foi por acaso que o processo chegou aos ouvidos dos americanos, dos franceses ou dos ingleses. Naturalmente que as três amigas não ficaram sossegadas à espera da condenação. Enviaram, clandestinamente, dezenas de exemplares do livro a organizações e mulheres feministas de diferentes países – entre elas, Simone de Beauvoir, uma das autoras mais influentes em França e em grande parte da Europa. Ela metia-se em tudo: na política, nos movimentos feministas, na filosofia, na literatura e sabe-se lá mais no quê.

Assim que Simone soube do caso das três Marias, ninguém mais a calou.

Falou publicamente nos jornais e na televisão, envergonhado os políticos portugueses. Acusou-os de tudo. Que eram sexistas, que o regime era conservador, que o país estava dominado pela Igreja, que as mulheres eram todos os dias oprimidas e o diabo a quatro.

O processo delas, internacionalmente conhecido como o caso das três Marias, foi seguido de perto por todo o mundo. Às embaixadas e consulados portugueses de dezenas de países chegaram petições, abaixo-assinados e cartas contra a prisão delas. Chegaram também solicitações para assistir ao julgamento e pedidos de exemplares do livro proibido. Os estrangeiros, que nunca ouviram falar de Portugal, queriam ainda conhecer a situação política do país e ameaçavam fazer boicote aos produtos portugueses.

Em Paris, estreou uma peça de teatro com o título «Novas Cartas Portuguesas».

Dias antes da primeira audiência, as parisienses marcharam vestidas de negro e de archote na mão, cantando: «Ai daqueles que condenarem as três Marias».

França, Inglaterra, Itália, Brasil e Estados Unidos publicaram o livro e depressa concluíram que só um regime atrasado e ridículo poderia fazer tanto alarde à volta de uma obra que defende os direitos mais básicos.

Ao sentir que o caso estava a fugir do seu controlo, o regime português fez uma última tentativa para acabar com o barulho. A proposta do Ministério da Justiça era praticamente igual às outras e as três Marias voltaram a dizer não.

A primeira audiência aconteceu a 25 de outubro de 1973, mas foi de tal forma concorrida, que os juízes mandaram toda a gente sair e fecharam a porta.

Mais tarde, voltaram a abrir a sala de audiências, mas foram impostas tantas condições, que se tornou impossível conseguir conhecer todos os ângulos deste caso. Tudo o que o advogado das três Marias disse em tribunal foi censurado na imprensa, as datas das audiências não foram divulgadas a não ser no dia seguinte, para impedir o apoio das populações.

De obra maldita a obra de arte

Três Marias

Com a Revolução de Abril, o livro tornou-se num símbolo da luta pelos direitos das mulheres.

A leitura da sentença, marcada para 18 de abril de 1974, foi adiada para 7 de maio, mas, entretanto, chegou a Revolução dos Cravos. As três Marias regressaram ao tribunal da Boa-Hora. Desta vez, a sala de audiências parecia um salão de festas. Toda a gente apareceu, bateram palmas, gritaram e apregoaram em coro: «Mulheres unidas, jamais serão vencidas!» A absolvição das três Marias era agora uma certeza.

O livro não é imoral nem pornográfico, declarou o juiz Acácio Cardoso. É sim uma obra de arte e as suas autoras, outrora insultadas, são afinal escritoras cheias de talento e sensibilidade.

Assim que terminou a leitura da sentença, Maria Isabel, Maria de Fátima e Maria Teresa foram cercadas por muitas dezenas de mulheres. Umas agradeceram por nunca terem desistido, outras pediram para continuarem a luta e todas quiseram juntar-se a elas.

As três Marias estavam radiantes ao verem tantas mulheres com vontade de mudar mentalidades a tresandar a naftalina.

_ Teresa, está na hora… – cochichou Maria Isabel, acotovelando amiga.

Assim de repente, é difícil perceber o que queria ela dizer com aquilo, mas o desafio é nada mais do que o culminar de muitas conversas tidas antes entre as três. Estava na hora de aproveitar o momento para criar Movimento de Libertação das Mulheres (MLM), a primeira organização feminista em Portugal. Marcaram uma reunião, logo naquela noite, com muitas daquelas mulheres que apareceram no tribunal para apoiá-las.

O movimento, aliás, já estava em marcha, ganhou vida própria e atravessou fronteiras. No dia seguinte ao fim do julgamento, foi lançada uma segunda edição do livro que esgotou em pouco mais de uma semana. Espanha, Alemanha, Holanda, Bélgica e Japão editaram traduções do livro e tanto a França como a Inglaterra fizeram novas edições.

Todos os dias, as três Marias recebiam cartas e telefonemas, mas já não eram a enxovalhá-las.

Eram sim admiradoras a dar os parabéns, a dizer que se sentiam inspiradas por elas e que estavam cheias de vontade de sair à rua e gritar pelos mesmos direitos dos homens.

A televisão e os jornais estiveram sempre à volta delas, tal como a imprensa estrangeira. Estavam todos muito curiosos sobre o que pretendiam fazer com a fama. A luta das três Marias estava só no princípio.

FICHAS BIOGRÁFICAS

Nome completo: Maria Teresa de Mascarenhas Horta Barros

Nasceu em: Lisboa, a 20 de maio de 1937

Percurso profissional: começou a escrever poesia em 1960 com o livro «Espelho Inicial», mas, apesar das muitas obras poéticas publicadas, nem só de poemas é feito o seu trajeto. É também jornalista, trabalhou no jornal «A Capital» e colaborou em muitos outros jornais e revistas como o «Diário de Lisboa», o «Diário de Notícias», «O Século», «Hidra 1», entre outros. Foi ainda chefe de redação da revista «Mulheres».

Com apenas 18 anos, foi diretora do ABC Cineclube de Lisboa, no final da década de 1950. É a primeira mulher a assumir um cargo de topo numa altura em que ser chefe do quer que fosse era um atrevimento sem tamanho. Não foi de estranhar, como tal, que certa vez ouvisse do diretor do Secretariado Nacional de Informação, órgão criado pelo Estado Novo: «Pobre país este, onde até as mulheres já são diretoras de cineclubes», recordou ela em 2014, durante a cerimónia de inauguração do Cinema Ideal, em Lisboa. Mal desconfiava ele, que Teresa Horta, juntamente com Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, seriam, anos mais tarde, uma pedra bem maior no sapato do regime. Logo após a revolução, fundaram juntas o Movimento de Libertação das Mulheres.

Além de poesia, escreveu ainda uma dezena de livros de ficção, entre as quais «A Educação Sentimental» (1975), «Ema» (1984), ou «O Destino» (1997). O seu romance «As Luzes de Leonor», publicado em 2011, venceu no ano seguinte o Prémio Literário D. Dinis, da Fundação da Casa de Mateus.

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Nome completo: Maria de Fátima de Bivar Velho da Costa

Nasceu em: Lisboa, a 26 de junho de 1938

Morreu em: Lisboa, 23 de maio de 2020

Percurso profissional: Fez tanta coisa que é difícil saber por onde começar. Deu aulas de Português e de Inglês no ensino secundário, foi a primeira mulher a presidir a Associação Portuguesa de Escritores, entre 1973 e 1978, dirigiu a revista literária «Loreto» de 1978 a 1988, foi ainda leitora de português no King´s College em Londres ou Adida Cultural em Cabo Verde entre 1988 e 1990. Desempenhou também funções na Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e meteu-se ainda no cinema, colaborando em argumentos cinematográficos para realizadores como João César Monteiro, Margarida Gil e Alberto Seixas Santos.

Apesar do percurso variado, destacou-se sobretudo na literatura. Se quisermos mesmo saber como tudo começou, será preciso recuar até a 1944, quando tinha seis anos e começou a escrever redações que depois eram lidas às outras raparigas do colégio de freiras onde estudou.

«O Lugar Comum» é o primeiro livro que publicou, em 1966, mas é com o romance «Maina Mendes» (1969), que se torna conhecida como uma das escritoras mais importantes e como uma autora que denuncia a opressão a que as mulheres estão sujeitas, criticando a falsa moralidade. Entre as muitas obras, destacam-se romances como «Casas Pardas» (1977) ou «Missa in Albis» (1988), bem como crónicas, contos e ainda textos para teatro, como é o caso de «Madame» (1999), em que junta duas personagens femininas de romances de grandes autores – Capitu (de «Dom Casmurro», de Machado de Assis) e Maria Eduarda (de «Os Maias», de Eça de Queirós), um sucesso de palco, que teve como protagonistas Eunice Muñoz e Eva Wilma

Foi galardoada, em 1997, com o Prémio Vergílio Ferreira, da Universidade de Évora, pelo conjunto da sua obra. Cinco anos mais tarde, recebeu o Prémio Camões e, em 2013, ao receber o Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores, anunciou que se iria afastar da escrita, por se sentir desgastada. A literatura, porém, sempre fez parte da sua vida.

Três Marias

Nome completo: Maria Isabel Barreno de Faria Martins

Nasceu em: Lisboa a 10 de julho de 1939

Morreu em: Lisboa a 3 de setembro de 2016

Percurso profissional: o que faz uma criança que aos seis anos fica doente e é obrigada a estar dias a fio na cama? Agarra-se aos livros para passar o tempo, pois claro. E logo descobre coisas incríveis na leitura, desatando a escrever poemas. Foi o início do percurso literário de Isabel Barreno, mas a poesia nunca saiu da gaveta. O romance seria um dos seus géneros literários preferidos, mas também não é por aqui que começa. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e os temas da sociologia chamaram primeiro a sua atenção. Em 1966, publicou a «A Adaptação do Trabalhador de Origem Rural ao Meio Industrial Urbano».

Em 1968 foi coautora do volume «A Condição da Mulher Portuguesa», dirigido por Urbano Tavares Rodrigues. Em 1979, publica «A Morte da Mãe», um estudo que mistura sociologia e filosofia para traçar a história da condição da mulher. «De noite as árvores são negras» (1968) é o seu primeiro romance. Logo depois, em 1970, escreve «Os Outros Legítimos Superiores» (Folhetim de Ficção Filosófica).

«O Senhor das Ilhas» (1994) é considerada uma das suas obras mais importantes e na qual conta a história de um antepassado seu que foi para o Sal, no arquipélago de Cabo Verde, para começar a exploração do sal num lugar que até então apenas servia de colónia penal. O livro de contos «Os Sensos Incomuns» recebeu o prémio Camilo Castelo Branco e o galardão do Pen Club. O seu romance «Crónica do Tempo» foi distinguido com prémio Fernando Namora.

Trabalhou ainda no Instituto Nacional de Investigação Industrial, onde foi colega de Maria Velho da Costa, foi também jornalista, tendo sido chefe de redação da edição portuguesa da revista «Marie Claire» e conselheira na área cultural da embaixada portuguesa em Paris, em 1997.

Descobre aqui, se ainda não leste, as 10 proibições de Salazar.

Imagens retiradas da Revista «Flama», 17 de maio de 1974. Disponívelaqui.

Fontes consultadas: Pontos de VistaProjeto Novas Cartas Portuguesas 40 Anos Depois | PúblicoHemeroteca Digital | Malomil |

Até onde vão os superpoderes no reino animal?

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Só mesmo os super-heróis têm os superpoderes que alguns extraordinários animais possuem para sobreviver em ambientes extremos. Viver eternamente, suportar pesos descomunais, derreter o corpo em água ou regenerar membros amputados parecem fantasias. Mas são bem reais e os cientistas estudam estas maravilhas da Natureza para aperfeiçoar tecnologias ou usar os seus segredos na medicina.

O ciclo da juventude do Turritopsis nutricula

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Onde vive? Águas tropicais.

Espécie: é uma das cerca de 4 mil espécies de medusas conhecidas, descoberta em 1843 pelo zoólogo francês René-Primevère Lesson. Tem apenas dois centímetros.

Superpoderes: o Turritopsis nutricula, quando ferido, regenera-se e volta ao estágio inicial do seu ciclo de vida, podendo, por isso, viver para sempre. O mesmo acontece ao atingir a fase adulta – os seus tecidos rejuvenescem, retrocedendo até â infância. Depois de milhões de anos de evolução, esta criatura marinha conquistou um poder de cura único na Natureza, morrendo apenas quando devorada por predadores como anémonas, tubarões, pinguins ou tartarugas.

Qual é o super-herói com o mesmo superpoder? O incrível Huk.

Carrega aqui para descobrir como.
Bruce Banner nunca morre, nem mesmo quando se transforma no incrível Hulk, personagem criada pela revista americana Marvel Comic. Sempre que morre, abre-se uma porta verde na sua consciência, permitindo-o atravessar para uma nova dimensão e regressar à vida.

A liquidez do pepino-do-mar

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Onde vive? Em todos os oceanos, principalmente em águas rasas, mas, por vezes, também a grandes profundidades. As 80 a 100 espécies de pepinos-do-mar verrucosos do género Holothuria são abundantes nos recifes de coral.

Espécie: são equinodermos – como as estrelas-do-mar e os ouriços-do-mar. Existem cerca de 1250 espécies conhecidas. Os fósseis mais antigos de pepinos-do-mar têm mais de 4 mil anos.

Superpoderes: altera o corpo do estado sólido para líquido, infiltrando-se por entre as fendas das rochas ou de orifícios dos corais. A capacidade para se liquefazer deve-se ao colagénio, um composto abundante que o pepino-do-mar controla através do sistema nervoso. Quando ameaçado, também consegue expulsar os seus órgãos internos. Ele derrama as suas viscosas entranhas para aprisionar o inimigo, podendo depois regenerar os órgãos muito rapidamente.

Qual é a personagem da BD com o mesmo superpoder? Homem-Hídrico (Hydro-man).

Clica aqui para descobrir as suas habilidades.
O Homem-Hídrico, um dos principais inimigos do Homem-Aranha, é capaz de se transformar numa substância aquosa para penetrar locais fechados como fechaduras ou ranhuras das portas e janelas. Ele assume o controlo de todas as suas células, podendo também fundir-se e manipular quantidades maiores de água, causando maremotos e tsunamis.

O diabólico escaravelho de ferro

Superpoderes

Onde vive? Oeste dos Estados Unidos.

Espécie: inseto Phloeodes diabolicus – como muitos membros da família, perdeu a capacidade de voar, mas fortaleceu o seu exoesqueleto.

Superpoderes: o escaravelho diabólico de ferro suporta cerca de 150 newtons de força, o equivalente a 39 mil vezes o peso do seu corpo. É qualquer coisa como um humano de 90 quilos suportar às costas 280 autocarros de dois andares. Nem mesmo um carro em cima dele o destruirá. O segredo da sua força está nas lâminas do abdómen, semelhantes a peças de puzzle, que se trancam ao ser atingido por forças gigantescas para evitar fraturas ou outro tipo de lesões. O seu exoesqueleto é, por isso, considerado o mais resistente do reino animal. Os cientistas estão convencidos de que, estudando a estrutura do seu exoesqueleto, poderão encontrar soluções para tornar as máquinas mais seguras e duráveis.

Qual é o super-herói com o mesmo superpoder? Super-Homem.

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Segundo a escala de força dos super-heróis do site marvel.fandom.com, o Super-Homem pode levantar toneladas virtualmente ilimitadas, tendo conseguido inclusive puxar todos os planetas do sistema solar. 

A criopreservação da Rã-da-floresta

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Onde vive? América do Norte, com populações mais numerosas no Alasca.

Espécie: Rana sylvatica, anfíbio de 51 a 70 milímetros de comprimento.

Superpoderes: no inverno, a rã-da-floresta congela mais de 60% do corpo, esperando pela primavera para despertar e recuperar as funções vitais. A hibernação pode durar até semanas com o coração parado e a respiração cutânea suspensa. Ela pode atravessar entre 10 e 15 ciclos de congelamento, sobrevivendo a temperaturas entre -9°C e -18°C. É graças à alta concentração de anticongelantes no sangue, como a glicose e a ureia, que a rã-da-floresta consegue baixar a temperatura do organismo e resistir ao frio extremo. O estudo do congelamento e descongelamento das suas células já foi de grande utilidade para a ciência médica, que usou os seus princípios na preservação de órgãos para transplante em pacientes humanos.

Qual é o super-herói com o mesmo superpoder? Homem de Gelo (Iceman).

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O Homem de Gelo, nome de código de Bobby Drake, transforma a humidade do ar em gelo, podendo construir rampas para deslizar, barreiras para travar o inimigo e até asas para voar. O super-herói mutante do universo Marvel cria ainda projéteis e espinhos de gelo, que usa para atingir os seus alvos. O seu corpo também congela totalmente, embora não perca a maleabilidade necessária para travar combates corpo-a-corpo. Ao voltar à forma humana, recupera de todos os ferimentos.

Crédito da imagem da rã: Brian Gratwicke, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons.

Jiboia-constritora, a caçadora das trevas

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Onde vive? Regiões tropicais da América do Norte, Central e do Sul e em algumas ilhas no Caribe.

Espécie: serpente, membro da família Boidae

Superpoderes: tem um sensor de calor que ajuda detetar os movimentos das presas durante a noite. A jiboia alimenta-se de ratos, lagartos ou aves que ataca na escuridão e sem fazer qualquer barulho. A técnica usada para matar é conhecida por constrição e implica envolver e sufucar a presa. A boca é dilatável e a dentição serrilhada nas mandíbulas. A digestão é lenta, podendo estender-se por semanas, período durante o qual fica letárgica.

Qual é o monstro de Hollywood com o mesmo superpoder? O Predador.

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O Predator, monstro alienígena do filme de ficção científica de John McTiernan, usa um sensor de calor infravermelho para encontrar e matar os soldados especiais comandados por Dutch Schaefer (Arnold Schwarzenegger). 

O bafo venenoso da Centopeia Dragão

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Onde vive? Laos e norte da Tailândia.

Espécie: Desmoxytes purpurosea – batizada de centopeia dragão rosa-choque ou mangkorn chomphoo em tailandês – é uma das 12 mil espécies de milípedes conhecidas.

Superpoderes: as suas glândulas produzem e lançam nuvens de cianeto de hidrogénio altamente venenosas para quem ousar atacá-las, deixando um perfume de amêndoas no ar, que é aliás típico do cheiro a cianeto.

Qual é a anti-heroína da BD com o mesmo superpoder?  Dra. Pamela Lillian – Poison Ivy (Hera Venenosa).

Clica aqui para descobrir a sua história.
A doutora Pamela Lillian é uma botânica e bioquímica com uma dupla vida em Gotham City. Quando assume a identidade de Poison Ivy, ela usa um traje adornado com folhas e trepadeiras, tornando-se numa das várias inimigas de Batman, tal como Catwoman e Harley Quinn. Possuindo um toque venenoso, ela recorre a toxinas vegetais e feromonas controladoras da mente para defender o Ambiente e as espécies ameaçadas das ações desastrosas dos humanos. Embora os seus objetivos sejam nobres, Poison Ivy não olha a meios para conseguir o que quer.

Crédito da imagem da centopeia: Chulabush Khatancharoen, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons.

O grito surdo do golfinho

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Onde vive? Oceanos e rios.

Espécie: animais cetáceos pertencentes às famílias Delphinidae e Platanistidae. Existem 37 espécies conhecidas de golfinhos de água salgada e água doce. A espécie mais comum é a Delphinus delphis.

Superpoderes: em ambientes aquáticos escuros, os golfinhos, tal como os morcegos, orientam-se através de sons de alta frequência. As ondas sonoras batem nas presas e nos obstáculos, regressando na forma de ecos que são descodificados pelo seu cérebro. Nos golfinhos, este poder, denominado de ecolocalização, é ainda mais aguçado do que nos morcegos. A razão deve-se ao facto de o som se propagar 4 a 5 vezes mais rápido dentro de água do que pelo ar.

Qual é o super-herói com o mesmo superpoder? Banshee (Sean Cassidy).

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Banshee é o super-herói mutante pertencente à geração dos X-Men, que possui um grito sónico capaz de causar vibrações e prejudicar o sistema auditivo dos humanos.

Os genes mágicos do axolote mexicano

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Onde vive? Lagos da Cidade do México.

Espécie: Ambystoma mexicanum é uma das cerca de 500 espécies de salamandras conhecidas.

Superpoderes: se durante uma batalha com um predador, perder uma pata, um órgão ou a cauda, o axolote mexicano consegue regenerar ossos, vasos sanguíneos e músculos, revitalizando os membros amputados ou cicatrizando feridas sem deixar marcas. As salamandras são muito famosas pelo seu poder de cura, mas esta espécie, em particular é a que vai mais longe, recuperando até a sua medula espinhal por inteiro, após sofrer uma lesão. O axolote está em perigo de extinção no seu habitat natural, levando os cientistas a preservá-lo em laboratório para, deste modo, tentar aplicar os seus superpoderes na medicina regenerativa. As investigações já permitiram descobrir que esta é a espécie com o maior genoma já identificado – dez vez maior do que o dos humanos. A sua proeza deve-se a grupo exclusivo de genes ativado em situações de stress que desencadeia o processo de regeneração.

Qual é o super-herói com o mesmo superpoder? Curt Connors, que assume a dupla identidade de Lizard (lagarto).

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Curt Connors é um geneticista que descobriu como manipular a capacidade regeneração dos lagartos. Esperando recuperar o braço direito amputado, ele testa a fórmula nele próprio, mas transforma-se inesperadamente num lagarto antropomórfico selvagem. Lizard é mais um poderoso inimigo do Homem-Aranha, que vive no subconsciente do cientista. O seu objetivo é substituir a população mundial por criaturas iguais a ele, mas Curt Connors tenta controlá-lo, procurando desesperadamente uma forma definitiva de se ver livre do seu alter-ego. 

Crédito da imagem do axolote: th1098, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons.

Rena.  A sobrevivente na escuridão gelada do Ártico

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Onde vive? Ocupa uma grande variedade de habitats que vão das zonas pantanosas à tundra ártica.

Espécie: mamífero da família dos cervídeos. Existem 53 espécie conhecidas.

Superpoderes: os olhos ficam azuis brilhantes no inverno para capturar mais luz durante o inverno do Ártico. A parte que muda de cor é o tapetum lucidum, uma camada reflexiva atrás da retina, que cães, gatos, vacas ou raposas também possuem. No caso das renas, o reflexo azul está associado a um aumento brutal da sensibilidade da retina, permitindo-lhe uma visão noturna ainda mais apurada para detetar predadores que se movem na escuridão. Na primavera, os olhos retomam a bela cor de castanho-dourado.

Qual é o super-herói com o mesmo superpoder? Peter Parker / Homem-Aranha.

Clica aqui para descobrir as suas habilidades.
O Homem-Aranha têm poderes incríveis que parecem inesgotáveis. Além da capacidade para antecipar ataques pelas costas, escalar prédios, lançar teias de aranha, levantar pesos descomunais ou resistir a elevadas radiações, o super-herói da Marvel desenvolveu também uma visão noturna apurada que lhe permite ver na total escuridão. 

Crédito da imagem do Homem-Aranha: CC BY-ND 2.0 

O fato térmico do hipopótamo

superpoderes

Onde vive? África subsariana.

Espécie: o hipopótamo-comum (Hippopotamus amphibius) ou hipopótamo-do-nilo é uma das duas únicas espécies não extintas da família Hippopotamidae – a outra é o hipopótamo-pigmeu (Choeropsis liberiensis ou Hexaprotodon liberiensis)

Superpoderes: produz um filtro solar que é também um refrigerante natural, permitindo-lhe suportar o sol escaldante de África. O fluído libertado pela pele é composto por um pigmento vermelho e outro laranja – o primeiro contém um antisséptico destruidor de germes e o segundo absorve os raios solares. A sua fórmula é muito mais eficaz do que os protetores fabricados pelos humanos, mas tem uma terrível desvantagem: cheira muito mal…

Qual é o super-herói com o mesmo superpoder? Homem-Tocha.

Clica aqui para descobrir a sua história.
Membro fundador do Quarteto Fantástico, Johnny Storm ganhou os seus poderes após a nave em que viajava ser bombardeada por raios cósmicos. Quando se transformar em Homem-Tocha, é capaz de envolver o corpo em chamas e controlar qualquer fogo próximo com o poder da mente.

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Mulheres brilhantes que ficaram na sombra

mulheres

Por ser malvisto, por ousarem entrar em domínios só de homens ou por estarem casadas com famosos, muitas mulheres deixaram para trás carreiras artísticas, literárias ou científicas. Mas já é hora delas saírem da sombra e começarem a brilhar.

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Maria Anna Mozart. Fechada em casa

Toda a gente sabe quem foi Wolfgang Amadeus Mozart, mas quantos conhecem a sua irmã mais velha? É natural que só poucos levantem o dedo. Se, no entanto, a deixassem continuar a carreira artística, ela teria sido tão revolucionária como o compositor austríaco do século 18. Maria Anna começou a ter lições de piano com o pai aos sete anos, deixando toda a gente boquiaberta com o seu talento.

O irmão, cinco anos mais novo, ganhou o gosto pela música ao vê-la tocar, chegando os dois a fazerem algumas digressões pela Europa. As biografias de Mozart estão repletas de memórias de infância em que ambos brincam de reis e rainhas, usando uma linguagem secreta para impedir que o seu reino fosse desvendado por adultos. As primeiras cartas de Wolfgang Amadeus endereçadas, anos mais tarde, à irmã estão ainda cheias de códigos que só os dois podiam decifrar.

🎶🎵Sempre foram unidos, não passando um sem o outro até Maria Anna completar 18 anos.

Esse foi o momento em que os pais decidiram já não ser apropriado uma rapariga casadoira prosseguir a carreira de artista. Ela ficou, por isso, em casa com a mãe em Salzburgo, enquanto Mozart e o pai continuaram as digressões, alcançando enorme popularidade na década de 1770. O irmão compôs várias peças musicais para a irmã tocar, entre as quais «Prelúdio e Fuga em Dó maior, K.394», enviando-lhe também com frequência as partituras dos seus concertos.

Maria Anna acabou por se casar com um rico magistrado, Johann zu Sonnenburg, em 1783, indo viver para a vila austríaca de Sankt Gilgen. Voltaria a Salzburgo duas décadas mais tarde e depois da morte do marido, começando, nessa altura, a trabalhar como professora de música.

Mulheres

Camile Claudel. A pedra no caminho

Camile não perdia uma oportunidade, quando criança, para escapulir de casa com o irmão Paul Claudel, em Villeneuve-sur-Fère, e correr para os campos. Regressava horas depois, maltrapilha e carregada de miniaturas de Napoleão, David, Golias e outras figuras moldadas no barro das montanhas que cercam a vila francesa. Ela já sabia que não escaparia ao ralhete da mãe, mas o pai, esse, ficava embevecido com as personagens que saiam da sua imaginação. Tinha talento a miúda! – pensou ele –, colocando-a na Académie Colarossi, uma das poucas escolas de arte que, nessa altura, aceitavam raparigas.

Assim que completou 17 anos, Camile foi estudar para Paris, mas a vida na capital era dispendiosa. Não conseguindo pagar os estudos e o alojamento, aceitou trabalhar no ateliê do escultor Auguste Rodin, que embora não fosse ainda muito conhecido do público, já era respeitado entre os colegas.

🔨Camile depressa se tornou na preferida do artista, que caiu de amores por ela.

Foi a sua perdição. Rodin era casado e a relação deles foi sempre clandestina, tornando-se ela alvo das más-línguas da sociedade parisiense. Camile acabaria por se afastar do escultor, mas nunca se livrou da fama com muita gente a acusá-la de copiar o trabalho do mestre.

Acusações tremendamente injustas, pois ela tinha uma técnica própria inspirada na arte oriental e no realismo fantástico que deram beleza e movimento às suas obras. Os especialistas acreditam que a escultora nunca ganhou reconhecimento por ter ousado entrar num mundo de homens e por ter também feito frente a um dos maiores vultos da escultura na Europa.

Camile viveu os anos seguintes trancada no seu estúdio, muito atormentada por julgar que Rodin era o principal obstáculo a impedir o seu sucesso. A saúde mental foi-se deteriorando até o irmão a internar numa instituição. Ali ficou mais de três décadas, morrendo, em 1943, com 79 anos e no total esquecimento. Hoje é considerada umas das grandes artistas de todos os tempos. Não há muitos anos, o seu legado foi reconhecido com o Museu Camille Claudel, inaugurado, em 2017, na cidade de Nogent-sur-Seine, a poucos quilómetros de Paris.

Mulheres

Dina Dreyfuss. Camuflada na Amazónica

Durou pouco o casamento de Dina Dreyfuss e Claude Lévi-Strauss – sete anos, entre 1932 e 1939. Ele partiu para Martinica, no Caribe, para escapar à ocupação nazi, em França. E ela juntou-se à Resistência, dando também aulas em Montpellier sob o nome falso de Denise Roche. Mas não foi só o matrimónio que acabou. Claude eliminou também praticamente todos os vestígios da ex-mulher nos trabalhos de campo que fizeram juntos com os índios do Mato Grosso, no Brasil. No clássico «Tristes Trópicos» – obra que se torna num marco da Antropologia –, Dina é mencionada uma única vez, mas só para lembrar o momento em que teve de abandonar a equipa por causa de uma infeção num olho.

É com este livro, publicado em 1955, que o antropólogo francês de origem belga se torna famoso, ao lançar ideias muito diferentes do pensamento da época. Lévi-Straus é dos primeiros autores da Europa «eurocêntrica» a defender que os indígenas da América do Sul não são «inferiores» ou «superiores» a outros povos e a contestar a divisão entre «civilizados» e «selvagens». Ninguém lhe retira o mérito, mas o que hoje muitos investigadores criticam é a tentativa de apagar a influência de Dina Dreyfuss no seu trabalho. Mais tarde, Claude publica, em 1994, o álbum «Saudades do Brasil», onde reúne 180 fotografias dessa expedição, sem uma única imagem da ex-companheira.

🙈🙉🙊Só em 2001 surgem fotos a provar que ela também participou na expedição.

Dina Dreyfus, depois da separação, voltou a ensinar Filosofia, introduzindo novas formas de ensino audiovisual na disciplina. A ela se deve, por exemplo, os primeiros programas escolares de radiotelevisão nesta disciplina, produzidos de 1964 e 1968. Mas, ainda antes de participar na expedição com o marido na Floresta Amazónica, já tinha sido professora na Universidade de São Paulo, criando com o poeta e historiador de arte Mário de Andrade, a primeira Sociedade para Etnografia e Folclore, no Brasil.

Mulheres

Mileva Marić. O génio atrás da porta

Mileva Marić e Albert Einstein conheceram-se no Instituto Politécnico de Zurique, uma das poucas universidades europeias que, nas últimas décadas do século 19, aceitava raparigas. Eram ambos excelentes alunos e fascinados pela Física, interesse que os levou a passar cada vez mais tempo um com o outro. Foi por essa altura que começaram a trabalhar juntos, mas após o casamento, em 1913, Mileva dedicou-se mais aos filhos, e principalmente a Hans Albert, que sofria de esquizofrenia. Com o passar dos anos, o casal foi-se afastando, acabando por se separar, em 1919, ano em que Einstein se muda definitivamente para Berlim e Mileva regressa a Zurique com os dois filhos.

Em nenhum dos trabalhos que Einstein publicou aparece o nome de Mileva como coautora .

Mas, existem dezenas cartas trocadas entre o casal que foram conservadas e que comprovam a sua importância nas teses científicas publicadas pelo marido. Em muitas passagens, ambos falam dos «nossos trabalhos», da «nossa teoria da relatividade», do «nosso ponto de vista» ou dos «nossos artigos».

A decisão de publicar os trabalhos apenas com o nome de Einstein terá sido, segundo os investigadores, tomada em conjunto. Radmila Milentijević, autora da biografia «Mileva Marić – A Vida com Albert Einstein», acredita ela queria ajudar marido a ganhar notoriedade para que lhe fosse mais fácil arranjar um emprego. Conscientes do preconceito contra as mulheres, ambos sabiam que uma publicação assinada em parceria com uma mulher seria facilmente menosprezada.

Mulheres

Lee Miller. De aprendiz a mestre

A carreira artística de Lee Miller começou em 1929, quando deixou Nova Iorque e foi trabalhar como aprendiz no estúdio de Man Ray – famoso surrealista americano, exilado em França. Lee ajudava-o não só pousando como modelo, mas também agarrando nas encomendas dele, permitindo-lhe ter mais tempo para pintura. Muitas das fotos dessa altura acabaram por ficar misturadas no ateliê e erradamente atribuídas ao mestre.

Lee Muller, contudo, não ficou muitos anos presa ao estúdio de Man Ray, acabando por construir uma carreira independente à custa da ousadia e da dedicação à fotografia.

📸Ela ficou para a História como a primeira mulher correspondente de guerra para a revista americana «Vogue».

Há centenas de fotos icónicas da sua autoria e que são registos raros da Segunda Guerra Mundial. A mais famosa é o autorretrato na banheira de Hitler, horas depois do Führer fugir de Munique. Podes ver a foto aqui.

Mulheres

Lejárraga. A mulher sem nome

María de la O Lejárraga foi muito mais do que uma romancista espanhola. Escreveu, no início do século 20, ensaios, peças de teatro ou traduções de grandes autores, mas o seu nome quase nunca apareceu na capa de um livro. Quem assinou as suas obras foi o marido Gregorio Martínez Sierra. O pacto entre ambos tinha como principal objetivo não arreliar a família dela, que desaprovava as suas aspirações literárias nem queria que ela abandonasse a carreira de professora.

«Viagens de uma Gota de Água» (contos infantis), «Como os Homens Sonham com as Mulheres», «Teatro de Exílio», «Tragédia de Vida e Outras Diversões» são algumas das obras dela assinadas pelo marido, que obtiveram um enorme sucesso na altura.

🖋Apesar de não reclamar a autoria dos livros, havia uma certa desconfiança entre o público de que seria ela a escrevê-los.

A sua marca era, por diversas vezes, demasiado visível para ignorar. Gregório chegou a fazer discursos feministas e publicar textos escritos pela mulher, que levantaram algumas suspeitas – é o caso do livro «Cartas às Mulheres de Espanha», em que defende a independência e a liberdade feminina.

Apesar de viver na sombra, Lejárraga nunca se furtou a uma boa batalha política, tornando-se ativista pelos direitos das mulheres e deputada socialista na Segunda República. A partir da década de 1950, após a morte do marido e exilada na Argentina, passa a assinar as suas próprias obras com o pseudónimo María Martínez Sierra para poder beneficiar dos direitos autorais, que, entretanto, foram reivindicados pela filha de Gregorio.

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🌞Pseudónimos. Elas com nomes deles.

Gentílicos. De quantas terras são os portugueses?

gentílicos

Um português é da sua cidade, mas também do bairro, da aldeia e da região onde vive ou nasceu. Está, por isso, lançada a confusão com os gentílicos – nomes que exprimem a naturalidade ou a proveniência e que são aos milhares. De onde somos e para onde vamos podem até ser dúvidas filosóficas difíceis de responder. Mas é das poucas certezas para quem tem orgulho na sua terra. Entra neste jogo e descobre como os gentílicos das cidades e vilas portuguesas são uma grande salgalhada de árabes, romanos, gregos e povos bárbaros.

Gentílicos

1 – Abrantes

Qual destas rimas é a correta?

        a) Na terra dos abrantinos não há lugar para cretinos.
b) Abrantolhos em Abrantes são muitos e vivem aos molhos.

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a) Quem é de Abrantes é um abrantino ou uma abrantina

2 – Alcácer do Sal

O matemático Pedro Nunes, nascido em Alcácer do Sal, em 1502, é um:

 a) alcacerense
 b) alcacerano
c) salciense

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As hipóteses a) e c) estão corretas.

3 – Alcochete

Qual destas frases é verdadeira?

a) Marisco e sopas são especialidades do restaurante O Alcochetano.
b) As Festas do Barrete Verde e das Salinas são a tradição mais popular entre os alcocheteiros.

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a) O restaurante O Alcochetano tem um menu variado de sopas e mariscos e o seu nome é uma homenagem aos moradores de Alcochete.

4 – Angra do Heroísmo

Qual das seguintes frases é falsa?

a) Quem visita a Ilha Terceira tem de passar pelo Teatro Angrense para conhecer a majestosa sala típica da ópera italiana.
b) Os agrenses são dos poucos portugueses a saber que Angra do Heroísmo já foi capital de Portugal por duas vezes.

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Nenhuma. O Teatro Angrense é visita obrigatória, em Angra do Heroísmo, cidade que foi já foi capital do país por duas vezes: na crise de sucessão de 1580 e, em 1830, durante as Guerras Liberais. Os seus habitantes são conhecidos como angrenses, mas também podem ser chamados de agrenses, embora não seja tão comum.

5 – Azambuja

Qual das seguintes frases é a correta?

a) Nem os azambujinos acreditam nos gambozinos.
b) 22 mil azambujenses vivem em sete freguesias da Azambuja.

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Ambas estão corretas. Um habitante da Azambuja é conhecido como azambujino, mas também como azambujense.
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra A
Águeda: aguedense | Aguiar da Beira: aguiarense | Alandroal: alandroalense |  Albergaria-a-Velha: albergariense |  Albufeira: albufeirense |   Alcoutim: alcoutenejo, alcoutinense, alcoutenense |  Alenquer: alenquerense ou alencarense |  Alfândega da Fé: alfandeguense |  Alijó: alijoense |  Aljezur: aljezurense |  Aljustrel: aljezurense |  Almada: almadense |  Almeida: almeidense |  Almeirim: almeirinense ou almeirense |  Almodôvar: almodovarense |  Alpiarça: alpiarcense |  Alter do Chão: alterense |  Alvaiázere: alvaiazerense |  Alvito: alvitense |  Amadora: amadorense |  Amarante: amarantino |  Amares: amarense |  Anadia: anadiense |  Ansião: ansianenseArcos de Valdevez: arcuense, arcoense, arquense |  Arganil: arganilense | Armamar: armamarense |  Arouca: arouquense, arouquês |  Arraiolos: arraiolense |  Arronches: arronchense |  Arruda dos Vinhos: arrudense |  Aveiro: aveirense |  Avis: avisense.

gentílicos

6 – Barcelos

Qual destas três expressões se aplica à cidade dos barcelenses?

a) Terra ribeirinha e plana.
b) Coração do Minho.
c) Princesa do Cávado.

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Todas. A primeira expressão está presente nos mais antigos documentos referentes à cidade. A segunda está, obviamente, relacionada com a sua localização na região minhota. A terceira, por fim, está ligada ao facto de o rio Cávado dividir a cidade ao meio.

7 – Beja

Um pacato morador de Beja é um:

a) Bejense
b) Pacense

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Ambas estão certas. Um bejense também é um pacense porque, durante o Império Romano, Pax Iulia foi o nome de Beja. Até ao século XX, alguns autores identificaram erradamente a cidade romana com Badajoz, em Espanha, daí os seus também terem o mesmo gentílico.

8 – Benavente

Qual destes três festivais acontece na cidade dos benaventanos?

a) Festival dos Rapazes.
b) Festival de Arroz Carolino.
c) Festival do Butelo e das Casulas.

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b) Festival de Arroz Carolino – o evento costuma acontecer no mês de maio, na freguesia se Samora Correia. É bastante conhecido entre os benaventanos, que também são chamados de benaventinos ou benaventenses.

9 – Braga

Além de bracarense, brácaro e braguês, qual é o outro nome pelo qual são conhecidos os habitantes de Braga?

a) Bracaraugustano.
b) Braguenses.

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a) Bracaraugustano. O gentílico deve-se ao facto de a cidade de Braga ter sido batizada de Bracara Augusta no Império Romano. Quem a fundou foi o imperador César Augusto por volta do ano 14 antes de Cristo. Com origem no Mesolítico, o território, porém, já existia como cidade antes de os romanos invadirem a Península Ibérica, sendo habitada pela tribo dos Brácaros. Chamavam-lhes brácaros por vestirem bracas, termo que deu origem à palavra bragas e que significava calções.
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra B
Baião:   baionense | Barrancos:  barranquense, barranquenho, arraiano | Barreiro:  barreirense | Batalha: batalhense | Belmonte: belmontense | Bombarral: bombarralense ou bombarrelense | Borba: borbense | Boticas: botiquense |Bragança: bragantino.

gentílico

10 – Cascais

Por quantos gentílicos são conhecidos os residentes de Cascais?

a) Dois.
b) Três
  c) Cinco.

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a) Dois – cascalense e cascalejo.

11 – Castelo Branco

Por que chamamos albicastrense a quem nasceu ou vive em Castelo Branco?

a) Por ser o nome do primeiro povo a fundar a cidade.
b)Porque é a junção de duas palavras do latim.

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b) Albicastrense é uma palavra formada pelos elementos latinos «albi» – branco – e «castrense», que deriva de «castrum» e significa castelo

12 – Chaves

Qual destes três gentílicos se aplica aos habitantes de Chaves?

a) Chelense.
b) Chorense.
c) Flaviense.

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c) Flaviense. O nome tem origem no imperador romano Titus Flavius Vespasiano, que fundou a cidade, no ano de 79 antes de Cristo. Daqui resulta o gentílico flaviense, mas também a primeira designação da cidade – Aquae Flavie. Já agora, os chelenses são os moradores de Chelas, bairro da freguesia de Marvila, em Lisboa, e Chorense foi uma freguesia de Terras de Bouro, extinta em 2013.

13 – Coimbra

Quantos gentílicos tem Coimbra?

a) Dois.
b) Quatro.
c) Três.

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c) Três: coimbrão, colimbriense e conimbricense. Sabias que Coimbra foi capital do reino durante os séculos 12 e 13?

14 – Cuba

Um habitante de Cuba, no distrito de Beja, é um cubano. A afirmação está:

a) Certa.
b) Errada.

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b) Errada. Um alentejano de Cuba é um cubense. Alguns investigadores acreditam que o nome se deve ao facto de, após conquistar a cidade aos árabes, as tropas de D. Sancho II encontraram uma grande quantidade de cubas para guardar o vinho. Outros historiadores estão mais convencidos de que a origem do topónimo é muito anterior à reconquista e deriva do árabe Coba, diminutivo de torre.

Descobre aqui os gentílicos dos outros municípios que começam com a letra C
Cabeceiras de Basto: cabeceirense | Cadaval: cadavalense | Caldas da Rainha: caldense |  Calheta (Açores): calhetense | Calheta (Madeira): calhetense | Câmara de Lobos: câmara-lobense | Caminha: caminhense | Campo Maior: campomaiorense | Cantanhede: cantanhedense ou cantanhadense | Carrazeda de Ansiães: carrazedense | Carregal do Sal: carregalense | Cartaxo: cartaxense ou cartaxeiro | Castanheira de Pêra: perense ou castanheirense | Castelo de Paiva: paivense, castelo-vidense, vidense, viticastrense. | Castelo de Vide: castelo-vidense | Castro Daire: castrense | Castro Marim: castro-marinense ou castromarinense | Castro Verde: castrense, castro-verdiano, castro-verdense | Celorico da Beira: celoricense | Celorico de Basto: celoricense ou celoriquense | Chamusca: chamusquense | Cinfães: cinfanense | Condeixa-a-Nova: condeixense | Constância: constanciense | Coruche: coruchense | Corvo: corvense ou corvino | Covilhã: covilhanense | Crato: cratense.

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15 – Entroncamento

Qual é o gentílico do Entroncamento?

a) Entroncado.
b) Entrecruzamentos.
c) Entroncamentense.

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c) Entroncamentense. O Entroncamento deve o seu nome ao facto de estar localizado no cruzamento de duas linhas ferroviárias – a Linha do Norte, que liga Lisboa ao Porto, e a Linha da Beira Baixa, que termina na Guarda. Foi graças ao comboio que a localidade se desenvolveu, começando por ser uma estação de comboio entre Torres Novas e Vila Nova da Barquinha, que, em 1945, se transformou em vila, acabando por ser elevada a cidade em junho de 1991.
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra E
Elvas: elvense | Espinho: espinhense | Esposende: esposendense | Estarreja: estarrejense | Estremoz: estremocense | Évora: eborense.

gentílicos

16 – Ferreira do Alentejo e Ferreira do Zêzere

O que distingue um habitante de Ferreira do Alentejo e outro de Ferreira do Zêzere.

a) Os cerca de 182 quilómetros que separam as duas vilas.
b) Muita coisa, mas quando viajamos para Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, encontramos os ferreirenses, e se formos para Ferreira do Zêzere, no distrito de Santarém, temos também os ferreirenses.

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As duas respostas estão certas. As duas vilas têm o mesmo gentílico, mas não é caso único: os habitantes da Figueira da Foz, no distrito de Coimbra, e de Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda, também partilham o mesmo nome – figueirense.
Descobre aqui os gentílicos dos outros municípios que começam com a letra F
Fafe: fafense |Faro: farense | Felgueiras: felgueirense |Figueiró dos Vinhos: figueiroense | Fornos de Algodres: algodrense | Freixo de Espada à Cinta: freixiense, freixenista, freixonista, freixonita, frexenista | Fronteira: fronteirense |Funchal: funchalense | Fundão: fundanense.

 gentílicos

16 – Guarda

Por que se chamam egitanienses aos habitantes da Guarda?

a) Porque era o antigo nome da sua cidade.
b) Porque é resultado de um erro histórico.

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b) Os naturais da Guarda são egitanienses, egitanenses ou egitanos, porque todas estas palavras derivam do antigo topónimo Egitânia, cidade fundada no século I antes de Cristo pelos romanos no território que corresponde hoje a Idanha-a-Velha, no distrito de Castelo Branco. Durante muito tempo, os historiadores julgaram que a Egitânia se situava na Guarda, mas mesmo descobrindo mais tarde a verdadeira localização, o gentílico egitaniense ficou enraizado.

17 Guimarães

Por que os habitantes de Guimarães são designados de vimaranenses?

a) porque era o nome do fundador da cidade.
b) porque era a designação para os povos que viviam nessas terras.

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a) A origem de Guimarães remonta a uma vila designada Vimaranes, nome de Lucídio Vimaranes, nobre do Condado Portugalense e dono desta terra. A palavra evoluiu depois para Guimarães por via do latim, mas os seus habitantes continuam a ser designados por vimaranenses.

18 – Grândola

Quais destas atividades económicas são ou foram importantes para os grandolenses?

a) Minas.
b) Cortiça.
c) Agricultura.

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a) e b) estão certas.  A indústria mineira do cobre teve início em 1863 no Canal Caveira e mais tarde no Lousal. Com o encerramento da mina, em 1988, foi criado o Museu Mineiro do Lousal. Vale a pena uma visita para conhecer as galerias, as escavações e os imponentes motores da central elétrica que abastecia a mina e toda a vila. A cortiça, por outro lado, continua a ser a principal atividade, com o fabrico e comercialização de rolhas, isolamentos, acessórios de moda ou artesanato.
Descobre aqui os gentílicos dos outros municípios que começam com a letra G
Gavião: gavionense |Góis: goiense |Golegã: goleganense |Gondomar: gondomarense | Gouveia: gouveiense.

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19 – Horta

 Porque é que se diz que os hortenses vivem no apeadeiro do Mundo?

a) Porque as vistas da cidade da Horta, na ilha açoriana do Faial, são de cortar a respiração.
b) Porque na marina da Horta passam embarcações de todo o mundo.

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b) A Horta tem montanhas, florestas, vulcões e praias belíssimas, mas o que distingue a cidade é a marina, onde muitas centenas de velejadores fazem escala nas suas viagens pelo Atlântico Norte. Com capacidade para 300 embarcações, é a segunda da Europa e a quarta do planeta. Atendendo à grande variedade de nacionalidades que acolhe todos os anos, ficou conhecida como apeadeiro do Mundo.

Como não há mais cidades a começar com H, segue para a:

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Descobre aqui os gentílicos das únicas duas cidades que começam com a letra I
  Idanha-a-Nova: idanhense |Ílhavo: ilhavense. 

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20 – Lamego

Um habitante de Lamego é um:

a) Lamecense
b) Lamegão

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a) A resposta correta é lamecense.

21 – Lisboa

Por que os lisboetas também são alfacinhas?

a) Porque na ocupação árabe havia plantações de alfaces em todas as colinas.
b) Porque usavam laçarotes espampanantes que provocavam o riso das povoações vizinhas.

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Ambas poderão estar corretas. Há duas justificações para o nome. A primeira versão está ligada à ocupação árabe, período em que haveria plantações de alfaces em todas as colinas. A segunda versão traduz uma provocação das populações vizinhas – não gostando de serem tratadas como saloios, passaram a chamar os lisboetas de alfacinhas. O motivo eram os laçarotes farfalhudos a fazer lembrar alfaces ao pescoço, que usavam nos passeios domingueiros às suas terras. Almeida Garrett foi quem, por fim, popularizou a alcunha na obra «Viagens da Minha Terra», onde surge a seguinte frase: «Pois ficareis alfacinhas para sempre, cuidando que todas as praças deste mundo são como a do Terreiro do Paço.»
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra L
Lagoa: lagoense |Lagoa [São Miguel, Açores]: lagoense |Lagos: lacobrigense | Lajes das Flores: lajense | Lajes do Pico: lajense | Leiria: leiriense | Loulé: louletano | Loures: lourense | Lourinhã: lourinhanense | Lousã: lousanense | Lousada: lousadense.

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22 – Mogadouro

Quais destes quatro pratos não faz parte da gastronomia típica dos mogadourenses?

a) Marrã.
b)
Bulho.
c)
Regueifa.
d)
Cascas ou Casulas.

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c) As regueifas são típicas da cidade de Aveiro. Todos os outros pratos são tradicionais de Mogadouro. Marrã é carne de porco assada na brasa, bulho é chouriço com ossos e cascas ou casulas são vagens de feijão secas cozidas com bulho.
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra M

Mação: maçaense | Macedo de Cavaleiros: macedensecavaleiros | Machico: machiquense | Madalena: madalense | Mafra: mafrense  | Maia: maiato |Mangualde: mangualdense | Manteigas: manteiguense | Marco de Canaveses: marcoense | Marinha Grande: marinhense | Marvão: marvanense | Matosinhos: matosinhense | Mealhada: mealhadense | Mêda: medense | Melgaço: melgacense | Mértola: mertolense | Mesão Frio: mesão-friense | Mira: mirense | Miranda do Corvo: mirandense | Miranda do Douro: mirandês | Mirandela: mirandelense | Moimenta da Beira: moimentense | Moita: moitense | Monção: monçanense | Monchique: monchiquense |Mondim de Basto: mondinense |  Monforte: montense | Montalegre: montalegrense |Montemor-o-Novo: montemorense | Montemor-o-Velho: montemorense | Montijo: montijense |Mora: morense |Mortágua: mortaguense | Moura: mourense |Mourão: mouranense |Murça: murcense | Murtosa: murtoense.

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23 – Nelas

O que torna o Carnaval dos nelenses diferentes de todos os outros:

a) A Segunda-feira das Velhas.
b) Carros alegóricos.
c) Despiques entre bairros rivais.

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a) e c) são as respostas corretas. Há mais de 300 anos que, na segunda-feira de Carnaval, os nelenses saem à rua com as mais excêntricas fantasias de velhotas, enchendo as ruas de barrigudas, pencudas e desdentadas. Os despiques entre Paço e Rossio, bairros rivais de Canas de Senhorim, também são o ponto alto com os foliões a cantar e puxar pela sua terra.
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra N
Nazaré: nazarense |Nisa: nisense | Nordeste: nordestense.

gentílicos

24 – Óbidos

Quem nasceu em Óbidos é um

a) obidense.
b) obidário

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A resposta certa é a).

25 – Oliveira

Quem são os oliveirenses em Portugal?

a) Não há oliveirenses em Portugal.
b) Todos nascidos ou a viver em Oliveira de Azeméis, Oliveira de Frades, Oliveira do Bairro e Oliveira do Hospital.

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b) é a resposta certa. Em Oliveira de Azeméis e em Oliveira do Bairro, no distrito de Aveiro, em Oliveira de Frades, no distrito de Viseu, e em Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, todos são oliveirenses.
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra O
Odemira: odemirense |Odivelas: odivelense |Oeiras: oeirense | Oleiros: oleirense |Olhão: olhanense| Ourém: oureense| Ourique: ouriquense | Ovar: ovarense.

gentílicos

26 – Pombal

Nascido em Lisboa, em 1699, o Marquês de Pombal era um lisboeta. Mas como viveu em Pombal, entre 1777 e 1782, era também:

a) Um pombo.
b) Um pombense.
c) Um pombalense.

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c)  pombalense é a resposta correta.

27 – Porto

Por que são os portuenses chamados de tripeiros?

a) Por que fazem das tripas coração pela sua terra.
b) Porque comem tripas, obviamente!
c) Porque deram a carne aos conquistadores de Ceuta e ficaram com as tripas.

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b) e c) estão certas. Na receita tradicional, as tripas à moda do Porto são de vitela e muito bem limpas com sal e limão. Uma lenda popular também atribui essa alcunha ao sacrifício dos operários portuenses, que só comiam tripas para abastecer de carne limpa os barcos que, nas margens do Douro, se preparavam para conquistar Ceuta em 1415.
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra P
Paços de Ferreira: pacense |Palmela: palmelense | Pampilhosa da Serra: pampilhosense | Paredes: paredense | Paredes de Coura: courense |Pedrógão Grande: pedroguense | Penacova: penacovense |Penafiel: penafidelense |Penalva do Castelo: penalvense | Penamacor: penamacorense |Penedono: penedense |Penela: penelense |Peniche: penicheiro |Peso da Régua: reguense | Pinhel: pinhelense | Ponta Delgada: ponta-delgadense | Ponta do Sol: ponta-solense | Ponte da Barca: barquense | Ponte de Lima: limiano | Ponte de Sor: ponte-sorense | Portalegre: portalegrense | Portel: portelense | Portimão: portimonense Porto de Mós: portomosense | Porto Moniz: porto-monizense | Porto Santo: porto-santense | Póvoa de Lanhoso: lanhosense | Póvoa de Varzim: poveiro | Povoação: povoacense |Proença-a-Nova: proencense.

gentílicos

28 – Redondo

Além do Castelo de Redondo, qual é o outro grande monumento que enche os redondenses de orgulho?

a) Menir de Santa Margarida. 
b) Convento de S. Paulo Eremita.

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b) O Convento de S. Paulo Eremita, dos séculos XV-XVIII, terá sido a casa-mãe dos Monges de Jesus Cristo da Pobre Vida. Os historiadores acreditam também que D. Sebastião ficou neste convento antes de partir para a expedição de Alcácer Quibir, em 1578.
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra R
Reguengos de Monsaraz: reguenguense, monsarense | Resende: resendense | Ribeira Brava: ribeira-bravense | Ribeira de Pena: ribeirapenense | Ribeira Grande: ribeiragrandense | Rio Maior: riomaiorense.

gentílicos

29 – Santarém

Por que os santarenos de Santarém também são conhecidos como escalabitanos?

a) Porque vivem na antiga cidade Scalabis, fundada pelo filho de Ulisses e Calipso.
b) Porque inventaram o famoso molho de escabeche.

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a) é a resposta certa. O nome escalabitano deriva da lenda greco-romana de Ábidis, filho de Calipso e de Ulisses de Ítaca. Fruto de uma relação casual, a criança é colocada num cesto e atirada ao Tejo, a mando do avô Gorgoris. Ábidis sobreviveu graças a uma loba que o alimentou até ser capturado por caçadores e levado para junto da mãe no reino de Lusitânia. Ábidis viria a tornar-se o rei dos lusitanos, criando a cidade esca-ábidis ou Scalabis, o primeiro nome da cidade de Santarém, cujos habitantes são conhecidos por escalabitanos.
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra S
Sabrosa: sabrosense |Sabugal: sabugalense |Salvaterra de Magos: salvaterrense |Santa Comba Dão: santacombense |Santa Cruz: santacruzense |Santa Cruz da Graciosa: graciosense |Santa Cruz das Flores: santa-cruzense | Santa Maria da Feira: feirense | Santa Marta de Penaguião: penaguiense |Santana: santanense |Santiago do Cacém: santiaguense |Santo Tirso: tirsense | São Brás de Alportel: alportelense |São João da Madeira: sanjoanense |São João da Pesqueira: pesqueirense |São Pedro do Sul: são-pedrense |São Roque do Pico: São Roquense |São Vicente: são-vicentense, são-vicentino |Sardoal: sardoalense |Sátão: satense | Seia: senense | Seixal: seixalense |Sernancelhe: sernancelhense | Serpa: serpense |Sertã: sertanense |Sesimbra: sesimbrense |Setúbal: setubalense, sadino |Sever do Vouga: severense |Silves: silvense |Sines: sineense |Sintra: sintrense |Sobral de Monte Agraço: sobralense | Soure: sourense | Sousel: souselense.

Gentílicos

30 – Tomar

Quem vive em Tomar é..

a) Um nabantino ou uma nabantina.
b) Tomarense.

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Ambas estão certas. Nabância foi durante muito tempo identificada como sendo a cidade romana onde fica Tomar. Mais tarde, os arqueólogos concluíram que a designação romana de Tomar era Sélio e que Nabância ficava mais a sul. Mas os tomarenses continuaram a ser chamados de nabantinos.

31 – Terras de Bouro

O que significa Terras de Bouro para os terrabourenses?

a) Estábulo.
b) Pocilga.
c) Cortiço.

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a) A resposta certa é estábulo. «Bouro» terá vindo do galaico-português borio, que significa estábulo, cortelho (curral) ou abegoaria (anexo para animais e alfaias agrícolas).
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra T
Tábua: tabuense |Tabuaço: tabuacense | Tarouca: tarouquense |Tavira: tavirense |Tondela: tondelense | Torre de Moncorvo: moncorvense |Torres Novas: torrejano |Torres Vedras: torrense | Trancoso: trancosense | Trofa: trofense.

gentílicos

32 – Vila Viçosa

Um ou uma habitante de Vila Viçosa é …

a) Um ou uma calipolense.
b) Vilaçosense.
c) Viçoso ou viçosa.

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a) A opção certa é a primeira. Calipolense tem origem na difusão da cultura da Grécia Antiga e vem de Kallipoliskallos (formoso) + polis (cidade), dando origem ao atual topónimo Vila Viçosa.

33 – Vila de Rei

Qual destas ilustres figuras é um ou uma vilarregense?

a) José Cardoso Pires.
b) Florbela Espanca. 
c) Nadir Afonso.

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A resposta certa é a). O escritor José Cardoso Pires nasceu em São João do Peso, no concelho de Vila de Rei, a 2 de outubro de 1925, e morreu com 73 anos, no Bairro de Campo Grande, em Lisboa.
Descobre aqui os gentílicos de outros municípios que começam com a letra V
Vagos: vaguense |Vale de Cambra: valecambrense | Valença: valenciano |Valongo: valonguense |Valpaços: valpacense |Velas: velense |Vendas Novas: vendasnovense |Viana do Alentejo: vianense |Viana do Castelo: vianense |Vidigueira: vidigueirense |Vieira do Minho: vieirense |Vila da Praia da Vitória: Praiense |Vila do Bispo: vila-bispense |Vila do Conde: vila-condense |Vila do Porto: Mariense |Vila Flor: vilaflorense |Vila Franca de Xira: vila-franquense |Vila Franca do Campo: vila-franquense |Vila Nova da Barquinha: barquinhense |Vila Nova de Cerveira: cerveirense |Vila Nova de Famalicão: famalicense |Vila Nova de Foz Côa: foz-coense |Vila Nova de Gaia: gaiense |Vila Nova de Paiva: paivense |Vila Nova de Poiares: poiarense |Vila Pouca de Aguiar: aguiarense |Vila Real: vila-realense |Vila Real de Santo António: vila-realense |Vila Velha de Ródão: rodense |Vila Verde: vilaverdense |Vimioso: vimiosense |Vinhais: vinhaense |Viseu: viseense |Vizela: vizelense |Vouzela: vouzelense.

 

👀 Aqui fica mais uma sugestão de leitura que é também um jogo cheio de curiosidades: Erros, mentiras e traições do português.

Por que é o pequeno-almoço importante para todo o mundo?

Pequeno-almoço

Na China, em França ou na Guatemala, o pequeno-almoço é tão importante como em Portugal, no Brasil, no Irão ou na Alemanha. A diferença é o que se põe na mesa em cada canto do globo. Pão com manteiga é o que menos se destaca neste festival gastronómico preparado com lentilhas, canja de arroz, frutas tropicais, rabanetes, pepinos ou muita malagueta e especiarias. A primeira refeição do dia é uma grande festa de sabores em todas as culturas, mas muito variada de país para país. Por isso, nada como acordar pela manhã com estes 12 pequenos-almoços que o Bicho Que Morde preparou especialmente para ti. 🤩

Mesa🥚1

Pequeno-almoço

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pequeno-almoço

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pequeno-almoço

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Pequenp-almoço

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Pequeno-almoço

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pequeno-almoço

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Mesa 🍌11

pequeno-almoço

Mesa ☕12

pequeno-almoço

 😋Se ainda tiveres barriga, há muitas outras delícias que podes ler aqui:
🍗Histórias salgadas preparadas na cozinha portuguesa.
🍬Doces histórias preparadas na cozinha portuguesa
🍎Quantas cores têm as frutas e os legumes?
💑Encontros felizes: juntos estes alimentos são imbatíveis.

Fontes consultadas: Happenings | The Culture Trip | Folha de São Paulo | Revista Macau | Wikipédia (1) | Wikipédia(2)  |Antigua Daily Photo | NDTV Food | France Bienvenue | MIC | The Daily Meal | Gluten Free Araound The World | Serious Eats | Coolerbecky | The New York Times | France Largeman Roth | Fatherly | Life In The USA | ABC News | MrBreakfast.com |

Quanta vida palpita à sombra de um sobreiro?

Sobreiro

Quem olha para o sobreiro solitário numa planície alentejana nem desconfia quantas vidas palpitam na sua sombra – insetos, passarada, javalis, veados, linces, fuinhas, lagartos, coelhos, raposas ou cegonhas-negras. Milhares de animais dependem dele, tal como inúmeras plantas – alecrim, rosmaninho, funcho, alfazema, urze ou variedades incomensuráveis de cogumelos. Há razões de sobra para o sobreiro ser a mais portuguesa de todas as árvores. A cortiça é só uma delas. Aventura-te nesta homenagem que o Bicho-que-Morde lhe presta para celebrar a chegada da primavera, já neste sábado, e o Dia Mundial da Árvore, neste domingo. Está visto que vai haver festa no fim de semana! 🥳

Que nos perdoem o castanheiro, a alfarrobeira, a faia ou a bétula. Todos nascidos e criados em terras portuguesas. Tal como as restantes 49 espécies nativas, que tanto orgulho nos dão. Mas o sobreiro tem estatuto especial. É a árvore nacional, protegida por lei desde 2011. Ninguém se atreva a encostar um dedo nele. Enquanto aqui viver, só será abatido se estiver prestes a morrer. E, mesmo assim, é preciso uma autorização por escrito.

É o mínimo que se exige perante uma das primeiras árvores a chegar a este canto do mundo. O sobreiro existe há mais de 60 milhões de anos, desde a formação da bacia do Mediterrâneo. Faz parte, portanto, da vegetação espontânea da Península Ibérica, cobrindo, antes dos humanos inventarem casas e agricultura, densas florestas partilhadas com outras espécies do género Quercus. O centro e o sul do país são os melhores lugares para ele, crescendo, desde o nível do mar até 500 metros de altitude, em busca do clima quente, húmido e temperado pela maresia do Atlântico.

A maior área florestal do mundo

Sobreiro

Portugal tem a maior área de sobreiros do planeta, mais de um milhão de hectares em montado de sobro.

Poucas árvores na Europa estão tão bem apetrechadas como o sobreiro para resistir ao calor. As raízes são fundas para beber nos lençóis freáticos a grande profundidade. As folhas estão revestidas por cutículas, impedindo desperdícios de água pela transpiração. E a casca é espessa e esponjosa, protegendo-a dos incêndios florestais.

Mas atenção, não somos os únicos privilegiados com a sua presença. O sul de França, a costa ocidental da Itália, a orla mediterrânea de Espanha, Marrocos, Argélia ou Tunísia também reúnem excelentes condições para lhe proporcionar felicidade e qualidade de vida. Mas é aqui que a esmagadora maioria da população prefere viver. Se juntarmos a azinheira e o sobreiro, Portugal possui a maior área do mundo (34%) com mais de um milhão de hectares em montado de sobro. É um terço da nossa área florestal, com quase 70% da espécie concentrada no Alentejo.

Deixemo-la, por isso, sossegada nas planícies do Sul e façamos tudo para a proteger de qualquer perigo. Ela, em troca, dá-nos tudo o que tem. A bolota serve de comida ao porco preto e no fabrico de óleos e farinhas culinárias sem glúten. As folhas são usadas na forragem para alimentar o gado e também como fertilizante natural. Os galhos e troncos das podas são convertidos em carvão vegetal. E das suas madeiras são extraídos ácidos naturais usados em cosméticos e produtos químicos. Falta ainda referir o óbvio – cortiça, obviamente! Quase metade da produção mundial acontece aqui (49%), com 100 mil toneladas extraídas todos os anos e a representarem praticamente 1% das exportações anuais do país.

Os proveitos do sobreiro

Sobreiro

Cortiça, pecuária, caça, mel, cogumelos ou turismo são algumas atividades dependentes dos montados.

O valor económico do sobreiro, no entanto, não está somente na extração da cortiça. Muitos outros rendimentos são gerados a partir dos montados de sobro. Pecuária, caça, mel, cogumelos ou turismo são outras atividades dependentes dos sobreiros, que também contribuem para cerca de 14 mil postos de trabalho diretos e indiretos, segundo as contas da WWF Portugal. O valor ambiental, esse então, é incalculável. E não é apenas pela captura de dióxido de carbono – tanta quanto as florestas da Europa Central (três toneladas por hectare). É toda a vida animal e vegetal que brota à volta do sobreiro. Comecemos por enumerar as 24 espécies de répteis e anfíbios (53% da população portuguesa), passemos rapidamente para as mais de 160 espécies de aves e ainda 37 espécies de mamíferos (60% dos mamíferos portugueses).

Descubram a seguir algumas espécies catalogadas no estudo «A Fauna dos Montados», de José Fernandes de Abreu e José Luís Coelho-Silva.

Sobreiro

🐗Os montados onde há cultivo de seara, pastagem temporária e forragem servem de habitat a bandos de diferentes pássaros como toutinegra-real, tentilhão-comum, calhandra, escrevedeira-de-garganta-preta, verdilhão, pintassilgo, cotovia-pequena, perdiz, codorniz, pombo-torcaz e rolas, estes dois últimos durante o outono e o inverno. E ainda muitos mamíferos como lebres, coelhos, doninhas, texugos, raposas e ginetas.

🐾Quando a agricultura está em pausa, há outros animais a tomarem conta da vegetação baixa e dispersa dos montados, entre os quais o toirão, o saca-rabos, o mangusto, a galinhola, o pombo-torcaz, o coelho ou a raposa.

🐌Os terrenos agrícolas abandonados, onde o matagal cresce selvagem, o melro, o rouxinol, a felosa-poliglota, o picanço-real, a carriça e o rouxinol-dos-matos são os primeiros pássaros a aparecer. E, logo depois, os mamíferos, como coelhos, ginetas, fuinhas, raposas, gatos-bravos, linces-ibéricos, javalis ou veados.

🦎Nos montados onde a vegetação cresce abundante e selvagem e sem produção agrícola, são as águia-de-asa-redonda, os saca-rabos (ou ratos-de-faraó), a salamandra, o sapo-parteiro-fossador e ainda os grous que, no inverno, utilizam o montado de azinho como zona de alimentação.

🦋Nos terrenos com searas e grandes clareiras, vive o tartaranhão-cinzento, o tartaralhão-azulado e o gruiforme em vias de extinção. A abetarda, a mais pesada das aves europeias, mas também uma das mais difíceis de observar, aparece em meados de fevereiro para acasalar nos montados da região de Castro Verde.

🐦Clareiras grandes e pequenas em montados sem cultivo são o pouso preferido do peneireiro-de-dorso-malhado, do peneireiro-de-dorso-liso, do falcão-abelheiro, do guincho-da-tainha ou da águia-imperial.

🐰Quando ao montado com clareiras se junta um matagal denso nas redondezas, ou quando as clareiras estão cobertas por vegetação alta, surge o açor, o veado, o gato-bravo, a fuinha ou o lince ibérico.

🦅Clareiras no meio de sobreiros, azinheiras e pinheiros é tudo o que a águia-calçada, a águia-imperial, o falcão-ógea, o milhafre-real ou o açor precisam para viverem felizes.

🦊Sempre que rios ou albufeiras atravessam os montados, é a vez do milhafre-preto, do pato de superfície, do galeirão, da cegonha-negra ou da lontra darem o ar da sua graça. O lagarto-d’água e tritão-de-ventre-laranja são também alguns repteis anfíbios a agitarem estas águas.

🐹

As florestas de sobro da Península Ibérica são também, segundo a Associação Portuguesa de Cortiça, um paraíso para outras espécies de aves como piscos, tordos ou ainda para cerca de 60 mil garças-reais que anualmente chegam do Norte da Europa para nidificar. A coruja-do-mato, ave de plumagem cinzenta ou castanho-ruivo, também aparece em montados de sobro e azinho, usando os buracos das velhas árvores para fazerem as suas casas.

Embora muito fugidiço, quem também pode comparecer na calada da noite é o rato-dos-pomares, ou leirão, classificado como quase ameaçado em todo o planeta. Apesar de apreciar muito as hortas, os pomares ou as zonas pedregosas de vegetação escassa, o roedor europeu tem especial predileção pelas florestas de sobreiros, assegura a revista National Geographic.

Ricas ervas, cogumelos apetitosos

Sobreiro

Nos montados de sobreiro e azinheira estão as melhores ervas aromáticas e cogumelos, boa parte ainda por explorar.

Onde há muitas espécies de animais é porque há também grande abundância de plantas. Os montados estão, por isso, longe das paisagens unicamente cobertas por searas. As variedades de ervas aromáticas e medicinais e de cogumelos são tantas, que ficaríamos o resto do dia a contá-las. Ainda bem que o Livro Verde dos Montados destaca as mais importantes. Das mais de uma centena de aromáticas que crescem nos montados, as da família das Labiadas, com cerca de 20 espécies, merecem especial atenção: a nêveda, o clinopódio, o alecrim, o rosmaninho, os orégãos ou os tomilhos. As que pertencem à família das Compostas, como a macela e as perpétuas, também são características das florestas de sobreiros.

Com propriedades medicinais, são mais de 200 espécies de plantas, pertencentes a dezenas de famílias botânicas, em que se destaca o funcho, o hipericão, a malva, a arruda, o fel-da-terra, a murta, a esteva, a aroeira, a urze, a alfazema, rosmaninho, a dedaleira e o medronheiro.

A variedade aumenta quando há linhas de água por perto, aparecendo outras espécies que se juntam à festa: o poejo, o mentrasto, a giesta das vassouras e a hortelã-da-ribeira. As ribeiras e os rios propiciam ainda alguns alimentos como os espargos silvestres, recolhidos pelas populações.

🍄🤍🍄💛🍄

Passemos agora aos fungos, que não são só uma delícia num arroz de míscaros ou numa frigideira com azeite e coentros. As mais de 800 espécies de cogumelos e trufas a brotar, sobretudo na primavera e no outono, são essenciais para a saúde dos montados. São eles que absorvem os nutrientes do solo, partilhando depois todas as boas energias com as raízes do sobreiro. Entre as centenas de espécies comestíveis, algumas dezenas têm um grande valor comercial, como o agárico, o orelha-de-judas, a laranjinha, o tortulho, vários tipos de boletus, os rapazinhos, a trompeta-da-morte, o coprino, o reishi, o pé-azul, a púcara, a repolga, o rabo-de-peru ou as túberas. Ufa!!!

As ameaças ao sobreiro

Sobreiro

Pecuária intensiva, desertificação, agricultura mecanizada ou erosão dos solos são alguns perigos que cercam o sobreiro.

Estão aqui motivos de sobra para cuidarmos bem do sobreiro. Não se pense que, por ser resistente ao calor do Mediterrâneo, sobrevive aos efeitos das alterações climáticas. Esta espécie, como todas, tem os seus limites, ficando muito fragilizada quando a exploração pecuária é intensa. A pastagem do gado em demasia retira ao solo a capacidade de reagir aos períodos de seca.

A saúde dos montados vê-se, aliás, pela quantidade e diversidade de ervas aromáticas. Elas são as vigilantes, indicando o estado de conservação dos ecossistemas dos montados. Apesar de bem-adaptadas ao clima mediterrânico, os especialistas alertam para o perigo de algumas delas estarem em declínio, como o calafito, que luta contra a erosão, a desertificação ou o uso de máquinas nos terrenos agrícolas.

A acrescentar a tudo isso estão os cerca de cinco mil hectares que, desde a década de 1990, desaparecem todos os anos, segundo os cálculos dos especialistas da Universidade de Lisboa. É que, apesar de protegido como árvore nacional, os sobreiros, quando morrem, não têm sido substituídos. Não é apenas o recorde mundial de área de montado que é preciso preservar. Isso é o que menos importa. Há muitas vidas em jogo que não podemos arriscar.

O Bicho-Que-Morde tem outros artigos para celebrar a riqueza das árvores. Vê lá qual queres ler já a seguir:

🌳 Quanto vale, afinal, uma árvore?
🌳A árvore da minha Terra
🌳 Por que é bom falar com as plantas?

Por que é preciso deixar o bacalhau em paz?

O bacalhau, que, ao longo de séculos, já nos deu tanto, está a precisar da nossa ajuda. Não podemos mais comê-lo de 1001 maneiras se quisermos que continue na mesa portuguesa. A moderação é, por isso, a melhor homenagem aos bacalhoeiros que viajaram ao fim do Mundo para trazê-lo até ao nosso prato.

Do Galo de Barcelos, ao Zé Povinho, do fado ao caldo verde, do pastel de nata ao azulejo, são muitos os símbolos nacionais que deixam os portugueses inchados de orgulho. Mas o bacalhau será sempre o primeiro. Foi por ele que os pescadores enfrentaram o medo e viajaram até às águas geladas da Terra Nova, no Mar do Norte, trazendo-o, na década de 1930, para o nosso prato. A partir daí, foi um fartote. Abusámos dele de 1001 maneiras, à Brás, à Gomes de Sá, à Zé do Pipo, à Minhota, ao Lagareiro ou simplesmente com grão, azeite e salsa picada…. Tão bom!

Mas agora chega. O bacalhau não aguenta mais. Está prestes a desaparecer.

Os estudos mais recentes alertam para o perigo de as reservas do mar de Barents, no norte da Noruega – do qual vem o bacalhau mais consumido em Portugal -, poderem cair até zero antes do final do século. A pesca desenfreada é um dos grandes responsáveis. As organizações ambientais dizem que este peixe tem sido retirado do mar antes sequer de conseguir reproduzir. Mas as alterações climáticas também estão a dificultar-lhe a vida. O aumento da temperatura das águas do mar está a interferir com a desova, limitando o nascimento e o desenvolvimento dos bebés bacalhaus, que, em condições ideais, chegariam a pesar 60 quilos e a atingir os dois metros.

O contributo português para salvar o bacalhau

Bacalhau
© Museu Marítimo do Ílhavo, arquivo Alan Villiers

  
Somos o país que mais pode lutar pela sobrevivência do bacalhau, reduzindo o seu consumo aos dias de festa.
 

O bacalhau que, ao longo de séculos já nos deu tanto, está a precisar da nossa ajuda. Ou pelo menos que o deixem sossegado nas águas do Atlântico Norte. Perguntam vocês, agora, o que é que um país pequeno como o nosso poderá fazer por ele? Se calhar, as grandes potências como a China, os Estados Unidos, a Noruega ou a Alemanha poderiam fazer muito mais do que nós. Que podem fazer muito, lá isso é verdade, começando desde logo por fiscalizar a pesca ilegal em todos os oceanos. Mas não se desvalorize o poder do povo português na luta pela sobrevivência do bacalhau.

É que, sendo Portugal habitado por pouco mais de 10 milhões, é aqui que, segundo as contas do Conselho Norueguês dos Produtos do Mar, se consome 20% de todo o bacalhau no mundo. Vale a pena recordar, já agora, que a Alemanha tem 83 milhões de habitantes, a China 1,3 mil milhões e os Estados Unidos 328 milhões. Há outros lugares, como o País Basco ou a Itália, que também gostam muito dele, mas ninguém supera o nosso apetite.

No total e, ao final do ano, comemos cerca de 50 mil toneladas de bacalhau seco, dos quais 70% vem da Noruega.

Está visto que, boa parte da solução terá de passar pelas nossas mãos (ou melhor, boca!). Estaremos nós condenados a viver para sempre sem o nosso rico bacalhau? Não é preciso chegar a tanto, mas convém mesmo passar de oitenta para oito. Que é o mesmo que dizer, de mais de uma vez por mês – como faz atualmente 62% da população – para uma vez por ano. Na ceia de Natal, por exemplo, para manter a tradição e matar a saudade do melhor sabor português. Se todos conseguissem fazer isso, os números desceriam dos tais 50 mil para quatro toneladas, que é a quantidade que levamos para casa durante a quadra natalícia. Seria uma grande contribuição para a preservação da biodiversidade marítima.

O mesmo deveriam fazer, aliás, mais povos virados para outras espécies. À conta da mania do sushi entre os japoneses, por exemplo, a população de atum-rabilho teve uma quebra de 96% no norte do Pacífico. Pequenas espécies de tubarão e raias estão, do mesmo modo, a sair em doses industriais das águas da África do Sul para o típico prato de fish and chips de ingleses e australianos.

Epopeia trágico-marítima no fim do Mundo

Bacalhau
© Museu Marítimo do Ílhavo, arquivo Alan Villiers

 
Foi nos Descobrimentos que os portugueses acharam por engano a Terra Nova do Bacalhau.
 

Temos de comer menos peixe de mar, no geral, e menos bacalhau, em particular. Mas apreciá-lo mais ainda como um luxo em dias de festa. Não será por isso que deixaremos cair um símbolo nacional. Nem poderíamos. Nada nem ninguém pode apagá-lo da nossa História. O início da pesca do bacalhau, entre os portugueses, é tão antigo quanto a epopeia dos Descobrimentos. Terá sido por mero engano que os navegadores, na viragem do século XV para XVI, se depararam com um novo Mundo. Buscavam a contracosta das Índias, quando acharam a Terra Nova dos Bacalhaus.

É isso que defendem os investigadores, embora a pesca organizada em campanhas e expedições só tenha começado a sério a partir dos anos de 1930. É nesse período que o bacalhau se torna num desígnio nacional com as capturas a subirem de 11%, em 1934, para os 70%, em 1960. Eram tempos de abundância nos oceanos, mas também de ausência de leis que hoje limitam a pesca com quotas internacionalmente estipuladas todos os anos.

Nessa época, os pescadores de norte a sul do país, mas principalmente de Vila do Conde, de Ílhavo, da Figueira da Foz, ou da Fuzeta, em Olhão, partiam em bacalhoeiros durante longas jornadas, subindo acima do círculo polar Ártico para pescar nas terras do fim do mundo. Eram vidas duras, as dos pescadores, chegavam a trabalhar 20 horas, a tremer de frio, enchendo os porões à pressa antes de as águas da Gronelândia congelarem. Muitos lançaram-se sozinhos em botes, deixando os navios para pescar à linha e perderem-se na neblina. Quem conta bem estas histórias é o escritor e dramaturgo Bernardo Santareno na coletânea de crónicas publicadas com o título «Nos Mares do Fim do Mundo». São grandes epopeias trágico-marítimas carregadas de superstições, motins, desespero e fadiga.

A terceira oportunidade da Natureza

Bacalhau
© Museu Marítimo do Ílhavo, arquivo Alan Villiers

 
O bacalhau esteve em declínio na década de 1970, recuperando após 30 anos de limitações à sua pesca.
 

Esse é o pedaço da História que o bacalhau nos deixou como legado. Por mais que seja urgente afastá-lo agora do nosso prato, não dá para largá-lo nas águas do esquecimento. Seria até uma ofensa à memória dos bacalhoeiros. Mas deixemo-lo em paz. Pode ser que ele regresse em força daqui a uns anos. Não seria a primeira vez. As populações de bacalhau do Mar do Norte começaram a entrar em declínio entre 1970 e 2006. Nessa altura, foi preciso um ambicioso programa internacional para recuperar a espécie para níveis sustentáveis.

A pesca foi proibida ou bastante limitada em certas alturas do ano e, ao fim de três décadas, eles quadruplicaram o número. Só que o seu consumo disparou logo a seguir, com os peixes a ficarem outra vez em perigo a partir de 2017. Já sabemos, pela experiência do passado, o que é preciso fazer. A Natureza tem essa capacidade espantosa de se regenerar se lhe for dada uma oportunidade. Há, por isso, esperança de que o bacalhau regresse à mesa portuguesa. Mas sempre com moderação, não se esqueçam, para a História não se repetir.

 🤩A propósito de grandes epopeias, sabias que as Mulheres também fizeram os Descobrimentos?

 

Encontros felizes: juntos estes alimentos são imbatíveis!

Ai o amor… O amor não faz só bem às pessoas, mas também aos alimentos, sabiam? Quando emparelhados com o parceiro certo, têm tudo para resultar. Um completa o outro, reforçando o valor nutricional de ambos, anulando os perigos e aumentando os benefícios para a saúde. O que mais se pode pedir? O Bicho-que-Morde colecionou estudos e recomendações de nutricionistas para proporcionar encontros felizes entre dois alimentos (e ocasionalmente mais um).

Há alimentis bem combinados para todos os momentos do dia, mas vamos começar pelos pratos principais e pelo toque de magia que as ervas e especiarias oferecem às refeições. Pequenos-almoços, lanches e snacks são igualmente importantes e, por isso, também há um capítulo especial para eles. Rematamos com saladas de vegetais, frutas, legumes, arroz e leguminosas para o menu ficar completo.

Mas, porque no amor e na alimentação acertar à primeira é uma sorte, há um capítulo final com 12 combinações desastrosas de alimentos a evitar.

Uma bela amizade para toda a vida

Se uns são ricos em vitaminas, minerais e proteínas, outros são bons a transportar essas boas energias para todo o organismo. Ambos precisam, por isso, de boas parcerias para chegarem longe. Estes são alguns dos melhores duetos que podem acontecer no nosso prato.

PEIXES E AVES com…

Brócolos & sardinha (atum e salmão também servem) – Os ácidos gordos (ómega-3) do salmão, atum, sardinha ou frutos secos e os brócolos estão no topo dos alimentos que mais benefícios trazem para as células do cérebro. Sozinhos são ótimos, mas juntos fazem maravilhas pela memória, capacidade de concentração ou de aprendizagem.

Salmão & espinafres – A dica é da nutricionista americana Joy Dubost, que propõe juntar ambos no mesmo prato para permitir aos espinafres facilitar mais rapidamente a absorção do cálcio e da vitamina D, presentes no salmão.

🍗🥔

Frango & batata doce – A batata doce tem vitamina A em fartura que só é plenamente absorvida pelo organismo se tiver a ajuda do zinco para metabolizar e transportá-la pelo corpo. E esse é o contributo do frango para esta combinação resultar.

Carapau & alho – Juntar carapau (ou outros peixes ricos em ômega 3) e alho ajuda a reduzir os níveis do mau colesterol e a evitar os riscos de doenças cardíacas.

Atum & sumo de morango – O ácido elágico de um sumo de morango aumenta a capacidade de o corpo reter o ômega 3 do peixe, ajudando a reduzir o mau colesterol.

Salmão + salada de alface c/ agrião, brócolos e nozes – Uma salada de vitaminas A (agrião), D (salmão), E (brócolos) e K (alface) apenas produz o melhor resultado se existirem lípidos pelo meio. Essa é a função das nozes e da gordura do salmão.

ESPECIARIAS, ERVAS E CONDIMENTOS com…

Alecrim & carne vermelha – O ácido rosmarínico, os antioxidantes e o ácido carnósico do alecrim diminuem a quantidade dos agentes carcinogénicos da carne vermelha, sugere um estudo da Universidade de Arkansas, nos Estados Unidos. O segredo está em marinar a carne com esta erva antes de atirá-la para a grelha.

Açafrão e pimenta preta – O açafrão tem poderosas propriedades anti-inflamatórias, mas não é fácil o organismo absorver este nutriente. Bastam umas pitadas de pimenta preta durante os cozinhados e a absorção acontece como que por magia.

Pimenta preta & batata doce – Batatas doces, laranjas, folhas verdes, cenouras ou abóboras são ricas em betacaroteno, um pigmento carotenoide antioxidante que ajuda a reduzir o risco de certos tipos de cancro, entre os quais o da mama e o do cólon. A pimenta preta, por seu turno, facilita a absorção intestinal desse antioxidante. Gengibre ou pimenta caiena produzem o mesmo resultado.

Açafrão & salmão – Salmão tem DHA, um ácido gordo essencial do grupo Omega 3, e o açafrão é um potente antioxidante. Combinados, ajudam a diminuir o crescimento de certas células que provocam o cancro da mama.

🧅🥖

Curcuma & cebola amarela – A curcuma é uma ótima fonte de curcumina, considerado um aliado de peso no combate ao cancro. As cebolas amarelas contêm quercetina, o que também ajuda a inibir o crescimento das células cancerosas. Este trabalho em equipa ajuda a reduzir os pólipos pré-cancerosos de cólon.

Vinagre balsâmico & pasta – O ácido acético do vinagre diminui a velocidade com que o organismo absorve a glicose presente no amido das massas, ajudando a controlar a fome e a tentação de comer fora de horas. Adiciona 2 colheres de sopa de vinagre balsâmico num prato de massas ou de esparguete para estabilizar o açúcar no sangue.

Mostarda & brócolos (ou rabanetes) – Cozinhar os brócolos destrói a mirosinase (ou tioglucosidase), enzima que ajuda a converter o sulforafano, composto anticancerígeno, na sua forma ativa. Para evitar a degradação dessa enzima, os nutricionistas recomendam que se junte rabanetes crus, mostarda ou wasabi, que também contêm mirosinase.

Escolhe no menu o que queres comer a seguir:

Sinto-me perdido sem as tuas bagas!

Começar o dia combinando bem os alimentos só traz recompensas. Tanto pode ser um fortificante para as células do cérebro, como uma batalha ganha contra o mau colesterol ou células cancerígenas. E o que não faltam por aí são fórmulas perfeitas para fazer entre as principais refeições e tirar o melhor partido de vitaminas, fibras ou antioxidantes.

PEQUENOS ALMOÇOS, SNACKS E LANCHES

Cereais & bagas – Ao juntar bagas e frutos silvestres aos cereais integrais do pequeno almoço, o corpo consegue absorver seis vezes mais quantidade de ferro, além de providenciar energia suficiente para aguentar as primeiras horas da manhã, diz Joan Salge Blake, investigadora da Universidade de Boston, nos Estados Unidos. Substituir as bagas por sumo de laranja produz o mesmo resultado, diz a nutricionista.

Papas de aveia & sumo de laranja – Acompanhar uma tijela de papa de aveia integral com um sumo de laranja é uma das melhores formas de prevenir problemas cardíacos. Juntos esses dois alimentos estabilizam de uma forma mais eficaz o colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade, ou mau colesterol), concluiu o estudo conduzido no Laboratório de Pesquisa de Antioxidantes no Departamento de Agricultura dos EUA.

Framboesas & amoras – O ácido elágico, antioxidante encontrado nas framboesas ou morangos , aumenta a capacidade das quercetinas destes frutos vermelhos. Juntos são mais fortes para combater células cancerígenas.

Aveia e mirtilos – A aveia é uma fonte rica em fibra solúvel, que ajuda a diminuir o colesterol e a combater a formação de placas nas artérias, enquanto os mirtilos fornecem vitamina C. Cada um deles é um superalimento por si só, mas, quando se juntam, trabalham em sintonia perfeita, revela um estudo da Universidade de Tufts, nos Estados Unidos.

Ovos & queijo – A vitamina D das gemas do ovo facilita a entrada do cálcio do queijo no corpo, contribuindo para a saúde dos ossos e do coração.

Iogurte & cereais integrais – Os iogurtes têm probióticos (verificar o rótulo para ver se de facto contém essas bactérias) e os cereais integrais atuam como prebióticos, a fórmula de sucesso para o sistema digestivo funcionar sem problemas.

Maçã (com casca!) & chocolate preto – O segredo desta combinação está na casca da maçã, carregadinhas de quercetina – com propriedades anti-inflamatórias – e no cacau, rico em flavonoides. Os dois juntos são uma dupla imbatível de antioxidantes contra problemas cardiovasculares.

Pêra + maçã + meloa + uva + pêssego + ameixas + (escolhe as frutas seguintes) –  Uma peça de fruta ao meio da manhã e outra ao lanche faz sempre bem. Mas melhor ainda é misturar tudo numa salada variada de frutas frescas e comer entre três a quatro porções por dia. A investigação conduzida por Rui Hai Liu na Universidade de Cornell, Estados Unidos, testou a capacidade antioxidante de diversos frutos isolados e depois comparou os resultados com as mesmas frutas misturadas, concluindo que nenhum antioxidante sozinho consegue superar a combinação de fitoquímicos naturais em frutas e vegetais.

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Gelado & sol (com moderação!) – Para tirar todos os benefícios do cálcio, basta espreguiçar na varanda ou no jardim e aproveitar o sol enquanto se delicia com um gelado de iogurte. A vitamina C, dos lácteos, casa lindamente com a vitamina D dos raios solares.

Húmus & pão integral ou escuro – O húmus feito com sementes de sésamo e grão de bico barrado numa fatia de pão de trigo integral é um pacote completo de aminoácidos para formar uma proteína também ela muito completa.

Queijo cottage & mirtilos – É a combinação ideal que previne apetites descontrolados. Ao misturar um punhado de mirtilos com queijo cottage, obtém-se os benefícios das fibras da fruta e da caseína, proteína de libertação lenta que prolonga a saciedade até à próxima refeição.

Manteiga de amêndoa & banana – A fibra e a proteína na manteiga de amêndoa é suave, diminuindo a velocidade com que o corpo absorve a doçura da banana. O resultado vê-se nos níveis de glicose que permanecem mais estáveis.

Sementes de cânhamo & óleo de coco – O magnésio nas sementes ajuda a reconciliar-se com o sono, a fortalecer a densidade óssea e a prevenir a hipertensão. E a sua absorção é muito mais eficaz quando acompanhada dos triglicerídeos presentes no óleo de coco.

Banana & iogurte – É o melhor pacto para restaurar os músculos depois de um treino ou exercício físico, diz a nutricionista americana Monique Ryan. A ação dos carboidratos e de proteínas aumentam os níveis de insulina, permitindo aos músculos absorverem rapidamente os nutrientes como aminoácidos e glicose, essenciais para essa reparação.

SUMOS, BATIDOS, CHÁS E SMOTHIES

Cenoura & laranja – A cenoura reduz o impacto do açúcar no sangue provocado pelo sumo de laranja. A combinação entre estes dois alimentos, além de atrasar a absorção do açúcar pelo organismo, ajuda ainda a prolongar a saciedade.

Leite & gema de ovo – Por alguma razão as avós insistiam nessa mistura aparentemente despropositada. O segredo da gemada está na vitamina D do ovo que, por entre a corrente sanguínea, abre caminho ao cálcio que ingerimos com o leite.

Mirtilos (ou outras bagas) & espinafres – Um smoothie de mirtilos e espinafres é mais uma forma criativa de ajudar o organismo absorver o ferro de forma mais eficaz. O espinafre fornece o ferro em quantidades generosas, enquanto as bagas estimulam a vitamina C.

Amoras & tofu – A combinação é, à primeira vista, estranha, mas faz delícias ao paladar e bem à saúde. A vitamina D do tofu ajuda a absorver o cálcio das amoras. Não custa experimentar, misturados num batido ou comendo cubos de tofu com amoras inteiras.

Morangos & couve – O ferro da couve encontra na vitamina C dos morangos tudo o que precisa para se desinibir e mergulhar na corrente sanguínea.

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Melancia & abacate – Frutos vermelhos, como a melancia e o tomate, são fontes ricas em licopeno, um fitonutriente que ajuda a reduzir o risco de doenças cardíacas em homens e mulheres e ainda o risco de cancro da próstata em homens. O licopeno é, contudo, um composto solúvel em gordura, por isso mal absorvido quando consumido em refeições sem gordura. Combinando a melancia com o abacate, rico em gorduras, aumenta a absorção de licopeno até 15 vezes.

Pimenta caiena & cacau – Um cacau quente com uma pitada de pimenta caiena é um estímulo para o metabolismo e um conforto nas noites frias do inverno.

Escolhe no menu o que queres comer a seguir:

Sozinhos são bons, mas salteados são irresistíveis

Impedir que o corpo acumule gorduras, prevenir doenças cardíacas, hipertensão, fortalecer os ossos ou combater os sintomas da depressão. Estes são alguns dos poderes de uma boa salada de vegetais ou de frutas.

FRUTAS, SALADAS DE VEGETAIS E DE LEGUMES

Abacate & tomate (ou abacate e cenoura crua) – Um abacate fresco com um molho de tomates alaranjados aumenta a absorção de carotenoides provitamínicos A. E por que é isso importante? Ao trabalharem juntos, os dois alimentos convertem as suas boas propriedades numa forma ativa de vitamina A. Segundo uma investigação, conduzida na Universidade de Ohio, Estados Unidos, o mesmo efeito pode também ser obtido com abacate e cenouras cruas. Além de propriedades antioxidantes, a vitamina A é essencial na promoção do crescimento, contribui para uma pele saudável, tem ainda uma importante função imunológica e benefícios para a visão.

Tomate & azeite – Juntar tomate e azeite é como um escorrega ultrarrápido para o organismo absorver o licopeno, o antioxidante do tomate, que previne hipertensão, doenças cardíacas, asma, cataratas, arteriosclerose ou uma vasta variedade de cancros (próstata, mama, ovários, pulmão, cólon e pâncreas).

Couve de Bruxelas & azeite – Uma das muitas vitaminas que estas couves em miniatura concentram é a vitamina K, responsável por regular a coagulação do sangue e vigiar a saúde dos ossos. Só que esta vitamina precisa de gordura líquida para nadar com desenvoltura e chegar onde é preciso. O azeite, por isso, apresenta-se como o melhor parceiro nessa tarefa de ajudar o organismo a absorvê-la.

Couve & amêndoas – Tal como muitos vegetais de folhas escuras, a couve tem boas doses de luteína e zeaxantina, antioxidantes que, ao se depositarem na retina, reduzem os danos da luz solar, protegendo a vista contra cataratas e degeneração macular, causadoras da cegueira. Além da vitamina K, a couve é igualmente rica em vitamina E, essencial para fortalecer o sistema imunológico e proteger contra o cancro. Qualquer um desses antioxidantes e vitaminas é solúvel em gordura, necessitando, por isso, de bons parceiros para deslizarem pelo organismo. É o caso da amêndoa, cheia de gordura monoinsaturada. E também de outras gorduras como abacate e azeite.

Beterraba & ovos – Combinar alimentos com betaína e colina reduz os níveis sanguíneos de homocisteína, um aminoácido produzido no corpo que degrada a saúde cerebral à medida que se envelhece, aumentando também o risco de complicações cardíacas. A betaína está presente nas beterrabas, espinafres, soja, camarão ou em alguns tipos de grãos como trigo, quinoa ou aveia. A colina pode ser encontrada em alimentos como gemas de ovos, fígados de vaca, de frango ou de vitela.

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Salada de espinafres & pimentos amarelos – O espinafre contém ferro com fartura, mas apenas uma pequena quantidade consegue ser absorvida pela corrente sanguínea (entre 2% a 7%). Ao adicionar um alimento rico em vitamina C, aumenta-se dramaticamente a quantidade de ferro absorvido.

Abacate & espinafre – Não são apenas as cenouras que fazem bem à vista. Misturar abacate e espinafres na mesma refeição combate igualmente cataratas e cegueira. A gordura do abacate e a luteína dos espinafres são uma equipa imbatível para proteger a saúde dos olhos.

Abacates & batata doce – A batata doce tem muita vitamina A para dar, mas não vai com qualquer um. E o abacate, com as suas as gorduras monoinsaturadas, é dos poucos alimentos a que ela não resiste. Juntos, protegem a visão e promovem o crescimento celular.

Couve & manteiga de amêndoa – Poucos alimentos fornecem tantas vitaminas A e K como a couve, mas a sua absorção é muito mais acelerada através das gorduras monoinsaturadas da manteiga de amêndoa.

Nozes & folhas baby espinafre – Os benefícios da vitamina K, contida nas folhas baby, são largamente ampliadas pelos ácidos gordos das nozes, instigando a circulação sanguínea, crescimento celular e densificação dos ossos.

ARROZ E LEGUMINOSAS com…

Arroz & feijão – Arroz e feijão completam-se. Segundo as investigadoras da Centro de Pesquisas em Alimentos da Universidade de São Paulo, o arroz é rico em metionina – aminoácido com um poderoso antioxidante e uma fonte de enxofre – e o feijão, na quantidade certa, apresenta inúmeros benefícios, entre os quais, ajudar o sistema gastrointestinal a absorver mais cálcio dos alimentos e a favorecer o crescimento muscular. Combinados, têm ainda a vantagem de proporcionar a quantidade certa de todos os nove aminoácidos essenciais que o corpo precisa (justamente aqueles que o nosso organismo não consegue produzir: fenilalanina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, treonina, triptofano e valina). Para a combinação resultar em cheio, será preciso sempre equilibrar uma dose de feijão para duas de arroz. O recomendado é ingerir 0,8 gramas de proteína por cada quilo no nosso corpo. Uma colher de sopa de feijão tem 0,82 gramas de proteína, enquanto uma de arroz contém 0,63 gramas.

Feijão & rúcula – A rúcula, com a sua vitamina C, favorece a absorção do ferro contido no feijão.

Feijão preto & pimentão vermelho – O ferro do feijão preto será muito melhor absorvido pelo organismo, se acompanhado com pimentão vermelho ou outros alimentos ricos em vitamina C. O ferro contido nos vegetais não é facilmente absorvido, como acontece com o ferro que se encontra na carne, daí precisar sempre de um bom aliado para percorrer o caminho até ao aparelho digestivo.

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